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– Você. – Paul falou, claramente reconhecendo Thomas ao lado de seu cavalo. – Lembro de você. Estava com o Príncipe naquele dia, não estava? Cadê o seu namorado? – perguntou sarcástico e Thomas sentiu um ardor de raiva crescer em seu interior à menção desdenhosa de Daehan saindo da boca nojenta daquele homem. Paul com certeza sabia o que tinha acontecido ao Príncipe, todos em Ennord sabiam, e se divertia às custas da situação.

– O que você quer? – Thomas perguntou, com os dentes cerrados. Sabia que estava em desvantagem, e que não conseguiria vencer sozinho aquele grupo grande de bandidos. Mesmo tendo lutado em uma batalha, o que ele acreditava que o conferia credibilidade e confiança a respeito de suas habilidades, ele ainda estava desarmado e a não ser que decidisse lutar com uma pedra em mãos ou um galho de árvore, não havia a menor chance de um combate ali. Ao menos um onde ele pudesse sair vitorioso. Então decidiu que daria o que quer que Paul quisesse, e torcia para que ele desejasse algo material.

– Bem, meus amigos e eu andamos pela floresta na esperança de encontrar alguém valioso o suficiente. – Paul respondeu com um sorriso. – Na realidade, sempre esperamos uma oportunidade de encontrar a Rainha, você sabe, tenho assuntos antigos a tratar com ela, mas não está sendo fácil, vira e mexe os guardas do Castelo patrulham essas florestas e nós temos que ser rápidos em nos escondermos. Mas você aparecer aqui, facilita e muito para nós.

Thomas franziu o cenho.

– Por quê? Você disse que queria a Rainha, não sei se você percebeu, mas eu não sou a Rose. – Thomas rebateu irônico. – Também não trago ela comigo, caso não tenha reparado.

O sorriso de Paul ficou maior.

– Quando eu estava no Castelo, preso nas masmorras, eu ouvi boatos. – Paul falou, caminhando lentamente entre seus companheiros, mas ainda estavam uns bons metros de distância de Thomas. – As empregadas e os soldados conversam bastante, sabe? Sobre absolutamente tudo, ficaria surpreso com as histórias que se consegue descobrir por lá. Ouvi sobre um tal namorado da Rainha, um jovem nobre. Foram tantas fofocas que eu quis morrer de uma vez, mas não foram um total desperdício, não é mesmo? Afinal, aqui está você, o namorado, justamente para servir em meu plano. O destino é cruelmente conveniente às vezes, não acha?

Thomas levou meio segundo para entender qual era o papel dele no plano de Paul. Riu com escárnio e Paul o encarou bravo.

– Esse é o seu plano? – perguntou Thomas com desdém. – Me usar para atrair a Rose? Esse é o plano mais ridículo de todos os tempos. Ela não vai cair nessa armadilha.

– Ela salvou você antes, não salvou? – Paul retrucou. – Dessa vez estaremos preparados.

Thomas conseguia perceber inúmeros furos nesse plano mirabolante de Paul e teve que conter o impulso de gargalhar diante tamanha burrice. Ainda que Rose caísse na armadilha de Paul, ela obviamente não apareceria sozinha, e mesmo que Paul estivesse acompanhado de um grupo de homens armados, Rose tinha, no mínimo, uns cem homens naquele momento no Castelo. Em qual cenário possível Paul e seus homens venceriam? Mas ele não argumentou. O maior inimigo de um homem é sua arrogância, e Paul parecia possuir muito dela.

– Ela não virá. – Thomas respondeu com firmeza. – A Rose não sabe que eu estou aqui, na Capital. Você, Paul, deseja me usar como isca, porém eu não sou mais a pessoa que você ouviu nas histórias e fofocas. – Sorriu para o grupo. – Eu fui embora há um ano. Você realmente acredita que a Rose se arriscaria para vir salvar uma pessoa com quem ela não possui mais nenhuma relação? Sugiro que encontre alguém melhor, estão perdendo seu tempo.

Paul pareceu surpreso com a informação dada por Thomas. Ele olhou para seus companheiros de bando, procurando ideias entre eles, e Thomas, mais uma vez, teve que controlar o ímpeto de rir. Como tantos homens podiam ser tão burros? Principalmente, como chegaram a acreditar que conseguiriam atrair a Rose?

A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora