Chapéu Seletor

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- Chegamos à Estação de Hogsmeade! – disse Uriel, esquecendo surpreendentemente rápido todo conflito até aquele momento.

Um monitor mal-humorado passou pela nossa cabine, apressando-nos a sair. Atravessamos de barco o Lago Negro que, segundo Uriel, era uma tradição dos primeiranistas para chegar no porto de Hogwarts. Noah agarrando minha mão com tanta força que precisei avisá-la que estava me machucando; ela sempre teve medo do escuro.

Uriel olhava, encantada, para o que sua família havia construído, parecendo estar perfeitamente habituada àquele ambiente – e de fato estava.

Os alunos mais antigos, iam em carruagens puxadas pelo que pareciam ser cavalos assustadores.

- Que cavalos mais assustadores, você não acha? – perguntei a Uriel que me encarou, atônita.

- Testrálios? Consegue ver Testrálios? – perguntou, com a boca semiaberta.

- Esses são os nomes deles?

- Não os encare! – disse, forçando-me a olhar para o rio.

- Mas qual o problema?

- Somente aqueles que chegam perto da morte podem vê-los. São criaturas místicas que sentem cheiro de sangue, mas de acordo com alguns livros, não fazem mal a humanos.

- Então por que não posso encará-los?

Engoli em seco. Uriel retraiu-se, dando de ombros.

- Só... é estranho. – disse, por fim.

Preferi não perguntar mais sobre as criaturas, mas, a contragosto de Uriel, sentia-me atraída a olhar para eles - no lugar dos olhos, um fascinante brilho branco flamejante. Também possuíam asas em suas costas fantasmagóricas.

Talvez a experiência no orfanato tenha sido bem cruel mesmo, a ponto de contar como uma experiência de quase morte.

Minha atenção foi quebrada quando chegamos no porto de Hogwarts e um monitor instrui-nos a desembarcar e segui-lo. Uma escadaria nos conduziu à frente de portas gigantes de madeira; na frente delas, uma senhora de aspecto respeitabilíssimo nos aguardava, com um sorriso pequeno nos lábios.

Ela parecia quase exatamente o estereótipo de bruxa que eu alimentava na minha imaginação – chapéu pontudo, longas vestes pretas. Quase porque, apesar das roupas, ela não parecia assustadora, e também não tinha um nariz gigante envergado com uma verruga em sua ponta.

- Bem-vindos a Hogwarts! Sou a Professora e Vice-Diretora Minerva McGonagall, sigam os monitores e escolham um lugar, em ordem. – orientou, sua voz permanecia gentil, apesar de estar claramente dando ordens.

Uma súbita lembrança do modo como a diretora Cleonice costumava dar ordens fez um arrepio percorrer minha espinha.

O Salão Principal era enorme e possuía várias velas acesas flutuantes. Noah e eu olhamos, maravilhadas, para aquele lugar mágico. Enquanto passávamos, olhares curiosos eram destinados a nós, novatos; senti-me uma verdadeira estudante em seu primeiro dia de aula.

À frente do Salão, estavam o que eu acreditava serem os professores e um vovô de longa barba e cabelos grisalhos.

- Quem é aquele vovô? – perguntei a Uriel que me encarou como se eu tivesse proferido alguma blasfêmia.

- Aquele é Alvo Dumbledore, o Diretor de Hogwarts. – disse, contraindo os lábios num claro repúdio delicado à minha ignorância.

Soltei um ''Ah'', envergonhada. Noah agarrou meu braço e praticamente afundou seu rosto nas minhas costas, cravando suas unhas no meu antebraço.

Uma Trouxa em HogwartsOnde histórias criam vida. Descubra agora