Capítulo Vinte. 🌹

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George seguia rapidamente na direção da tenda da Rainha, que ficava exatamente ao centro do acampamento. A noite escura era iluminada pelas estrelas, e havia tochas, archotes e fogueiras que iluminavam o chão de terra úmida com uma luz amarelada e trêmula, mas que era o suficiente para que pudesse ver seus pés. Os sons de suas botas de couro preto, de encontro ao chão, ecoavam a medida que ele apressava seus passos, precisava encontrar Rose, para contá-la algo importante.

Chegou em frente à enorme tenda da Rainha e a chamou, mas não obteve resposta. Chamou algumas outras vezes mais, nada. Apesar de ser noite, era cedo demais para Rose estar dormindo, então ele imaginou que ela não estaria, mas que talvez estivesse ocupada em algo.

Entrou cautelosamente, fazendo questão de chamar pelo seu nome para que eles não tivessem nenhuma surpresa, George não queria correr o risco de vê-la em alguma situação desconcertante.

Ela de fato não estava dormindo. Estava sentada na sua cadeira, em completo silêncio. Olhava para suas mãos fixamente, e seu rosto parecia triste e aterrorizado ao mesmo tempo.

– Majestade? – ele voltou a chamar, mas ela não demonstrou tê-lo ouvido. Continuava imóvel. – Majestade? – Novamente, nada. – Rose!

Aumentou o tom de sua voz, atraindo assim a atenção dela, que o encarou um pouco surpresa de vê-lo ali parado.

– Ah, George, desculpe-me. – Ela se mexeu em seu assento, cruzando as mãos sobre seu colo e adotando uma postura diferente da que estava momentos atrás, enquanto estava vagando por seus pensamentos turbulentos. – Não o ouvi chamar, estava distraída.

– Está tudo bem?

– Sim, está. Eu estava apenas... – Seus olhos estavam sombrios e vagos. – Eu estava apenas pensando.

George ficou a sondando em silêncio por poucos segundos, confuso e um tanto desconfiado. Havia momentos na viagem em que Rose permanecia em completo silêncio, o que não seria algo muito estranho ou diferente do habitual, mas ela agia como se o mundo ao seu redor não existisse. Parecia estar alheia às conversas e acontecimentos a sua volta. Isso durava alguns minutos, sempre com alguém a trazendo de seus devaneios.

Ele sempre perguntava se ela estava bem quando isso acontecia, e ela sempre dava a mesma resposta: pensando.

– Eles o trouxeram. – anunciou. – Farrow, acabou de chegar.

Ela ergueu uma sobrancelha, um pouco surpresa, tinha esquecido que ele chegaria a qualquer momento.

– Traga-o aqui. – ordenou e George saiu rapidamente, depois de uma reverência.

Continuou ali sentada, esperando. Seus pensamentos melancólicos dando lugar a uma raiva incandescente que ardia seu peito. Estaria frente a frente com uma das pessoas que ela sabia ser responsável pelo ataque no castelo. Pela morte de seu irmão.

George voltou após um tempo breve. Junto com ele estavam dois soldados, entre eles o Bryn e, mantido preso por cordas grossas e firmes, estava Farrow. Terrivelmente machucado, como se tivesse sido pisoteado por uma manada de cavalos, mas Rose sabia exatamente quem tinha feito aquilo.

Um pequeno sorriso surgiu no canto de seus lábios. Sua expressão e postura estavam completamente diferente da que George havia encontrado minutos atrás, ali não era a Rose, era a Rainha.

– Farrow, mas que surpresa! – ela falou sem nenhuma emoção em sua voz. – Você está terrível, devo dizer. Também me parece bem cansado, está tudo bem?

– Claro que não estou bem, graças à seus soldados. – ele retrucou. – Seu General permitiu que eles me batessem.

George fez um mínimo sinal para os dois grandes homens que o seguravam, e Bryn chutou a parte de trás das pernas de Farrow, fazendo-o cair ajoelhado, em baque audível, com um grunhido.

– Ajoelhe-se perante à Rainha, seu bastardo insolente. – George falou sério.

Rose sorriu um pouco mais.

– Ah, não posso culpá-los, você sabe como funciona, você é um inimigo. – ela falou, fingindo inocência. – Eu não posso negar aos meus soldados o prazer de quebrar algum de seus ossos, afinal, foi você quem quis vir aqui. – Deu de ombros.

– Eu tenho uma mensagem do rei. – ele falou alto e desrespeitoso demais, o que resultou em um tapa forte em seu rosto dado por George.

– Cuidado como fala, ou eu vou cortar a sua língua. – George ameaçou e ninguém ali duvidaria, nem por um segundo, de que ele realmente faria isso.

– Eu tenho uma mensagem do rei. – Farrow repetiu, dessa vez em baixo tom, mas o desprezo que tinha pela Rose estava estampado em seu rosto.

– Engraçado, eu não mandei nenhum mensageiro. – Rose rebateu.

– O rei quer resolver isso com um duelo. – Farrow ignorou o comentário de Rose e prosseguiu. – Um guerreiro de cada lado, quem vencer, vence a guerra.

– Esse é o plano do Robert? – Rose sorriu com escarnio. – Confesso que esperava mais.

– Você aceita?

– Não.

– Está com medo? – E mais um forte tapa em seu rosto, mais uma vez, vindo de George.

Rose riu. Uma risada baixa e grave.

– Você acha que consegue me manipular? – perguntou, cruzando suas pernas cobertas pela a calça de um de seus conjuntos, aquele era preto e de veludo. – Não sei por que não ataquei Oris antes, vocês todos são apenas um grupo de idiotas. Não entendo como Joseph conseguiu permanecer no trono por tanto tempo, sendo assim tão estúpido e incompetente.

– Pensei que você fosse a melhor espadachim dos Quatro Reinos. – ele provocou.

– E eu sou. – Rose não caía nas provocações de Farrow, sabia muito bem o que ele estava tentando fazer.

– Você diz ser a maior espadachim e diz que não está com medo, mas ainda assim não aceita?

– Clareie a minha mente, Farrow, eu estaria com medo exatamente do quê? Do seu rei inútil ou do seu exército mirrado? – Abriu um sorriso maior, mostrando seus dentes brancos e perfeitamente alinhados, mas o sorriso não chegava aos seus olhos, o que tornava assustador. Quando ela sorria assim, com seus olhos soltando faíscas, como se estivesse pronta para cortar a garganta de alguém com um simples movimento, causava arrepios na espinha de qualquer um, inimigo ou aliado. – Não, não estou com medo, mas o seu rei está. Ele sabe que não irá nos vencer no campo de batalha, e propôs essa ideia terrível. Quem seria o guerreiro de Oris? Você? Eu já o venci uma vez, acha que não venço de novo? Ou talvez seja o Robert? Joseph? Não importa, eu venceria qualquer um de vocês.

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E aí? 😏🧐

A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora