Robert abriu os olhos lentamente, as imagens embaçadas ganhavam foco aos poucos. Levou um tempo para entender onde estava, mas reconhecia aquele lugar, era as masmorras do Castelo. Do Castelo de Ennord. Havia sido trazido ali no dia anterior, e por mais que tivesse estado naquele lugar centenas de vezes quando vivia no Palácio, parecia que fazia anos desde a última vez que pisara naquelas pedras sujas e frias. Sentou-se, sentindo dores por todo o seu corpo. Dormir no chão duro e frio tinha suas consequências. Seu ombro ferido – cortesia da Rose – não estava com a melhor das aparências. Ele não teve nenhum tipo de tratamento médico ao longo da viagem; nenhum remédio para dor ou bandagem para cobrir o corte. Teve que seguir viagem sentindo dores e torcendo para que seu ferimento não inflamasse ou infeccionasse.
Aquela era uma preocupação tola, ele seria morto de qualquer forma.
Virou seu rosto na direção das grades de ferro e espantou-se ao ver Rose, sentada em uma cadeira, com as mãos apoiadas em seu colo, imóvel, o analisando em silêncio.
Por quanto tempo ela estava ali? Robert se questionava.
O rosto dela estava inexpressivo, iluminado minimamente pelos archotes nas paredes, e em seus olhos havia uma sombra escura – que não era devida ao lugar onde estavam – e que fez todos os pelos do corpo de Robert se eriçarem instantaneamente.
Rose permaneceu ali, sentada o observando por longos minutos em silêncio. Robert tinha milhares de coisas que queria dizer, mas não conseguia encontrar as palavras certas, então também ficou quieto. Não havia pedido de perdão no mundo que fosse o suficiente.
– O Príncipe de Oris, senhoras e senhores, mas que honra. Preso em uma cela, encurralado como o rato que é. – Rose falou, quebrando o silêncio, sua voz ecoando pelos corredores. Não havia mais ninguém além deles ali. – Não estou aqui para me despedir, se é isso o que está pensando. Estou aqui porque quero que você olhe nos meus olhos e me diga o porquê. O mínimo que você me deve é uma explicação.
Robert se levantou com certa dificuldade, com os olhos fitando seus pés. Ele não tinha coragem de encara-la.
– Olhe pra mim! – Rose gritou e Robert ergueu o olhar para ela. – Responda-me, Robert, por que você fez tudo isso? Por que matou o Daehan?
– Eu nunca quis matar o Daehan, Rose. – Robert falou, baixo. – Sei que você não acredita, mas eu nunca quis machucar nenhum de vocês.
Rose sorriu soprado.
– Tem razão, eu não acredito em você. – Ela também se levantou de seu lugar, e deu alguns passos para mais próximo das grades. – Como eu acreditaria? Você esteve mentindo para mim por quanto tempo? Um ano? Ou mais? Em que mais você esteve envolvido? Os saqueadores na floresta, foi você que os contratou?
– Não. – Robert negou rapidamente. – Eu não tive nada a ver com eles.
– Então foi seu pai? – Rose perguntou e Robert confirmou com um meneio. – Por que ele fez aquilo? Isso foi antes da execução do príncipe Vince. Ele não fez tudo isso pra vingar o irmão, não é?
Robert balançou a cabeça, negativamente.
– Ele me disse que queria que as pessoas soubessem sobre saqueadores rondando o Castelo, queria que pensassem que eram apenas ladrões comuns, instaurar medo na população, fazer as pessoas questionarem sua capacidade como monarca em proteger seus súditos, principalmente os nobres, que eram o foco dos ataques. Queria que eles se virassem contra você. – Robert respondeu. Ele havia feito a mesma pergunta para Joseph antes. – Não queria que desconfiasse que havia uma conspiração contra você. Ele a odiava e desejava mata-la, Rose, mas depois que descobriu que eu era o filho que ele pensava ter morrido, ele decidiu que seria melhor se casássemos, para evitar uma guerra que sabia que não venceria, mas que no final aconteceu de toda forma.
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A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes Reis
RomanceApós o ataque ao Castelo, Rose toma uma decisão que mudará completamente a vida de todos e Thomas se vê em uma situação complicada, onde ele terá que escolher entre seguir seu coração ou a razão, indo contra a mulher que ama. [Livro dois]