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– Não podem matar pessoas inocentes assim. – Thomas argumentou novamente. – Deve haver algum outro jeito.

Hal riu. Uma risada grave, assim como a sua voz, e rígida, assim como o seu rosto.

– E como tem tanta certeza de que são inocentes? Descobriu isso apenas olhando para eles? Você deve ter um talento para ver coisas que são invisíveis aos olhos dos outros, talvez devesse ocupar o cargo da Noreen e se tornar o novo vidente do Castelo.

George, que não pôde evitar de achar graça, riu minimamente. Samuel não conseguiu ser tão discreto, e soltou uma gargalhada alta. Rose não riu, assim como Hames.

– E como você sabe que são culpados? – Thomas rebateu com outra pergunta, ignorando o fato de ter se tornado piada para os Generais.

– Não sei e, novamente, não me importo. Não estamos aqui para ser a balança da justiça e decidir quem merece morrer e quem não, estamos aqui para vencer uma guerra, e se as ordens forem para matar todos na cidade, faremos isso prontamente. Mas o que você sabe? Você nem ao menos é um soldado.

Thomas exasperou-se.

– Você não pode estar falando sério. Que tipo de soldados são vocês? Vão massacrar uma cidade inteira apenas por acreditar que eles são culpados? – Olhou para os outros dois Generais, na esperança de que algum deles não compactuasse com aquele absurdo e o ajudasse naquela discussão, uma vez que ele era a única pessoa a estar contra a decisão de assassinato em massa, mas ambos também pareciam indiferentes. – Ou apenas para conseguir o que desejam?

– Parabéns, Thomas, você acaba de descobrir como funcionam as guerras. – George falou irônico e seus companheiros Generais riram mais uma vez.

Rose não olhava nem para Thomas, nem para Hal. Olhava para um ponto fixo sobre a mesa, em silêncio. Thomas não sabia se ela estava ouvindo eles, mas se estava, não parecia estar atenta à discussão que ficava mais intensa cada vez que algum dos lados abria a boca para falar.

Hames também estava em silêncio, mas encarava Thomas com um semblante estupefato. Thomas discutia com um General! Hames se questionou se Thomas havia ficado maluco de vez.

– E quando você foi coroado o Rei de Ennord? Acho que perdi esse acontecimento. Quem você pensa que é para acreditar que pode nos dizer o que fazer ou não? – Hal questionou ríspido. – Você não está falando com um de seus capachos, Lorde Thomas. – Hal pronunciou a palavra “Lorde” com incrível desdém e com tamanho nojo que poderia cuspir no chão se não estivesse na presença da Rainha. – Somos Generais, mostre um pouco de respeito. Estamos nisso há mais tempo do que você possa imaginar, matamos mais pessoas do que você conhecerá em toda a sua vida. Nem deveria estar aqui questionando nossas decisões e debatendo coisas que não são assuntos seus. Acha que todos são coitadinhos? Vá até lá descobrir se são tão inocentes assim, deixe que eles saibam que você é de Ennord e espere para ver o que lhe acontece.

– Mas eu fui lá, você não ouviu? Eu...

– Já chega! Não estou aqui para perder tempo com discussão desnecessária de vocês dois. – Rose falou séria, o interrompendo, sua paciência estava se esgotando, ou talvez já tivesse se esgotado por completo.

– Perdoe-me, Majestade. – Hal rapidamente se desculpou e fez silêncio. Thomas também se calou, mas o silêncio dele não duraria muito tempo mais.

– Seguiremos com o plano. – Rose anunciou simples. – Cruzaremos pela cidade e chegaremos ao castelo. É isso o que faremos, Samuel.

Hal pareceu satisfeito.

Thomas, nem tanto.

– Rose, eu os vi, eles não têm nenhuma condição de se defender de nosso exército. Suas armas são velhas e enferrujadas, eles não estão nem ao menos de armadura, isso não parece nada justo. Eu vi o medo nos olhos deles. – Thomas falava um pouco exaltado. Temia por aquelas pessoas, pois sabia o que aconteceria se o exército fosse ao seu encontro. – Eles colocaram até mesmo as mulheres e crianças para lutar, Rose. Eles são iscas. Vão ser massacrados, você sabe disso.

A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora