– Você não terá tempo para os treinamentos, Thomas. – Rose argumentou, soltando um ar de reprovação. – Partiremos em um pouco mais de uma semana. Você também tem os seus afazeres como membro do Conselho.
– Eu sei que os treinamentos normalmente duram uma semana inteira, mas eu tentarei ao máximo estar pronto até lá. Minhas habilidades tiveram melhoras nesse tempo todo em que estive aqui, você sabe disso. Sobre os meus afazeres como membro do Conselho, eu tenho certeza que consigo fazer as duas coisas. – Fitou Rose. Os olhos negros dela o avaliavam com desconfiança. – Me deixe tentar assim como os outros, eu tenho esse direito.
– Você realmente não entende. – Rose o encarou incrédula por um tempo antes de continuar: – Eu não estou tentando tirar o seu direito de escolha, Thomas. Eu nunca faria algo desse tipo. Eu nunca colocaria minha posição como Rainha sobre sua escolhas ou vontades, eu não sou assim. Não sou uma tirana. Se você quisesse se tornar um soldado em qualquer outra situação, sob outras circunstâncias, eu não me importaria, nem um pouco.
– Então me deixa virar um soldado. – Thomas repetiu e Rose suspirou, massageando as têmporas, ela parecia cansada.
– Meus soldados não me servem por obrigação, todos eles vieram até mim, querendo me servir. Desde garotos pobres sem família, até os filhos dos nobres mais ricos de Ennord. Eles decidiram estar no exército, assim como podem decidir sair, como o Aron fez. Mas na situação em que estamos, em tempos de guerra, desobedecer uma ordem da Rainha, ou deserdar do exército, tem consequências, Thomas. Sérias consequências.
– Eu não desistirei.
– Meus homens me seguem porque acreditam em mim. – Rose continuou, Thomas precisava entender o que ela estava querendo dizer. – Mesmo eu os mandando para uma disputa onde muitos deles não retornarão, os mandando para a morte. Mesmo eu os dando ordens para matar milhares de pessoas, eles não questionam. Não hesitam. Porque acreditam na minha liderança, e respeitam a minha autoridade. – Fitou ele por longos segundos, analisando suas reações. – Se você se tornar um soldado e suas ordens forem de atacar uma vila de civis, você seguirá? Nós sabemos que não. Poupe seu tempo, Thomas, ambos sabemos que você não serve para ser um soldado de Ennord.
– Você não me quer na guerra por eu não ser um soldado, então eu serei um e estarei lá, lutando por Ennord. – rebateu Thomas, com firmeza, deixando claro que não mudaria de ideia. – Eu estarei lá de todo jeito, Rose, mesmo que você me proíba. Então, por favor, deixe-me treinar. Me permita lhe mostrar que eu posso ser um bom soldado, eu sei que posso.
Rose o encarou em silêncio. Ela conseguia perceber a determinação nos olhos claros dele, Thomas falava sério. Mas Rose não estava irritada com ele por decidir se tornar um soldado, estava apenas cansada. Cansada de ter a mesma discussão toda vez que ela tentava protegê-lo.
Isso a fez lembrar de Daehan, ele sempre questionou as decisões que Rose fazia, mesmo que tivesse sido apenas para garantir a proteção dele.
– Tudo bem, Thomas. Você terá seu treinamento. – Rose cedeu, por fim. Ela sabia que aquela discussão não os levaria a lugar algum. Ela não queria ele na guerra e Thomas estava decidido a ir de qualquer maneira, e Rose não podia escolher por ele, não queria ter que fazer isso. Adiaria esse momento o máximo que conseguisse, sabia como era se sentir como se não tivesse direito sobre suas próprias decisões. – Nenhum dos generais ficará responsável pelo seu treinamento devido nossa atual situação, mas Hames o treinará.
Thomas sorriu ladino, agradecido.
– Obrigado.
Fez uma reverencia e virou-se, indo na direção da porta dos aposentos quando Rose chamou novamente o seu nome, o fazendo se virar para encará-la.
– Você sabe que serei eu quem o analisará, certo? – falou, com uma sobrancelha levemente erguida. – Eu decidirei se você se tornará um soldado ou não, nós sabemos que apenas os melhores são aceitos.
– E se eu me sair bem nos treinamentos? – Thomas desafiou. – Você vai me tornar um soldado?
– Você não tem que ser bom, precisa ser o melhor. Sabe como funciona. – Rose respondeu. – Você pediu por um treinamento, e terá um, mas não pense que para você será diferente. Você será avaliado da mesma forma que todos os outros soldados foram.
Thomas respirou profundamente algumas vezes, ele no fundo sabia o que ela estava fazendo.
– Por quê? Você permitiu que a Joane e o Aron participasse da guerra. – argumentou. – Por que apenas me proíbe?
– Porque com eles eu não me importo. – respondeu simplista.
Thomas não rebateu, não queria. Sabia que não adiantaria de nada, assim como não adiantou em todas as outras vezes em que eles tiveram aquela mesma conversa. Ele apenas a encarou sério por alguns segundos e saiu, batendo a porta com mais força que o necessário, fazendo os guardas ali o encararem com olhares espantados e julgadores.
Thomas estava chateado e irritado. Rose estava obcecada com a ideia de mantê-lo seguro e isso o deixava com raiva. Ele não faria o que ela estava dizendo, estaria naquela guerra de qualquer maneira. Sabia que estava fazendo uma grande idiotice, Rose ainda era a Rainha. Ele não poderia simplesmente ignorar uma ordem dela, mas faria assim mesmo.
Se fosse preso ou executado, tudo bem para ele. Ou talvez fosse morto na guerra, mas ele não se importava. Ir embora e deixá-la no momento em que ela mais precisava dele era, para ele, uma alternativa bem pior.
Ele morreria pela Rose e tinha certeza que ela também morreria por ele. Só não entendia porque ela sempre estava tão pronta para se colocar em risco pelas pessoas que amava, mas não aceitava o contrário.
Claro, a pressão sobre a Rose era milhares de vezes maior, ele sabia disso. Ela já havia passado por muita coisa, perdido muita gente em todos esses anos, mas assim como Rose não queria que Thomas se machucasse, ele também não queria. Queria que ela ficasse a salvo, ficasse bem.
Além disso, Daehan também era amigo dele. Thomas também tinha o direito de vingar seu amigo.
Pensando em Daehan, voltou a retirar a carta de seus bolsos, enquanto caminhava rapidamente pelos corredores do Castelo. Rose o pedira para queimar aquela carta e Thomas achava que ela tinha medo do que encontraria escrito ali. Medo de saber o que seriam as últimas palavras do irmão.
Thomas também não seguiria aquela ordem. Ele não destruiria a carta.
Estava obstinado a se sair bem nos treinamentos. Se sair o melhor que conseguisse. Mostraria a Rose que ele era um bom guerreiro, talvez não um dos melhores, como ela mesma dissera que seus soldados deveriam ser, mas bom o suficiente para lutar por seu país e pela mulher que amava.
Ele teria que estar ao lado de Rose quando ela atacasse Oris, de qualquer forma. Talvez esse fosse o propósito de sua vida. Talvez todos os caminhos que trilhou o levaria, sempre, para aquele momento.
Talvez esse fosse o papel importante que ele teria na história.
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Oi gente, eu aqui.
Hoje é meu aniversário 😬Vamos conversar um pouco..
Ultimamente eu venho passando por um momento um pouco complicado, e isso afetou muito o meu psicológico e me impediu de escrever. Não escrevo nada já tem meses 😢 eu tenho alguns capítulos escritos, e vou continuar postando (com um espaço de tempo um pouco grande). Se daqui pra esses capítulos acabarem, eu não tiver voltado a escrever, infelizmente vou ter que dar uma pausa na história. Desculpem, eu sei o quanto vocês gostam e querem saber como a história vai terminar, (eu tbm quero terminar de escrever), mas a situação está um pouco complicada e eu não vou forçar escrever de qualquer jeito só para postar. Acho que tanto a história, quanto vocês que a acompanham, merece mais. Eu sempre tento trazer o melhor que eu posso pra vocês.Esse deve ser o texto de aniversário mais na bad que vocês leram kkkk mas gostaria de agradecer a todos que me apoiam, espero que esse momento difícil passe o mais rápido possível.
Obrigada pelo apoio e até a próxima 🌹
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A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes Reis
RomanceApós o ataque ao Castelo, Rose toma uma decisão que mudará completamente a vida de todos e Thomas se vê em uma situação complicada, onde ele terá que escolher entre seguir seu coração ou a razão, indo contra a mulher que ama. [Livro dois]