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Não soube por quanto tempo ficou assim, em silêncio a admirando. Provavelmente estava parecendo um idiota, mas não conseguia evitar. Ele sempre pareceria um idiota na frente de Rose.

Reorganizou rapidamente seus pensamentos, agora com a sua mente trabalhando em tentar entender o que ela estava fazendo ali, já que não havia aceitado o convite dele para encontrá-lo.

– Rose... O que faz aqui? Houve algum problema? – Thomas perguntou, agora nervoso com o pensamento de que algo poderia não estar certo. Ele nem mesmo nos seus maiores sonhos imaginaria Rose ali, e vê-la parada no meio de seus aposentos havia sido um choque e tanto.

Rose negou com um leve aceno.

– Desculpe-me por aparecer assim. – ela falou baixo. – Eu... Hum... Eu só queria conversar com alguém. As únicas três pessoas que costumavam me ouvir não estão mais aqui, então...

Thomas entrou, fechando a porta atrás de si e aproximando-se de Rose.

– Claro, você pode vir aqui sempre que quiser. Eu sempre estarei aqui por você, Rose. Sempre que precisar de mim. – Deu um pequeno sorriso. – Achei que você não viria.

– E estava certo, eu não viria. Pelo menos não até dez minutos atrás.

– Fico feliz por ter mudado de ideia.

E o silêncio tomou conta daquele quarto. Thomas se sentia nervoso e sem jeito, suas mãos estavam suando e ele tentava enxugá-las disfarçadamente em suas vestes.

– Li os relatórios dos seus treinamentos, você se saiu bem, para o esperado. – Rose comentou, o encarando em silêncio por um tempo longo demais antes de continuar: – Me desculpe, Thomas. Eu sei que estou sendo muito dura com você ultimamente e espero que você não me odeie por isso. Eu só estou tentando te proteger, não que eu seja a melhor em fazer isso... Julgando pelo meu histórico.

Seu olhos negros agora brilhavam pelas lágrimas que se formaram, as quais ela tentava afastar. Não tinha ido ali para chorar na frente de Thomas.

– Eu sei, Rose. – Thomas se aproximou um pouco mais. – Eu não odeio você. Nunca vou odiar você.

Rose suspirou. Um suspiro pesado e cansado.

– Eu não sei mais o que fazer, Thomas. – Uma lágrima teimosa escorreu por seu rosto. – Eu sei o que eu tenho que fazer, mas não sei o que vai acontecer depois que eu o fizer. O que eu farei depois de atacar Oris? Quem eu serei depois disso? Essa guerra é mais como uma distração para mim. Claro que eu quero vingar o Daehan, a Noreen, e todos os que morreram naquele dia, mas eu estou fazendo isso na esperança de esquecer por um momento de toda essa merda que minha vida se tornou. Porque se eu estiver ocupando minha mente com estratégias de guerra e planos de ataque, não vou ter muito tempo para pensar em todo o resto. Pensar nele.

Thomas caminhou, encurtando cada vez mais o espaço que restava entre eles e parou, centímetros distantes à frente de Rose. Levou sua mão na direção do rosto dela e acariciou amorosamente, enxugando uma lágrima que rolou por sua bochecha esquerda.

– Eu sinto muita falta dele, Thomas. – Era como se Rose tivesse suportado tudo aquilo sozinha por tempo de mais e que agora só queria poder falar para alguém. Não havia mais ninguém para quem ela pudesse falar àquelas coisas. – Todos os dias. Não há um só minuto em que eu não pense no Daehan, mas eu não quero pensar. Eu não suporto pensar.

Rose nunca fora muito boa em expressar seus sentimentos. Não gostava de conversar sobre ela com ninguém. Daehan era a única pessoa para quem Rose costumava falar sobre seus pensamentos e como se sentia, ele insistia muito até que ela falasse porque ele queria ouvir. Queria saber como sua irmã estava, de verdade. Mesmo que quase sempre Rose tentasse disfarçar, dando-lhe respostas curtas e vagas, ele continuava tentando fazê-la falar.

Rose nunca quis preocupá-lo, não queria que ele pensasse que deveria fazer algo para ajudá-la, e por isso sempre que Daehan perguntava como ela estava, ela o garantia estar bem, mesmo que não estivesse. Não falava para ele sobre seus pesadelos, sobre sua insônia, sobre seu constante pressentimento de que algo estava errado. Sobre seu medo de se tornar como o seu pai, e sobre como estava se tornando mais parecido com ele a cada dia.

Não queria preocupá-lo, mas ele sempre quis saber. Sempre que percebia algo errado, ia até os aposentos dela e passava horas lá, a sondando silenciosamente. Até o momento em que Rose se cansava e perguntava o que ele queria ali, e então ele a enchia com milhares de perguntas.

“Você sabe que você pode me contar tudo.” Ele a dizia.

Agora, mais do que tudo, Rose o queria ali a enchendo de perguntas. Sentia saudades da insistência, quase irritante, de Daehan. Do jeito despreocupado e relaxado dele. De suas brincadeiras divertidas e suas piadas engraçadas. De sua risada contagiante e seu sorriso largo e sincero.

Queria tê-lo ali, perguntando-a se ela estava bem. Dessa vez ela não fingiria. Não tentaria disfarçar. Não o daria respostas curtas e vagas. Dessa vez ela diria que não, não estava nada bem.

– Ele é seu irmão, Rose. Você sempre vai lembrar dele, mesmo que seja doloroso. – Thomas falava gentilmente. – Eu sei que é difícil demais, principalmente para você, lidando com tudo isso, mas devemos ser fortes por nós e pelo Daehan. Você é a pessoa mais forte de todo o mundo, seu irmão sabia disso.

– Eu sinto muito, Thomas. Por tudo. – Ela o encarou, com os olhos vermelhos e marejados. – Você não deveria escolher ir para uma guerra por minha causa, não é justo. Não é justo com você, Thomas.

Thomas segurou o rosto de Rose com as duas mãos, a encarando profundamente.

– Me diga, Rose, se a situação fosse contrária, você lutaria por mim? – perguntou e Rose confirmou com um aceno.

– Com toda a certeza. – Rose respondeu prontamente, sem nenhuma hesitação. Rose morreria por tudo e todos que ela amava. E ela o amava.

– Então você sabe como eu me sinto. Por que eu não posso fazer o mesmo?

– Porque você não teria tomado essa decisão se não fosse por mim. – Rose respondeu, triste. – Você nunca escolheria se tornar um soldado, ou ir para uma guerra, Thomas. Você tem toda uma família te esperando, pessoas que se preocupam e se importam com você. Pessoas que esperam que você esteja feliz e seguro.

– Você é a única pessoa que importa para mim, Rose. Nesse último ano em que estive aqui, eu fui mais feliz do que em todos os meus vinte e sete anos de idade e tudo isso graças a você. Você me fez o homem mais feliz do mundo. E eu faria qualquer coisa por você. Mesmo que eu tenha que invadir o Castelo de Oris sozinho, e lutar contra um exército inteiro, não importa, eu farei por você. Por você, Rose.

– Eu estou tentado protegê-lo. Deixe-me protegê-lo.

– Eu sei, e eu entendo porque você está fazendo isso, mas e se algo acontecer com você na guerra enquanto eu permaneço seguro no Castelo? O que você espera que eu faça? Que eu siga a minha vida como se não tivesse a conhecido? Como se eu não fosse apaixonado por você? – Thomas suspirou. – Você sabe que eu não posso ficar aqui esperando.

– Eu não posso perder você, Thomas. Não você.

– Você não vai, eu prometo.

– Não faça promessas. – Rose baixou o rosto, afastando as mãos de Thomas de seu rosto. – Estou cansada de promessas.

– Olha pra mim. – Thomas mais uma vez segurou o rosto de Rose e o levantou com gentileza, a fazendo encará-lo novamente. – Você não vai me perder. Nunca. Eu vou estar lá ao seu lado quando você atacar Oris e vou estar aqui com você, quando voltarmos da batalha. Eu sempre vou estar ao seu lado, Rose. Nós vamos superar tudo isso, juntos. Eu prometo. E quando voltarmos, quando tudo isso tiver acabado, podemos ir embora, deixar esse lugar para trás. Podemos ir para qualquer lugar que você quiser, não importa qual seja. Eu iria até o fim do mundo com você, Rose.

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Tô animada ultimamente 😎

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