A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes Reis

Capítulo Quarenta e Um. 🌹

Abra os olhos, Rose...
Precisa levá-la para o Castelo...
Aguente firme...

Rose abriu seus olhos e a claridade os atingiu, estava deitada sobre a grama verde de uma floresta. Ela não sabia exatamente onde estava. Não reconhecia o lugar. Não parecia ser Ennord, disso sabia, mas onde seria?

Se levantou e olhou ao redor, embora parecesse uma floresta comum, havia uma energia diferente no lugar, Rose não conseguia identificar ou distinguir, mas a sentia em sua pele e ossos. Então caminhou, serpenteando por entre as árvores por vários minutos, na esperança de encontrar uma estrada ou alguma construção, não reconhecia aquela floresta e, principalmente, não sabia como havia chegado até lá, mas procuraria um meio de descobrir e um caminho de volta para casa. Também não havia sinais de quaisquer animais ali, o que era mais estranho, ela parecia ser o único ser vivo a perambular.

Forçou a mente para lembrar, sua memória parecia uma tela em branco. Aos poucos, pequenos vislumbres de cenas apareceram. Ela em seus aposentos, lendo relatórios e documentos. Então estava sobre Dark, cavalgando pela floresta. Depois, um grupo de homens armados, a estrada e o Thomas.

– Thomas! – exclamou, a percepção a atingindo como um raio. Virou sua cabeça para todas as direções, com a preocupação se intensificando a cada segundo. Houvera uma luta, disso também sabia, lembrava. Seu medo cresceu. Precisava encontrar o Thomas, rápido.

Escolheu uma direção e correu. Desviando de árvores e galhos, pulando sobre rochas, se emaranhando em arbustos em busca da estrada. Tinha a certeza de que se encontrasse a estrada encontraria Thomas, mas sua busca não tinha sentido. Ali não era Ennord.

– Oi, Rose. – Uma voz a fez parar de correr. Ofegante, ela virou o rosto para o lado direito, de onde a voz soou, e puro choque estampou sua face quando encontrou uma menina que antes, definitivamente, não estava lá.

De cabelos escuros, na altura dos ombros, de olhos grandes e dóceis. Suas roupas simples estavam limpas demais para alguém no meio de uma floresta.

Rose ficou imóvel e em silêncio por um minuto inteiro. Piscou os olhos uma dezena de vezes, incrédula. Suas pernas quase vacilaram.

– Lucy. – Rose sussurrou, sua voz custando a sair tanto pela corrida de momentos atrás quanto pelo espanto. Era ela, a garotinha que conheceu quando jovem. A única amiga que Rose teve enquanto crescia além de Robert. A menina que fora assassinada no meio do Pátio Principal, diante os olhos de quem quisesse ver, e que ninguém moveu um dedo para tentar salvar.

– Você está diferente. – Lucy disse, olhando Rose de cima a baixo.

– Eu cresci. – Rose ainda tentava se recuperar do choque de vê-la.

Aquilo era real?

– Sim, você cresceu.

Um som alto de água caindo ecoou, e a paisagem de mata que antes estava à sua frente se transformou em uma queda d’água num riacho. Em um piscar de olhos. Rose franziu o cenho atônita, naquele lugar era tudo bastante incomum.

Não deve ser real...

– Lembra de quando nos conhecemos? – Lucy perguntou. – Era um lugar parecido com esse. É bem bonito aqui, não acha?

Rose acenou positivamente.

– Sinto muito. – Rose se desculpou. Perdera as contas de quantas vezes desejou dizer tais palavras para Lucy. Agora tinha a chance de faze-lo. – Tudo o que você passou por minha causa...

– Eu sei que sente. – A voz de Lucy ainda era a mesma. Como se não tivesse passado um só dia desde quando Rose a conheceu.

– Mas sentir muito não é o suficiente. Nunca vai ser. Você, seus pais... Eles não puderam nem ao menos enterra-la. Vocês não mereciam nada disso. Você não merecia nada do que aconteceu, era só uma criança. Não fez nada de errado. O seu crime foi ter me conhecido.