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Ele não falou nada, apenas concordou com um aceno e se colocou em postura defensiva. Rose permaneceu parada, o analisando dos pés à cabeça. Ele caminhava de um lado para outro, sua mão apertando firme o punho da espada e a observando de longe, mas não parecia ter intenções de atacar primeiro.

Ela já imaginava que isso aconteceria. Da última vez que eles duelaram, Farrow não conseguiu atingi-la e tudo o que ela precisou fazer foi defender e bloquear seus golpes, então acreditou que dessa vez ele faria diferente. O que realmente estava acontecendo.
Ele esperava que ela fizesse o primeiro movimento. E ela faria.

Rose cortou o caminho de poucos metros entre eles, andando calma, com sua espada pensa ao lado direito de seu corpo. A cada passo que dava, Farrow recuava um pouco, mas chegou um momento onde ele não poderia mais recuar, pois havia uma cerca humana à sua volta que o impedia de se afastar mais.

Ela fez o primeiro ataque e ele bloqueou, como o esperado. Então, ela o atacou mais uma vez, outro bloqueio.
Farrow pulou para o lado esquerdo e tentou golpeá-la, mas sua espada passou alguns centímetros acima da cabeça de Rose, que agiu rapidamente e se abaixou. Ela aproveitou a oportunidade para chutar uma de suas pernas. Um chute tão forte que ele teve que se esforçar para não cair.

Os soldados gargalharam.

Farrow estava determinado em não atacar, ele sabia que estava em desvantagem, tanto por estar machucado, quanto por saber, infelizmente, que Rose era superior a ele em suas habilidades com espadas. Ele se afastou dela, mancando após aquele forte chute, teve receio de ter quebrado algum osso de sua perna, pois o som que havia ecoado no momento em que ela o chutara pôde ser ouvido por todos ali. Porém, julgando pelo fato de que ele conseguia apoiar em sua perna, mesmo que dolorida, não devia estar quebrada, mas teria que ser cuidadoso. Se ela acertasse mais um daqueles chutes em sua outra perna, estaria acabado para ele.

Rose o observava tomar distância, sempre o encarando fixamente, analisando suas reações e expressões. Ele sentia dor, era nítido, aquele chute que ela costumava dar era forte o suficiente para desmaiar uma pessoa, certas vezes chegando até conseguir arrancar alguns dentes de seus adversários com um único chute. Havia treinado muito para isso, aprimorando todos os seus golpes, aprendendo a usar técnicas que ampliavam a força de impacto, causando um dano maior que o habitual.

Ninguém imaginaria algo assim vindo de alguém um tanto esguia, e era isso que tornava tudo ainda mais divertido. O fator surpresa. As expressões espantadas nos rostos deles, descrentes de que ela conseguia golpear com tamanha força.
Não era apenas os seus chutes que possuíam tanta força, todos os seus golpes eram assim, elas apenas escolhia a intensidade de cada um, e nem sempre decidia os golpear com o máximo de intensidade que conseguia.

Ela olhou em seus olhos, imaginando o que ele estaria pensando. Provavelmente sabia que não venceria aquele duelo, e estava aterrorizado, não por morrer – soldados já são acostumados com a ideia da morte –, mas por ser morto por ela.

Rose podia sentir a ira queimar em seu peito a cada segundo que passava o observando. Ali, em sua frente, estava uma das pessoas que fora responsável pela morte de seu irmão. Uma das pessoas que planejaram e executaram o plano. Uma das pessoas que ela fazia questão de memorizar o rosto e o nome, diariamente, imaginando todas as formas de matá-lo.

Ela sabia que mataria ele no segundo em que o Bryn a dissera que ele trazia uma mensagem, e passou a planejar a melhor forma de fazer isso. Poderia matá-lo rapidamente ou torturá-lo, mas não quis fazer nenhum dos dois. Queria fazê-lo ter esperanças, o mínimo que fosse, de que poderia escapar com vida. Queria humilha-lo na frente de milhares de soldados inimigos e, por fim, o matar. Morrer não aterrorizava os soldados, mas morrer sem honra era o seu maior medo.

A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora