Capítulo Cinco. 🌹

289 37 11
                                    

Robert caminhava rapidamente para a sala de reuniões do Castelo. Um soldado havia lhe entregado uma mensagem informando que chegara um pacote vindo de Ennord.

Ele estava nervoso, e cada passo que dava na direção da sala aumentava mais o seu nervosismo. Ele não sabia o que esperar. O que poderia ser? O que Rose poderia tê-los enviado? Não tinha ideia, mas sabia que, seja lá o que fosse, ele com certeza não gostaria.

Entrou na sala de reuniões, encontrando seu pai e alguns de seus homens de confiança, mas que Robert não confiava muito. Também não confiava em seu pai, mas lá estava ele, abrigado em um reino do qual era príncipe e herdeiro, mas que de nada sabia sobre. Também não sabia se queria realmente aquela vida. Não tinha certeza de mais nada.

– Pai. Milordes. – ele falou cordialmente e os homens apenas movimentaram a cabeça em um leve cumprimento. – O que houve?

– Sua Rainha nos mandou um presente. – seu pai comentou, indicando um grande caixote de madeira no centro da sala que estava fechado por enormes pregos.

– O que é? – Robert perguntou, cauteloso e agitado, temia o que poderia estar dentro daquele caixote.

– Ainda não sabemos, estávamos esperando por você. – seu pai comentou e se aproximou do caixote. Fez um leve sinal para um de seus guardas que, com a espada e muito esforço, conseguiu retirar os pregos que mantinham a caixa fechada.

Robert se aproximou vagarosamente, parando ao lado de seu pai. Os outros dois homens também se aproximaram cautelosos, ficando em volta do grande caixote.
Joseph curvou-se e levantou com força a tampa do caixote, e rapidamente a grande sala foi tomada por um cheiro tão insuportável de carne apodrecida que fez todos ali levarem suas mãos para cobrir os narizes.

Robert espantou-se com o que viu. Naquela caixa havia dezenas de cabeças. Cabeças humanas. Apodrecidas. Eram dos homens que foram mandados atacar o Castelo de Ennord. Robert conseguiu reconhecer, com muito esforço, alguns deles, já outros, estavam inchados e com a pele decomposta demais para poderem ser identificados. Ele estava acostumado a ver pessoas mortas e mutiladas, mas, de alguma forma, aquelas cabeças o trouxeram um sentimento diferente.

– Isso é uma mensagem. – Robert comentou, ainda encarando fixamente aquelas cabeças empilhadas. – Ela está nos mandando uma mensagem.

– Que mensagem? – Um dos lordes perguntou, com a mão ainda cobrindo o nariz, estava pálido e parecia extremamente enjoado. Robert achava que ele desmaiaria a qualquer momento.

– Ela está avisando que nós teremos o mesmo destino. – concluiu. Robert conhecia Rose o suficiente para saber aquilo. Sabia como ela agia, como ela conseguia ser cruel quando desejava. Tinha total certeza que ela própria havia ordenado que fossem enviadas àquelas cabeças, e que ela queria que ele fosse uma das pessoas a abrir aquela caixa de madeira.

– Então é isso, a guerra vai finalmente começar. – Joseph comentou, sem emoção alguma. Não parecia assustado ao ver aquela cena, nem em saber que Rose estava vindo.

– O que faremos, Majestade? – Um dos lordes perguntou.

– Nos preparamos, precisamos de aliados. – Joseph afastou-se da caixa e com um sinal, ordenou que seus guardas a tirassem de lá, que assim o fizeram, mas aquele cheiro terrível ainda pairava no cômodo. – Mandem um pedido aos reis de Lowe e de Seam, talvez eles estejam tão cansados daquela pirralha no trono quanto eu. Essa é a melhor chance que temos para nos juntarmos e derrotarmos Rose de uma vez por todas.

Robert não falou nada. Permaneceu ali, parado em silêncio, ouvindo seu pai e os lordes fazendo planos de guerra como se houvesse a menor possibilidade deles ganharem de Rose. Eles não a conheciam como Robert, Rose era extremamente inteligente e uma ótima estrategista militar. Ela pensava em todas as possibilidades de contra-atacar. Não importava qual fosse o movimento de ataque que Oris fizesse, Rose teria outro para atacar de volta. Um ataque cinco vezes pior. Foi assim que se tornou a Rainha mais temida e poderosa que qualquer um dos Quatro Reinos já viu. Foi assim que nunca perdera uma só batalha sequer. Ela agia, simples assim. Não hesitava e não sentia remorso algum depois de atacar. Para Rose não importava quantas pessoas morreriam, desde que ela conseguisse o que queria.

Mas Robert não comentou nada. Talvez ainda estivesse processando tudo que aconteceu nos últimos tempos, desde quando descobriu que era príncipe até aquele momento, onde seu pai planejava a melhor forma de derrotar sua melhor amiga. Será que ele ainda poderia considerá-la assim? Ele se questionava.

Ou talvez ele quisesse que o pior, de fato, acontecesse. Que Rose atacasse com seus vinte mil soldados e destruísse Oris. Acabando com tudo aquilo de vez. Ele estava cansado de tudo aquilo.

Pensar sobre a guerra que se aproximava trazia alguns questionamentos para Robert. Ele se perguntava o que aconteceria quando Rose chegasse, quando ficassem frente um ao outro. Ela o mataria? Ela mataria todos ali?

Robert achava que sim.

A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora