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O caminho para o Oeste era bem movimentado. Fazendeiros e mercadores viajavam com suas carruagens abarrotadas de alimentos ou com dezenas de animais para serem comercializados na Capital, ou em qualquer outro lugar que fosse possível.

Thomas lembrou-se de quando havia feito aquele percurso com o Daehan, aquela havia sido uma viagem e tanta. Ele queria sair um pouco do Castelo e da Capital para espairecer sua mente, pois seus sentimentos por Rose estavam o deixando confuso, e ele achava que voltar para casa ajudaria, também estava morrendo de saudade de seus pais.

Daehan parecia muito animado em acompanhar Thomas e descobrir onde o amigo havia passado a sua vida inteira. O Príncipe também fizera algumas amizades no caminho e a mãe de Thomas, a senhora Celine, adorou conhecê-lo. Thomas chegou a brincar em dizer que a mãe havia ficado mais animada em ver o Príncipe do que em rever seu próprio filho, mas ele não poderia culpá-la, Daehan tinha a incrível habilidade de conquistar todos.

Diferente da última vez que passara por àquelas estradas, agora parecia tudo mais florido. Como se a vegetação tivesse tomado conta de boa parte do que antes era o caminho, o transformando em uma bela paisagem. Grandes árvores, cercas vivas e flores adornavam ambos os lados da estrada, um corredor da natureza que se estendia por centenas de metros. Thomas não pôde deixar de se admirar com a vista, e isso o fez pensar em como estaria florida a campina da fazenda.
Sentiu uma pequena pontada de tristeza. Ele não estava voltando para casa. Não veria a mãe ou o pai. Não passaria pelos grandes bosques e campos verdes da fazenda que crescera. Em seu interior, ele torcia para conseguir realizar tudo isso em um outro momento. Quando tudo acabasse.

Seu pai o havia escrito uma carta, quando a notícia da guerra se espalhou. Marcell havia dito que gostaria de estar na batalha, mesmo sabendo que não poderia nem se quisesse. Disse também que estava orgulhoso de Thomas, mas que ele deveria ser cauteloso. Seu pai o disse que ele poderia voltar para casa, se estivesse receoso com a batalha que se aproximava; que sua mãe estava morta de preocupação, nas próprias palavras dele, e que seu irmão havia dado notícias há muito tempo e que, segundo ele, estava bem.

Thomas respondeu a carta de seu pai, um tempo depois. Contou que estava treinando para se tornar um soldado, que também estava bem, na medida do possível, e que sentia saudades de todos. Prometeu visitá-los, quando tivesse a chance, e pediu para que a mãe não se preocupasse tanto, ele estava seguro. Essa última parte ele torcia para que ela acreditasse, pois nem ele acreditava nisso.

As horas se passaram e eles seguiram seu caminho, não parando além do necessário. Uma parada para o almoço, em um restaurante qualquer; uma parada para um banho, eles haviam pagado o dono de uma estalagem para que os deixassem usar o banheiro, já que próximo dali não havia algum rio ou riacho para que eles pudessem se refrescar; e outra parada para se aliviar. Essa parada foi no meio da floresta mesmo porque, segundo Hames, não fazia sentido ir em outra estalagem se eles podiam fazer bem ali.

Thomas, obviamente, foi se aliviar um pouco mais distante tanto de Hames quanto da estrada. Não queria dar o azar de alguém vê-lo daquela forma.

– Depois que eu deixá-lo em sua casa, só precisarei seguir por essa estrada. – Em um momento Hames comentou satisfeito. – Acho que consigo alcançá-los em uns três dias, se for rápido o suficiente. – falou pensativo.

– Essa estrada que leva à Oris? – Thomas sondou, tentando parecer indiferente.

– Uma delas. – Hames respondeu prontamente, talvez não tivesse percebido o interesse de Thomas sobre o assunto. – É rápida e não há tanto movimento quanto a estrada principal. Claro que as condições dela não são tão boas, mas serve para um cavaleiro solitário com bagagem leve.

– Essa é uma estrada segura?

– Nenhuma estrada é totalmente segura, por isso que se precisa ter cuidado ao viajar.

Thomas assentiu com um meneio e observou atentamente a estrada, até onde conseguiu ver, antes de ter que continuar com a viagem, deixando a estrada que levava à Oris para trás.

Quando já estava escurecendo, Thomas começou a tentar convencer Hames a parar em um pequeno bar, de não tão boa aparência, diga-se de passagem, que ele sabia existir ali próximo, pois havia parado naquele mesmo lugar com o Daehan da última vez que passara por aquela estrada.

– Está cedo demais para pararmos com a viagem. – Hames retrucou. – Podemos continuar por algumas milhas antes da hora de dormir.

– Qual é. – Thomas insistiu. – Já estamos na metade do caminho. Quando chegar a noite de amanhã, estaremos na fazenda dos meus pais. Só iremos parar por alguns minutos, meia hora, no máximo. Vamos, será uma despedida, há a possibilidade de nunca nos vermos mais.

Hames o analisou com uma sobrancelha levemente erguida. O encarou em silêncio por algum tempo, e Thomas tentou ao máximo deixar sua expressão o mais inocente possível, torcendo para a sua chantagem emocional funcionar.

Ele pensou que teria que tentar mais. Que Hames não se deixaria ser convencido assim tão fácil, mas parecia que o soldado realmente havia cedido às chantagens de Thomas. Talvez Hames também sentia-se um pouco triste com a despedida deles, afinal eles haviam se tornado próximos, mas não deixava transparecer em nenhum momento.

– Tudo bem. – ele cedeu, por fim. – Apenas um copo de cerveja.

– Ou dois. – Thomas falou com diversão e Hames sorriu. – Vai ser divertido, você vai ver.

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Galera, desculpa a demora e o capítulo mais curto, eu tô bem ocupada ultimamente com umas questões da faculdade 😬

Até o próximo capítulo 🌹

A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora