Exatamente como Rose dissera, na noite anterior enquanto conversava com George, a tropa chegou às mediações da capital de Oris. Como estava escuro, a visibilidade não era tão boa, mas Thomas conseguiu ver ao longe pequenas luzes de algo que provavelmente seriam as chamas das fogueiras do exército inimigo. As noites pareciam cada vez mais frias que as anteriores, e aquela não era diferente.
Ordens gritadas chegaram aos ouvidos de Thomas, quando ele estava prestes a entrar em sua tenda, e ele ouviu que as sentinelas deveriam ser redobradas; agora estavam relativamente perto do inimigo e sempre havia a possibilidade de um ataque noturno surpresa. Aquilo não deixou Thomas muito feliz, ele ficava cada vez mais nervoso.
Hames não voltou para a tenda naquela noite e Thomas, apesar de ter ficado muito feliz em encontrar seu irmão mais cedo, se sentiu angustiado, e teve que tomar três grandes canecas de estanho de algo alcoólico – que ele não sabia o nome –, mas que fora lhe dado por um soldado qualquer, que também bebia, e era forte o suficiente para fazê-lo adormecer em pouco tempo.
Quando acordou, o dia brilhava claro e ele se levantou em um sobressalto. Felizmente não tinha se atrasado e mais uma vez, a tropa seguiu. Agora cortando as últimas milhas que separavam eles do objetivo.
Por segurança, Thomas, as carroças, os pastores e os animais tiveram que ficar por último, atrás de toda a tropa e armas de cerco que incluíam catapultas, trabuquetes e aríetes. Um ataque às reservas de suprimentos era algo sempre esperado, e como seria bem mais difícil ataca-los por trás, já que naquele momento Joseph já havia convocado todos os seus soldados para proteger o castelo, aquela foi a escolha mais sábia tomada por Rose.
Inteligente como sempre, Thomas pensou.
A capital de Oris não parecia muita coisa. Talvez Thomas tivesse criado expectativas um tanto altas a respeito do lugar, ou por estar em Ennord há tanto tempo, se acostumara com as grandes cidades do Reino do Leste, mas aquilo estava muito longe de ser uma grande cidade, quem dirá a capital de um dos Quartos Reinos.
Uma divisão territorial saltou aos seus olhos, e ele não sabia dizer se aquilo era proposital ou não. De um lado havia milhares de casebres amontoados uns nos outros, casinhas de madeira simples, todas no mesmo tom frio e melancólico e sem vida. Do outro, apesar de não ser nada impressionante, havia casas maiores de madeira, casarões com fachadas ornamentada em mármore e algumas poucas mansões de pedra mais luxuosas.
No centro estava o castelo, que, diga-se de passagem, não impressionava também. Era uma grande construção, como obviamente seria, mas parecia que o tempo fora muito cruel com ele. Havia um resquício de cor em seu exterior, e Thomas achou que seria vermelho, mas não tinha certeza, não estava perto o suficiente para ver com clareza. Uma de suas quatro torres de vigília parecia ter sido vítima de um incêndio e desmoronado; era possível ver, com certa dificuldade, as marcas de onde as chamas haviam a atingido. O estado daquele castelo era precário, ainda que visto de longe, parecia que não tinha passado por qualquer tipo de reforma ou reconstrução havia muitos anos e Thomas, apesar de não ser um sábio em construção de castelo, ou em construção de qualquer outra coisa no geral, sabia que se a Rose decidisse usar as catapultas, o castelo não permaneceria de pé por muito tempo.
Não tão distante do castelo havia algo que parecia bastante uma grande concentração de árvores, altas árvores, e isso foi mais uma coisa que Thomas achou curioso. Não havia muitas florestas em Oris e àquela, ainda que não fosse numerosa o bastante para de fato ser considerada uma densa floresta, parecia estranha, pois toda a paisagem em volta eram campos abertos e planícies. A única outra coisa também diferente na paisagem era uma colina, que formava uma descida inclinada em direção à cidade, e que era exatamente para onde a tropa se deslocava.
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A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes Reis
RomanceApós o ataque ao Castelo, Rose toma uma decisão que mudará completamente a vida de todos e Thomas se vê em uma situação complicada, onde ele terá que escolher entre seguir seu coração ou a razão, indo contra a mulher que ama. [Livro dois]