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Não mate o mensageiro. Era algo que as pessoas costumavam dizer, principalmente em épocas de intensos conflitos. Isso garantia alguns momentos a mais de vida para certas pessoas, pois, de alguma forma, essa frase havia se tornado algo como uma ética de guerra, uma regra não oficial e quase que sagrada para alguns. Os mensageiros, também conhecidos como emissários, deveriam sempre ser bem tratados, independente de seus aliados ou lados do conflito, e nunca, jamais, feridos.

– Certo. O que faremos agora, Majestade? – George perguntou e aproximou-se de Rose, que agora havia se levantado de sua cadeira.

– Mandem uma mensagem de volta à Oris, os soldados devem continuar atentos. Talvez haja outra tentativa de Joseph, e mais carruagens saiam do Castelo, e, talvez, seja o Robert ou o Joseph tentando fugir. – Rose ordenou. – Dessa vez foi um teste, mas se eles estavam dispostos a sacrificar seus homens para descobrir se estávamos os vigiando, então eles têm algum plano. Talvez uma fuga. Quero todos os lados daquele Castelo vigiado dia e noite. De longe, obviamente, não quero que haja um confronto antes do momento certo. Não os cerquem ou impeçam que outras pessoas entrem, mas as ordens para interceptar carruagens, cavaleiros e qualquer outra pessoa deixando a propriedade e a capital ainda deverão ser seguidas. Empregados, entregadores ou qualquer um que não seja nobre, soldado ou da família real deverão ser poupados, não há necessidade de matá-los, mas tudo e todos que saírem do Castelo, sem nenhuma exceção, deverão ser parados. As carruagens e carroças também deverão passar por inspeções rigorosas. Não quero correr o risco de ter o Joseph fugindo do Castelo escondido no meio de um carregamento de comida.

– Às suas ordens, Majestade. – George falou e, junto com o soldado, fez uma reverência e saiu da tenda.

Rose caminhou alguns poucos metros, até os papéis que havia colocado sobre sua cama e retornou trazendo um rolo de pergaminho. Era um mapa de Oris. Feito à mão, extremamente e minuciosamente detalhado, com todas as cidades, vilarejos, vielas, florestas, campos de plantio e até mesmo os portos de embarcações. Rose havia pedido para um pintor conhecido fazer aquele mapa. O homem era o mesmo pintor que fizera os quadros dela e de Daehan, presentes na sala do trono.

Fora um trabalho longo e cansativo, já que o pintor precisou visitar todos os lugares para poder pintá-los da forma mais fiel no mapa. Rose um tempo depois o pediu mais um mapa, dessa vez era de Seam, e também pretendia um dia fazer de Lowe, mas não era sua prioridade no momento.

Havia dezenas de mapas dos Quatro Reinos. Alguns antigos, da época do Rei Stefano, e outros mais atuais. O grande mapa que também estava pintado na sala do trono, fora seu pai, Rei Lucius, quem mandou fazer. Não houvera muitas mudanças de divisões de território desde o momento em que o mapa ficara pronto, mas Rose, quando tudo isso acabasse, solicitaria os serviços do pintor mais uma vez.

– Eu sei o que você está tentando fazer, Robert. – Rose falou, posicionando o mapa de Oris sobre a mesa. Como se estivesse frente a frente com aquele que considerou um amigo por longos quinze anos. – Você não se lembra? Desde quando éramos crianças, eu sempre fui a mais inteligente de nós dois.

Rose sabia que Joseph estava planejando alguma coisa. Mandar seu guarda pessoal em uma missão suicida como aquela só poderia significar que ele tinha esperanças de que, seja lá o que ele desejasse, fosse acontecer. Farrow dizia trazer uma mensagem e por mais que a “ética” de guerra resguardasse e garantisse que os mensageiros seriam bem tratados em qualquer lugar que chegassem, George estava certo, Farrow estava entrando em uma floresta cheia de lobos.

Rose pensava que o plano de Joseph, ou melhor, de Robert, era persuadi-los. Talvez tentasse encontrar uma forma de fazê-la desistir do ataque. Uma rendição ou uma proposta. De qualquer forma, não adiantaria, mas ainda assim queria saber do que se tratava a mensagem.

George voltou algum tempo depois, dizendo que um mensageiro fora mandado entregar as ordens para o General Hal.
Ambos estavam sentados nos exatos lugares em que se encontravam minutos atrás, porém dessa vez o foco deles estava em outra coisa.

– Você acha que eles tentarão fugir? – George perguntou pensativo, encarando o mapa de Oris. – Eles agora sabem que estamos os vigiando, e sabem que se tentarem fugir, serão interceptados. Não entendo o motivo de terem feito isso... Sim, talvez eles desejassem saber se de fato estávamos os vigiando, e agora sabem, mas e se não estivéssemos? Eles fugiriam? Não havia ninguém importante naquelas carruagens... Desde o início havia a probabilidade de estarmos os vigiando, e eles sabiam dos riscos daquele plano. Nós fechamos as fronteiras assim que a guerra foi declarada. Se o Robert e o Joseph estivessem em uma daquelas carruagens, por mais que tivessem êxito em deixar a Capital, não conseguiriam sair o reino. Sacrificar os soldados para ter a certeza de que estávamos os cercando não me pareceu inteligente, eles sabem agora o que já sabiam desde o início: não vão conseguir escapar. Esse plano idiota apenas os fez perder soldados.

Rose ficou em silêncio por alguns segundos.

– Você tem razão, eles não vão conseguir fugir, mas se com esse plano eles tivessem descoberto que a Capital não estava sendo vigiada, eles definitivamente fugiriam. Claro, as fronteiras estão fechadas, mas se eles conseguissem chegar até o litoral, poderiam embarcar ilegalmente em algum navio ou barco menor, quando a situação toda se acalmasse.

– Você acha que alguém o ajudaria a fugir? – George questionou.

– Você não acha? – Rose ergueu uma sobrancelha. – As pessoas fazem tudo por alguns trocados. Contudo, não acredito que esse fosse o plano deles, verdadeiramente. Penso eu que o plano real estará na mensagem que o Farrow trará. Como você disse, havia o risco de que estivéssemos os vigiando, e que não os deixaríamos fugir, e o Robert sabia disso. Por isso o mensageiro. O plano não era descobrir até onde eles conseguiriam fugir em suas carruagens... Se a intenção fosse realmente essa, eles estariam dentro daquelas carruagens, agarrados à remota esperança de que conseguissem furar nossas barreiras, mas não, havia apenas soldados... O plano era atrair a atenção dos nossos homens, e ser capturado, mas com um motivo forte o suficiente para garantir que aquele que fosse capturado não seria morto, como os outros foram. E qual motivo melhor do que uma mensagem? Eles sabiam que os soldados não executariam o mensageiro, e sabiam que a mensagem seria entregue à mim, como estará acontecendo em dois dias. Nos resta apenas esperar para descobrir sobre o que é a tal mensagem, então saberemos o verdadeiro plano.

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As mentes de titânio trabalhando ✨

A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora