- Vocês estão mesmo vivas! – exclamou Uriel, abraçando-nos ao mesmo tempo.
Eu estava muito feliz em reencontrá-la, mas a verdade é que a sucessão de acontecimentos intensos simultâneos não me fez pensar muito no que deixamos para trás em Hogwarts, e Uriel foi uma dessas coisas. Apesar de não conhecê-la por muito tempo ou muito bem, Uriel era o tipo de pessoa que fazia você se sentir confortável em sua presença, não forçava conversas desnecessárias e tediosas, o que me fazia gostar dela.
- Nós precisamos de um banho. – eu disse, tentando justificar algum possível odor que exalássemos.
- Eu concordo. – respondeu e sorrimos levemente.
Enquanto Noah tomava banho primeiro, atualizei Uriel sobre os últimos acontecimentos importantes.
- Ah, então foi assim. – disse, após compreender toda a história.
- É, sinto muito por não ter avisado você, Uriel.
Ela sorriu.
- Eleanor, você é surpreendente. – ela me encarou com sincera curiosidade, ainda sorrindo. – Tudo isso aconteceu na sua vida em menos de quatro dias e você se preocupa por não ter me avisado que partiria de Hogwarts?
Dei de ombros timidamente.
- Perdemos muita coisa? – perguntei.
- Sim, principalmente as teorias a seu respeito que os alunos criaram. A escola toda ficou em polvorosa depois da cena que Olga Albrook causou. – vendo meu rosto confuso, Uriel apressou-se em explicar. – Ah, eu sei o nome dela porque saiu na edição do Profeta Diário. É uma espécie de '' jornal bruxo'' se quer saber.
Acenei com a cabeça, concordando.
- Desde testes radioativos envolvendo crianças trouxas até assassinatos em série no mundo bruxo, esse foi o ponto que as teorias mais absurdas alcançaram. – disse Uriel e eu sorri com as hipóteses.
Noah saiu do banho e eu entrei. Diferente de mim, sei que para ela era difícil conversar abertamente com alguém que conhecia há tão pouco tempo, então fui o mais rápida que pude no banho e logo estava vestida, na sala comunal.
Uriel encarou meus pés.
- E os sapatos? – perguntou.
- Sou mesmo obrigada a usar?
- Se não quiser ser o centro das atenções, sim.
- Já somos o centro das atenções. – constatou Noah, vendo os olhares curiosos que alguns corvinos nos destinavam.
- Então farei o possível pra não chamar mais atenção. – disse, calçando relutantemente os sapatos e as meias pretos.
Andar calçada, após tantos anos sem sentir sapatos nos pés, seria um desafio, eu sabia. Assim que levantei, precisei concentrar toda minha atenção em manter o equilíbrio nos pés. Cair no Salão Principal era tudo que eu não queria.
Fiquei de frente a um espelho que havia na sala comunal e admirei minha imagem. Eu finalmente parecia um ser humano decente e as cores da farda pareciam cair muito bem em mim. Apesar disso, eu não gostava muito de ficar me encarando no espelho – isso me fazia lembrar das lutas intermináveis no banheiro feminino do orfanato para olhar a própria imagem durante, no máximo, cinco segundos.
- Você está ótima! Parece que a Corvinal é mesmo a casa certa pra você, veja como as cores caem bem! – elogiou Uriel, mas percebi um toque de tristeza na sua voz.
- Você está bem? – perguntei, aproximando-se dela. – Digo, com a Sonserina e tudo mais.
Ela balançou positivamente a cabeça.
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Uma Trouxa em Hogwarts
FanfictionA pequena e curiosa Eleanor acaba indo parar, acidentalmente, no Expresso Hogwarts, o tão famoso trem no mundo bruxo que conduz os novos alunos a sua nova Escola de Magia e Bruxaria. O que será que acontece com ela quando percebem que a carta de con...