A pedra que Hagrid me deu era a única prova que eu tinha para convencer a mim mesma que o que vivi - mesmo que por um dia. - era real. Era a prova que Hogwarts era real. A prova de que não bati com a cabeça e fiquei inconsciente, sonhando com aquilo, ou tive alguma febre causada pelas condições inóspitas na qual vivíamos. Já faz três dias desde o nosso retorno ao '' lar''.
Contemplei a pedra, girando-a entre os meus dedos. Era linda - e, mais importante que isso, era minha atual fonte de força a continuar vivendo. A magia era real, então talvez ainda houvesse alguma esperança para Noah e eu no futuro - sobretudo ela, que já teve experiências incríveis com a magia que pulsa dentro de si.
- Eleanor, vem, temos que ir agora. - disse Noah baixinho e quase caí da cama, sobressaltada.
- O que foi? - perguntei, confusa.
Era comum à rotina de Noah não dormir às vezes. Ela simplesmente sentia-se agitada em demasiado; segundo ela mesma, um '' turbilhão de pensamentos'' invadia sua mente e a deixava ansiosa, então ela não conseguia dormir. Apesar de saber esse fato, eu sempre fazia a pergunta mais óbvia:
- Não consegue dormir?
Noah revirou os olhos, impaciente.
- Você sabe que às vezes sou assim. - assenti positivamente, observando, através do fraco brilho da lua, suas olheiras profundas.
Sua insônia havia piorado significativamente desde que voltamos de Hogwarts. Não era pra menos. A madame nos bateu tanto que até a diretora precisou intervir, cochichando nervosamente algo em seu ouvido. '' É só por isso que não me livro... '', disse madame Foster, furiosa, dando passos largos para fora do salão.
Por algum motivo, após a sessão de pancadaria, Noah não permitia mais que ela batesse em nenhum de nós - criando, através de sua magia, contratempos instantâneos, que exigiam da madame atenção total. Um incêndio num dos prédios do orfanato, uma visita importante - para isso, precisávamos não aparentar estar tão machucados - e coisas desse tipo. Só me pergunto porque Noah ainda permitiu que ela nos batesse uma vez após Hogwarts. Estava preocupada que minha melhor amiga estivesse desenvolvendo síndrome de Estocolmo ou alguma coisa do tipo.
- E você sabe que eu sempre pergunto. Estou preocupada com você, Noah. - disse.
- Preocupada comigo? Você ainda está com a marca no braço da cadeirada que levou da bruxa velha por tentar defender-me.
- Você também é uma bruxa, lembra? - perguntei, tentando urgentemente mudar de assunto.
Noah arqueou uma das sobrancelhas, entendendo meu claro interesse em tirar o foco de mim. Eu não queria que ela começasse mais um discurso sobre como eu era imprudente e impulsiva, principalmente no quesito '' defender Noah''. Eu só não queria que ela se machucasse, e se usar meu próprio corpo como escudo fosse funcionar, então que assim fosse.
- Além disso, - continuei. - podemos pensar num apelido mais pejorativo pra ela.
Noah ficou pensativa por alguns instantes, balançando-se para frente e para trás levemente, enquanto tamborilava os dedos no meu colchão.
- Que tal '' a velha satânica''? - sugeriu e entortei o nariz.
- Não, esse apelido já é de uma autora de livros que gosto muito.
- Você e sua obsessão por Agatha Christie. - disse Noah, revirando os olhos e sorrindo. - Que tipo de gente apelida a autora de velha satânica?
Sorrimos juntas. Não consegui pensar numa resposta boa o suficiente.
- Então, o que você quer? - perguntei e Noah demorou alguns segundos para voltar sua atenção pra mim.
- Ah, sim, bem... nós temos que achar nossos registros de nascimento!
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Uma Trouxa em Hogwarts
FanfictionA pequena e curiosa Eleanor acaba indo parar, acidentalmente, no Expresso Hogwarts, o tão famoso trem no mundo bruxo que conduz os novos alunos a sua nova Escola de Magia e Bruxaria. O que será que acontece com ela quando percebem que a carta de con...