Tentou várias vezes manter um relacionamento amigável com o Robert, mas sempre sentiu um desprezo vindo do conselheiro e Thomas sabia o porquê. Não que ele quisesse ser amigo do Robert, mas queria fazer isso pela Rose, não queria colocá-la em uma posição de escolha entre o melhor amigo e ele.
Então, não o fez.Mas agora, olhando tudo o que aconteceu com eles, Thomas se arrependia de não ter socado o Robert nas diversas vezes em que teve a chance, quando Robert o provocara com comentários irônicos e ordens desnecessárias apenas para demonstrar superioridade.
Queria ter a chance de fazê-lo pagar por tudo aquilo.
Porém, também não queria ficar pensando muito na raiva que agora sentia pelo Robert. A cada vez que pensava nisso, esse sentimento se tornava mais intenso e Thomas não queria se sentir assim. Não queria perder tempo de sua vida odiando uma pessoa que não merecia nada além de indiferença. Além do mais, Rose já odiava Robert o suficiente.
Thomas precisava manter os ânimos controlados. Ele queria pensar calmamente e analisar toda a situação em que eles estavam. Talvez pudesse conversar com Rose e evitar milhares de mortes, ou talvez não.
A noite já havia chegado, a lua brilhava alto, iluminando todo o lugar. Thomas caminhava pelos jardins vazios e silenciosos. A brisa refrescante balançava as flores e bagunçava levemente os cabelos de Thomas. Ele achava que estava na hora de cortar seu cabelo, que estava um pouco comprido e começava a atrapalhar a sua visão, e por isso ele estava sempre passando os dedos por entre os fios, o colocando para trás. Lembrou-se de um dia quando Rose dissera que gostava do cabelo dele daquela forma e sorriu. Ele sempre se sentia um pouco envergonhado, porém feliz, quando Rose comentava gostar de algo sobre ele.
Ele havia mandando mais um bilhete para Rose mais cedo naquele dia, e estava na expectativa de que ela apareceria. Ela teria que aparecer algum dia. Ela não iria o ignorar para sempre, certo?
Caminhou por mais alguns metros e parou abruptamente. Quase que instantaneamente suas mãos começaram a suar frio e seu coração bater freneticamente ao ver Rose parada, de costas para ele, alguns metros à frente. Ela estava olhando para cima, para as estrelas que brilhavam no limpo céu noturno de Ennord.
Thomas se aproximou relutante, não sabia o que iria acontecer ali. Da última vez que eles tiveram uma conversa, Rose o dissera que o amava, mas também o havia mandado embora.
Percebendo a aproximação de Thomas, Rose virou-se lentamente para o encarar.
Thomas soltou um suspiro de felicidade e tristeza ao encarar aquelas orbes negras da mulher à sua frente. Os olhos de Rose refletiam o brilho das estrelas, eram lindos e intensos, e também pareciam tristes.
Thomas passou algum tempo admirando Rose parada ali, como se tentasse memorizar cada detalhe dela, pois temia que ela não o permitisse mais vê-la. Ela estava linda, vestia um leve vestido azul claro. Seus cabelos cacheados estavam soltos e Thomas notou o quanto havia crescido desde a primeira vez que a viu. Eles agora estavam bem abaixo da altura das costelas, quase na cintura.
Aquelas três últimas semanas haviam sido uma tortura para Thomas, ele tinha medo de que nunca mais fosse ver Rose, que nunca mais pudesse tocá-la, beijá-la. Queria correr até ela. Queria envolvê-la em seus braços, inalar o perfume dela que ele tanto gostava e dizer que tudo iria ficar bem, que eles sempre ficariam juntos, mas se conteve.
– Você veio. – Thomas falou depois do um longo tempo.
Rose acenou levemente.
– Você me pareceu bastante determinado. – comentou se referindo as dezenas de bilhetes que ele havia enviado nos últimos dias.
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A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes Reis
RomanceApós o ataque ao Castelo, Rose toma uma decisão que mudará completamente a vida de todos e Thomas se vê em uma situação complicada, onde ele terá que escolher entre seguir seu coração ou a razão, indo contra a mulher que ama. [Livro dois]