Cão de Caça

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(Detetive Jaeger, do Instituto de Combate ao Crime).

- Mas e aí? Não rola nenhum biscoitinho?

O detetive recostou-se na poltrona da sala de interrogatório, questionando-se a sanidade mental do Blackwood à sua frente.

- Sr. Blackwood, entende as implicações do seu crime? – perguntou Jaeger, expirando a fumaça do cigarro pelo nariz.

- E quanto às rosquinhas? Vocês com certeza têm, não é? – sugeriu Joseph. – É pra levantar um pouco meu ânimo, sabe. Sempre vi aqueles filmes policiais com água na boca toda vez que paravam numa loja de donuts.

A agente, que permaneceu recostada na parede observando seu chefe em ação, revirou os olhos. Como poderia haver um homem tão cínico no mundo ela não sabia.

- Ah, pelo amor de Deus! – Jeanine se aproximou do suspeito ameaçadoramente.

- Jean, não. – interrompeu-a seu chefe, erguendo a mão.

- Mas senhor, ele...

- Arrume alguns donuts para o cavalheiro, por gentileza.

Jeanine mordeu o lábio interno, furiosa, mas não havia mais o que fazer além de atender o pedido de seu chefe. Antes que saísse da sala, Joseph a lançou um beijo e uma piscadela, enquanto sorria – o que somente a irritou mais ainda.

- Então, pretende falar agora o que queria com minha pessoa, Sr. Blackwood? – questionou o delegado.

- Bom... – Joseph pôs os cotovelos sobre a mesa. – acho que o senhor já sabe do que se trata.

Jaeger deteve o cigarro à caminho da boca. Umedeceu rapidamente os lábios antes de soltar um longo suspiro. Inclinou-se à frente para apagar o cigarro no cinzeiro e, logo, voltou a se recostar na poltrona.

- Eu suponho que tenha alguma informação valiosa. – inferiu o detetive, com maestria.

- É por isso que eu admiro você, detetive. É esperto como o diabo! – riu-se Joseph. – Sim, eu tenho uma informação que sei que é do seu interesse.

O detetive analisou bem o sujeito à sua frente – bastante curioso, parecia possuir uma genialidade que beirava a idiotice. Além disso, era muito cínico e utilizava-se recorrentemente de ironias, o que dificultava um pouco a compreensão sobre a veracidade do que dizia.

Apesar de tudo, parecia ser um homem de palavra.

- E então? – indagou Jaeger, acendendo outro cigarro.

- Mas o que é isso, detetive? – perguntou Joseph, dramaticamente. – Assim você destrói nossa amizade... não me oferece nem um cigarro?

- É menor de idade.

- É mesmo? Então acho que também sou muito jovem para derrubar uma das instituições mais antigas da história bruxa, não é? Você tem razão, detetive.

Joseph recostou-se na cadeira, um sorriso pretensioso se formando em seus lábios.

- Não espera que alguém como eu caia em chantagens, não é, Sr. Blackwood?

Ele voltou a se aproximar de Jaeger, pondo os braços sobre a mesa.

- Claro que não, detetive, está me entendendo mal.... – subitamente seu olhar tornou-se sombrio. – se soubesse o que eu, com dezesseis anos, já vivi, certamente não me negaria um cigarro.

O detetive suspirou e aproximou-se dele, enfiando-lhe um cigarro na boca e acendendo-o. Após uma longa tragada, Joseph soltou vagarosamente a fumaça pela boca, deliciando-se com a conquista.

Uma Trouxa em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora