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Hames apenas acenou minimamente e se calou por um tempo, até que Josett desse início a mais uma conversa. Ela o perguntou sobre sua vida, sua família e ele respondeu todas as questões na total sinceridade. Descobriu com essa conversa que Josett foi casada por longos dez anos, com um fazendeiro, mas não tinha filhos, aparentemente não conseguia engravidar. Isso, segundo Josett, foi um fator extremamente decisivo para o fim de seu casamento, pois o fazendeiro sempre dizia que precisava de um filho homem para o ajudar com a fazenda. E isso deixava Josett aflita e triste, principalmente pelo fato de que ela sempre sonhou em ser mãe. Aparentemente o problema era com ela, já que o fazendeiro havia se casado com outra mulher, e essa tinha lhe dado o tão desejado filho.

Josett também admitiu que não havia se casado com o fazendeiro por amor, assim como milhares de outras pessoas em todo o reino. Casamentos arranjados e de interesses mútuos eram bastante comum em todo lugar, na realidade, casar por amor que era raro de acontecer.

Hames não conhecia uma só pessoa que houvesse se casado com alguém por quem fosse apaixonado.

Hames perguntou para Josett por que ela não havia aceitado a proposta de sua irmã, de trabalhar no Castelo, quando se separou, mas ela respondeu que não tinha coragem o suficiente para viver e trabalhar em um lugar tão movimentado, e um tanto perigoso, quanto o Castelo. Seguir todas as regras dos nobres e fingir que não percebe os cochichos, olhares mal intencionados e segredos obscuros por todo o lugar.

Hames sabia que Josett tinha razão, e pensou, não disse em voz alta para não ser indelicado, que ela havia escolhido bem, em não ir com sua irmã para trabalhar no Castelo. Ela poderia ter sido uma das vítimas, ao lado de Jocelin.

Com certeza Josett pensava assim, era impossível não pensar nisso, mas em nenhum momento ela falou.

Hames terminou de tomar o seu chá, que estava deliciosamente aquecido, agradeceu mais uma vez à Josett e voltou para o quarto onde estava hospedado. Já deveria estar bem perto de amanhecer e a tempestade não estava dando sinais de trégua. O que o manteria ali por um longo tempo.

Thomas permanecia acordado, surpreendentemente, e quando viu o soldado passando pela porta, levantou-se rapidamente da cama. A de Hames era a mais próxima à janela, e a de Thomas, da porta.

Hames caminhou lentamente até a cama vazia e deitou-se. Sentia seu corpo pesado e cansado, e tudo o que mais queria agora era algumas horas de sono.

– Sairemos quando a tempestade cessar. – Hames murmurou para Thomas.

Thomas deixou cair os ombros, estava desapontado.

– Você vai me levar de volta para o Castelo? – ele perguntou, triste, temendo a resposta que viria a seguir.

– Não, nós vamos seguir a tropa até Oris. – Hames falou, com seus olhos fechados. – Você precisa entregar uma carta e eu preciso vingar algumas pessoas. Descanse o máximo que você puder, não pararemos de cavalgar até acompanhá-los. Rose e a tropa devem estar apenas poucos dias de distância da fronteira com Oris.

Hames não conseguiu ver a surpresa e o espanto no rosto de Thomas. Também não viu ele tentando se conter, enquanto dava pulos de felicidade por todo o quarto. Ele não sabia se o que estava fazendo era a melhor escolha, mas as palavras que Thomas lera na carta o impressionaram bastante.

Ele conhecia o Príncipe Daehan desde quando se tornou um soldado. Presenciou, de longe, o crescimento e amadurecimento do Príncipe, muitas vezes o acompanhando em alguma viagem ou missão dada por Rose. Não eram tão próximos, tanto pela diferença de idade quanto pelo fato de que Hames estava a maior parte do tempo seguindo ordens da Rainha, mas o Daehan era extremamente amigável com ele, assim como era com todos.

A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora