Capítulo Trinta e Nove. 🌹

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– Está tudo bem, querida? – Uma mulher perguntou. Era baixa e velha, andava lentamente e sem muita disposição. Trazia em sua mão uma cesta de frutas que parecia pesada.

Rose estava parada, com suas mãos juntas descansando atrás de seu corpo. Olhava para a estrada, do lado de fora dos portões em frente à casa de um nobre que morrera no dia anterior, cujo o corpo estava sendo velado naquele instante. Fora prestar suas condolências, em respeito ao homem que, desde o momento que Rose se tornara a Rainha, havia sido um dos poucos que a apoiou. Ben – como Rose costumava chamá-lo – era um homem velho e doente, já era velho no dia que Rose o conhecera, e sua saúde ficou ainda mais debilitada com o passar dos anos.

Prestou suas condolências à viúva e aos filhos e se retirou – se sentia ainda mais desconfortável em funerais agora –, e decidiu ficar aguardando George que ainda estava dentro da casa.

Rose virou-se para a mulher, apenas alguns metros de distância.

– Estou. – respondeu prontamente.

– Parece triste. – a senhora analisou. – Conhecia o Lorde Benjamin? – Indicou o casarão com um aceno de cabeça.

– Sim, conhecia. – Rose disse, mas não estava triste como aquela senhora pensava. Ben já estava velho e doente há muito, era uma questão de tempo até que morresse. Não fora uma tragédia ou algo no mínimo surpreendente.

Lorde Benjamin tivera uma vida longa, o que o tornava mais sortudo do que muitos.

– Era um bom homem. – a mulher falou, pesarosa.

– Sim, ele era. – Rose concordou e voltou a olhar a estrada. Atrás de si, era o portão levava para a grande casa, cheia de pessoas que estavam ali para o velório.

– Qual é o seu nome, querida? Perdão se já nos conhecemos antes, minha visão não é tão boa quanto costumava ser, e minha memória... Não lembro de muita coisa agora, principalmente de rostos.

A voz da mulher era fraca e trêmula. Rose tinha que se concentrar bastante para poder ouvi-la e compreende-la.

– Me chamo Rose.

– É um nome muito bonito. – a mulher elogiou. – Me chamo Cellina.

– Prazer em conhecê-la, Cellina. – Rose disse cordial. – Você mora por aqui?

Não tinha muito interesse em desenvolver uma conversa, mas como George estava demorando para sair, e aquela mulher parecia não ir embora tão cedo, perguntou.

– Aqui? – repetiu Cellina, com um espanto. – Aqui moram os nobres. Pessoas como eu não moram aqui, trabalham por aqui. Tenho uma barraca de frutas na feira, e alguns dos nobres são meus clientes. Poucos, é verdade, ninguém parece querer comprar algo de uma velha como eu, mas o Lorde Benjamin sempre foi bom comigo, era um dos clientes mais fiéis. – Levantou minimamente a cesta em suas mãos tão magras que qualquer força em excesso poderia quebra-las. – Pensei em trazer as frutas que ele mais gostava uma última vez.

– É um belo gesto. – Rose elogiou e a mulher sorriu, também não possuía muitos dentes sobrando.

Nesse momento, George saiu do casarão e caminhou para fora do portão.  Finalmente, Rose pensou. Ele olhou com curiosidade para Rose e a senhora ao seu lado, tentando entender o que estava acontecendo.

– E esse rapaz bonito? – Cellina se admirou, ainda que parecesse ter certa dificuldade em enxergar George.
Rose olhou para George, com uma sobrancelha erguida. Deixaria que ele mesmo se apresentasse.

– Me chamo George, milady. – ele se apresentou educado, embora Cellina não fosse uma Lady.

– Ele é o seu namorado? – a mulher perguntou, voltando a falar com Rose.

A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora