Capítulo Vinte e Sete. 🌹

135 26 11
                                    

– Todos prontos, Rose.

Rose estava de armadura – já fazia um tempo desse a última vez que a usara – e repassava as últimas ordens, relatórios e planos de ataque com George antes deles comandarem o exército para a batalha. Nenhum dos soldados que vigiavam o palácio relatou ter visto alguém deixando a construção por enquanto, e Rose sentiu-se satisfeita em saber que Joseph estava preso como um rato em seu próprio castelo, a aguardando.

A maioria dos cidadãos de Oris tinham ido embora durante a madrugada sem resistirem, e muitos também resistiram, mas essa era a menor das preocupações de Rose naquele momento. Tudo o que se passava em sua mente era o desejo ardente por vingança. Queria entrar naquele castelo e matar todos em seu caminho, especialmente Joseph e Robert. Muitas das noites de insônia de Rose, ele se pegou imaginando o que faria quando os encontrasse cara a cara. Possuía uma imaginação bem fértil, e criou infinitos cenários onde ela os torturava de todas as formas possíveis.

Apesar de não haver muitos detalhes na estratégia de ataque, pois Rose não achou necessário e conseguiu pensar em algo relativamente fácil de ser executado, sendo quem era, ela havia, sim, pensado em planos de contenção, para caso desse algo errado com o plano principal. Haveria arqueiros no topo da colina, e um pouco mais próximos ao castelo, eles ficariam responsáveis pelo primeiro ataque contra os soldados de Oris, derrubando algumas centenas deles com suas flechas. E depois, ficariam responsáveis apenas por abater os desgarrados que tentassem fugir, o que aconteceria com toda a certeza. Não deveria haver nenhum sobrevivente inimigo, Rose enfatizara bastante isso.

– Estaremos na vanguarda, como sempre. – repetiu para George, de cima de seu cavalo, fazendo uma checagem dos planos para garantir que tudo estivesse claro e bem entendido. Ambos eram extremamente perfeccionistas e minuciosos, e por isso se davam tão bem juntos. – Manteremos a luta na parte frontal do castelo, eles tentarão nos manter o mais distante possível dos portões. Nosso exército é maior e melhor que o de Joseph, eles não vão conseguir nos segurar por muito tempo.

George confirmou com um aceno de cabeça, ele também estava sobre sua montaria.

– Assim que os berrantes soarem, e nós atacarmos, Hal seguirá para o encontro com os soldados que estão vigiando a floresta. – George falou. – E será apenas uma questão de tempo até que eles consigam entrar e estarmos todos dentro do castelo.

Rose sorriu.

– Não vai demorar muito. – falou com sarcasmo e George também sorriu. – Joseph deveria ter construído um fosso em volta desse castelo, mas ele sempre foi acomodado demais para fazer qualquer coisa útil, apenas tornou a invasão bem mais fácil. – Apontou para as grandes máquinas de cerco que estavam não muito longe dali. – Confio totalmente na capacidade do Hal e de seus soldados, e na funcionalidade de meu plano, mas deixem os trabuquetes e as catapultas bem preparadas para caso, na remota possibilidade, eles não consigam passar pelo túnel. Não sairemos daqui até que Joseph esteja morto, e se precisarmos reduzir esse castelo à uma pilha de pedras, é isso o que faremos.

O sorriso de George aumentou, Rose tinha a impressão que ele gostava muito de usar aquelas máquinas de guerra, diferente dela. Não era como se Rose nunca as usasse, ela as achava práticas e rápidas, mas sentia que tirava toda a emoção, então se houvesse a possibilidade de obter o mesmo resultado sem as usar, ela faria. Gostava de pensar, de elaborar planos diferentes e executa-los. Gostava de desafios, de alimentar sua criatividade em resoluções de problemas e inteligência em estratégias, mesmo que os planos nem sempre fossem complexos e grandiosos. Rose era uma mulher prática e lógica, mas não gostava de se acostumar com os métodos mais fáceis de resoluções. Se todas as vezes que pretendesse invadir uma construção, usasse as máquinas de cerco, o que faria caso não pudesse usá-las? Se houvesse um castelo como o seu, onde as grandes catapultas não conseguiam ser transportadas devido à inclinação do terreno onde estava localizado, o que faria?

Por essas razões que ela sempre preferia se desafiar a encontrar um mecanismo alternativo. Não usava métodos óbvios, todo mundo se prepara para o óbvio. E contra isso, existia o fator surpresa. Quem imaginaria que Rose soubesse sobre passagens secretas que nem mesmo muitos dos empregados mais antigos de Oris conheciam? Quem imaginaria que a pequena princesa havia descoberto tais passagens e seguido pelo túnel até a saída na floresta? Quem imaginaria que ela ainda conseguiria se lembrar disso depois de tantos anos?

Esse era o fator surpresa de Rose.

– Está pronta para mais uma batalha, Majestade?

– Pronta como sempre estive. – Rose falou, olhando fundo nos olhos verde-escuros de George. – Luta ao meu lado mais uma vez? – Rose perguntou.

– Até a morte. – George respondeu com extrema firmeza e coragem. – Como sempre.

Ele confiava em Rose, tinha fé nela, sempre teve. Onze anos atrás, quando se alistou para entrar no exército, ele teve fé na jovem Rainha, que não possuía nada além de alguns poucos soldados e um reino inteiro, porém dividido, para governar.

George nunca se arrependeu daquela escolha.

Ele teve e tem fé em Rose. Agora ainda mais do que antes.

– Vamos torcer para que isso não aconteça. – Rose falou com diversão. – Não quero ter que levar o seu corpo de volta para Ennord.

George sorriu.

– Seria um pouco incômodo, realmente. – George fingiu analisar a possibilidade. – Prometo não ser morto.

Rose também sorriu.

– Vamos, General, temos um reino para tomar. – Rose falou e balançou levemente as rédeas de seu cavalo, o colocando em movimento. E assim, todo o exército também começou a se mover atrás de sua Rainha.

Com todos mais do que prontos, saíram em marcha. A linha da cavalaria, liderada por Rose, estava à frente de todos; George também fazia parte, e por isso estava ao lado dela. Os Generais Samuel e Hal vinham atrás, cada um comandando suas respectivas tropas. Hal mais à direita e mais afastado dos demais, seguiria com seus homens para a floresta assim que a batalha desse início, pois isso ocuparia os soldados que protegiam a frente do castelo e o General continuaria sem muitos bloqueios em seu caminho.

– Você tem trinta minutos. – Rose dissera para Hal, antes deles iniciarem a marcha em direção ao castelo, entregando para ele um pergaminho com as informações sobre as passagens secretas que ela havia preparado; e apesar dessas informações não estarem totalmente completas, já que Rose não encontrara todas as passagens em sua infância, ainda havia uma impressionante riqueza de detalhes. Principalmente levando em consideração que fazia quase duas décadas desde a última vez em que andou pelo túnel há muito esquecido. – Nós manteremos a luta na parte da frente, assim você e seus homens podem seguir para a floresta sem tantos inimigos para tentar impedi-los. Esperaremos por trinta minutos a partir do início do ataque. Vocês têm que entrar e abrir o castelo nesse tempo, caso não consigam, permaneçam em algum lugar seguro e protegido, pois usaremos as catapultas. Leve um aríete, vocês provavelmente irão precisar derrubar alguma porta no processo.

– Entendido, mas não será necessário as catapultas, Majestade. – Hal havia dito. – Meus homens e eu faremos isso nos trinta minutos que nos foi dado. Estarei contando os segundos para garantir.

– Eu também estarei.

Desceram a colina em direção à cidade e ao palácio, e como previsto e discutido calorosamente durante o conselho de guerra da noite anterior, o exército era numeroso demais para passar pela cidade de forma contida e branda. Se houvesse pessoas nas casas e ruas, seria inevitável seguir sem um confronto.
Enquanto observava a grande e antiga construção de longe, Rose pensou, com diversão, em como o Rei Antony escolhera o pior lugar da cidade para construir um castelo. Ficava relativamente próximo de uma não tão grande colina – que fornecia vista privilegiada –, em um terreno quase que totalmente plano. Não havia fosso ao redor ou rota de fuga secreta, além do túnel que dava na floresta, mas que não se estendia por muitos quilômetros, então não os concedia muita vantagem, podendo ser rapidamente alcançados por cavaleiros. Mesmo que fugissem por aquele caminho – e que não fossem alcançados – eles teriam que escolher entre continuar viajando pelas cidades do reino, ou ir na direção da cidade portuária mais próxima, que ficava a pelo menos dois dias de cavalgada ininterrupta, e tentar embarcar em algum navio – o que poderia ser uma tarefa complicada, uma vez que Oris não possuía grande comércio marítimo e poucos navios zarpavam em suas cidades portuárias. Seguir pela estrada principal que cruzava o reino também não seria uma opção.

Aquele castelo não era nem um pouco estratégico.

O Castelo de Rose era muito superior àquele, modéstias a parte. Sua localização dificultava a invasão de um grande exército com suas máquinas, e sua estrutura era praticamente impenetrável. O pai de Rose, há muitos anos atrás, havia decidido reforçar todas as muralhas do palácio, o tornando completamente seguro, depois de trancado, obviamente. Foram esses reforços que o antigo rei fizera que permitiram que Rose se trancasse e ficasse segura com Daehan quando seus parentes iniciaram a rebelião contra sua ascensão ao trono, após a morte de seu pai.

Seguiram por mais algumas centenas de metros, cruzando a cidade que estava completamente vazia, tal qual uma cidade fantasma; com exceção de alguns animais que foram deixados para trás, assim como vários objetos que as pessoas apressadas não tiveram tempo de levar consigo. Passaram por diversas ruas que aparentavam terem sido palco para confrontos, como previsto, com estruturas quebradas violentamente, casebres que ainda queimavam, armas largadas no chão, manchas de sangue e até mesmo um grande número de corpos sem vida espalhados, o que indicava que houvera resistência por parte de vários dos cidadãos. Todos – menos Thomas, obviamente – não se importaram com a visão dos corpos caídos, e seguiam caminho como se aquilo não fosse nada de mais. E não era. Não para eles.

___________________________________________

A cada leitura sem favoritar e sem comentar é um personagem que eu matarei 💀 a vida deles está nas mãos de vocês, reflitam

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

A cada leitura sem favoritar e sem comentar é um personagem que eu matarei 💀 a vida deles está nas mãos de vocês, reflitam...

Até o próximo capítulo 🌹😎

A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora