Capítulo Trinta e Um. 🌹

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A viagem de volta se iniciou apenas dois dias após a batalha. Rose queria ir embora imediatamente, mas como havia feridos e presos para serem transportados, fora decidido permanecer por mais um tempo. Ainda assim, o mínimo possível. Odiava aquele lugar, aquele castelo, como se nas paredes de pedras tivesse uma doença contagiosa, impregnada.

O castelo tinha sido saqueado pelos soldados de Ennord, de novo e de novo, completamente, até que não sobrasse um único cômodo que não tivesse sido revistado. Assim como o lado nobre da capital. Não apenas suprimentos e animais foram pegos, mas também ouro, prata, bronze, cobre e qualquer coisa que tivesse um pouco de valor. Rose não se importou com nada que os soldados pegavam para si, eles poderiam pegar tudo o que quisessem, já que lutaram bravamente por isso e deveriam ser recompensados.

Rose na verdade queria incendiar o palácio vermelho, apagar de vez qualquer resquício da existência medíocre de Joseph, mas conteve suas vontades por ora.

As pessoas feridas seriam levadas até o litoral, para voltarem de navio – que eram bem mais rápidos que os cavalos – pois havia homens que foram feridos gravemente, e precisavam chegar até Ennord com urgência, para, então, serem melhor tratados. Por mais que houvesse médicos e curandeiros no exército, algumas graves condições dos soldados precisavam de cuidados mais específicos, e que não possuíam ali com eles.

Rose voltaria por terra, como o esperado. Sabia que de navio chegaria mais rápido à Ennord, mas não queria ter que passar dias navegando. Por mais contraditório que pudesse parecer, estar no mar não lhe trazia a sensação de liberdade, Rose acreditava que eram os navios que lhe davam essa sensação de estar presa, restrita a um só lugar, e sabia que isso não fazia sentido algum.

Ela perguntara aos três Generais qual deles gostaria de permanecer em Oris, para mantê-lo em ordem até que decidisse o que fazer com o reino, e Samuel se prontificou facilmente, Rose chegou a pensar que teria mais trabalho em tentar convencer um deles a ficar e ficou satisfeita em descobrir que não. Aquela não era uma decisão definitiva, Rose ainda precisaria pensar muito sobre o futuro do reino do Norte, já que agora também era a Rainha de Oris se via em uma situação delicada, mas serviria por enquanto. Não podia deixar Oris sem alguém no comando.

Thomas havia sido colocado em uma carroça que antes havia sido transportados os alimentos para o exército. Estava junto com duas mulheres e três crianças que ele não conhecia, mas que também estavam dentro da sala no castelo onde Thomas e Rose tiveram seu embate. Embate esse que agora parecia ser de conhecimento geral. Robert foi colocado em outra carroça, com seus outros meios-irmãos e as três mulheres restantes. Em uma terceira, foram colocadas a esposa dele e suas filhas. As mulheres e filhos dos nobres não seriam levados à Ennord, permaneceriam no Norte.

Apesar de estarem todos amarrados sobre carroças desconfortáveis, estavam vivos, e isso era o mais importante.

Em um momento antes de iniciarem a viagem, por um breve instante, a carroça em que Thomas estava fora colocada à um metro de distância da carroça onde Robert era levado. Thomas o ignorou, mas pôde ouvir quando o antigo conselheiro se direcionou a ele:

– Obrigado. – Robert sussurrou. – Pelo o que fez.

Thomas o encarou com fúria e um pouco de desprezo. Era de uma incrível insolência Robert agradecê-lo por ter se colocado contra a Rose. Thomas não fizera aquilo por vontade própria, era a única saída. E mesmo se tivesse enfrentado a Rose por livre e espontânea vontade, o que não era o caso, Robert não teria sido um dos motivos para que ele fizesse isso.

– Não fiz por você, seu traidor de merda. – Thomas sibilou, sentindo seu sangue ferver nas veias. – A Rose poderia tê-lo matado lá mesmo, e eu não teria movido um músculo para impedi-la.

A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora