Dias haviam se passado e cada vez mais se aproximava o momento em que os soldados de Ennord partiriam para batalha.
Thomas observava espantado e admirado as centenas de soldados que chegavam todos os dias. Agora, não havia um só lugar no Castelo, e em seus terrenos, que não estivesse ocupado por um guerreiro.
No total, havia dez mil homens em Ennord. Os outros dez mil, estavam distribuídos nas fronteiras com os outros três reinos. Desses homens responsáveis pela segurança de Ennord, metade era apenas na Capital, pois além de ser onde a Rainha e os mais ricos e poderosos nobres viviam, também era a maior cidade do reino, e onde havia a maior concentração de minas de pedras preciosas.
Agora, todos os cinco mil soldados que se localizavam na Capital, estavam no Castelo. E outros mais chegariam. Eles partiriam para Oris em menos de duas semanas.
Estranhamente, ninguém parecia estar tão nervoso quanto o Thomas estava. Talvez alguns dos novos soldados estivessem, mas a grande maioria dos homens estavam ansiosos e eufóricos para invadirem Oris. Eles realmente gostavam de batalhar. Thomas pensava que talvez fosse pelo fato de Ennord nunca ter perdido uma batalha depois que Rose se tornara a Rainha. Eles estavam acostumados com a vitória.
Todos os estábulos estavam totalmente ocupados por cavalos, e fora preciso usar uma grande parte dos terrenos ao leste do Castelo para comportar o resto deles que chegavam.
Rose dissera que queria dez mil homens para guerra, mas ali havia apenas a metade. A outra, já estava esperando ao longo de toda a fronteira entre Ennord e Oris.
Thomas não sabia qual era a tática de guerra de Rose. Não sabia se atacariam todo o reino ou apenas o Castelo, o que para Thomas faria mais sentido. Ela só precisava matar o rei e tomar o trono. Seria uma batalha rápida e sem muitas mortes, na opinião dele.
Os navios de Ennord também já estavam à postos nos mares próximo a Oris e, segundo relatórios de guerra que chegaram, não haviam encontrado nenhum navio do Norte ou de qualquer outro reino. Provavelmente Joseph já sabia que não poderia fugir pelo mar.
Sua armadura, assim como a de todos, chegara pela manhã. Era toda feita de aço negro reluzente, com uma rosa pintada na parte da frente, no peitoral. O elmo encaixava perfeitamente em sua cabeça e a cota de malha cobria toda a parte superior de seu corpo, como uma segunda pele. Apesar de haver várias partes e peças para compor a armadura, não era pesada. Thomas conseguia se movimentar bem usando-a, e descobriu que essa havia sido uma exigência de Rose para as novas armaduras. Elas deveriam ser mais leves, para dar melhor mobilidade para os soldados e, por isso, levavam mais dias para serem construídas, em comparação com as outras, e possuíam um método diferente de fabricação que Thomas não sabia explicar qual, mas que julgou ser bem interessante e complicado.
Ele como membro do conselho poderia ter uma armadura se quisesse, principalmente pelo fato de que o círculo íntimo da Rainha estava constantemente sob ameaças. Porém, Thomas não era um soldado, sua armadura não possuía nenhuma numeração. Ele não fazia parte do exército.
Thomas havia conhecido o Aron, alguns dias atrás. Não trocaram mais que meras palavras nesse primeiro encontro, Aron não parecia tão sociável, mas Thomas não o culpava, não depois de tudo o que havia acontecido.
Aron era quieto, mas de personalidade forte, Thomas conseguiu perceber isso. Algumas vezes, conversaram um pouco quando se encontraram no meio de seus afazeres, foram conversas sobre a guerra que se aproximava. Aron se mostrava extremamente ansioso para o combate. Em uma dessas conversas, Aron disse à Thomas o quanto queria matar todos em Oris de uma forma bem dolorosa. Thomas ficou espantado ao ouvir.
As tentativas de um outro encontro particular com Rose haviam sido frustradas, como ele achou que aconteceria. Eles apenas se encontravam nas reuniões do Conselho e assim que acabavam, ela o dispensava rapidamente. Thomas queria tentar convencer Rose a não atacar Oris. Ou pelo menos não dizimar todo um reino de pessoas inocentes.
Ele sabia que não ia conseguir. Não conseguiria mudar os planos de Rose, mas Thomas achava que Joseph se renderia em algum momento. Todos sabiam que não havia a menor possibilidade de Oris ganhar aquela guerra. Rose sabia e Joseph, provavelmente, também.
Contudo, Thomas tinha medo de que Rose não fosse esperar por uma rendição e que, mesmo que Joseph se rendesse, ela escolheria atacar no final. Ela estava esperando uma disputa, um massacre, não queria que fosse fácil ou simples. Não deixaria Oris sem um banho de sangue.
Thomas temia que, quanto mais tempo que Rose passasse isolada, pensando na guerra que estava por vir, mais aumentaria sua sede de vingança. Rose não podia ficar sozinha, não em um momento tão delicado quanto àquele. Ela tinha que saber que ainda havia alguém que se preocupava com ela, que amava ela. Precisava saber que havia algo a esperando depois da guerra, uma vida a esperando.
Ela estava focada demais, como se nada mais fosse importante o suficiente para ocupar seus pensamentos. Rose estava agindo como se a batalha fosse a última coisa que faria. Ela não pensava no que aconteceria depois, ou o que faria depois da guerra. Ela estava vivendo apenas para aquela guerra.
Thomas, então, decidiu que queria entregá-la a carta de Daehan. Havia uma grande probabilidade de algum deles morrer na batalha dos próximos dias e ele não queria morrer sem antes entregar àquela carta.
Pensar em morrer causou em um arrepio em sua espinha. Mas o que ele estava pensando? Era uma guerra! Todos ali poderiam morrer.
Estava parado na porta dos aposentos de Rose. Ele havia dito à um dos guardas que protegiam a área que precisava entregar um documento importante para a Rainha, e pediu que o soldado comunicasse isso à Rose. Aquilo havia sido uma mentira, mas ele sabia que se contasse a verdade, Rose não o permitiria passar.
Ela estava sentada, analisando o que Thomas julgava serem documentos sobre sua mesa. Ela fazia aquilo com muita frequência ultimamente.
Apesar das últimas semanas terem sido bastante intensas, assim como os últimos dias que se antecediam à guerra, Rose não parecia cansada. Não fisicamente. Sim, estava um pouco mais magra, Thomas conseguiu notar isso, mas se recusava a descansar um só minuto. Thomas sabia que alguma coisa estava acontecendo com ela. Ele percebera Rose divagando em alguns momentos. Ela ficava encarando fixamente suas mãos, como se estivesse vendo algo nelas que ninguém mais conseguia ver, as esfregava em suas vestes e voltava sua atenção as coisas que aconteciam à sua volta.
Thomas em nenhuma das vezes perguntou o que estava acontecendo. Rose não parecia querer falar sobre.
___________________________________________
Olha eu 😎
O impossível aconteceu, ninguém pediu, mas fiz uma conta no tiktok. Lá tem uma tentativa de fazer um edit aesthetic do livro, se vocês quiserem ir lá me seguir o user é: anahonorio22
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes Reis
RomanceApós o ataque ao Castelo, Rose toma uma decisão que mudará completamente a vida de todos e Thomas se vê em uma situação complicada, onde ele terá que escolher entre seguir seu coração ou a razão, indo contra a mulher que ama. [Livro dois]