O exército de Ennord estava em um acampamento a menos de uma milha de distância do castelo do reino do Norte, aquele era o último acampamento antes da batalha começar no dia seguinte. A fumaça criada pelas milhares de fogueiras do exército se erguia na direção do céu sem nuvens da noite de Oris, o transformando em uma paisagem acinzentada e sombria. Como um anúncio do que estava para acontecer.
A capital de Oris era dividida em três partes: no centro, o castelo, moradia do rei e apenas da família real. Ficava em uma grande planície de campo verde e grama baixa; à esquerda havia casebres e barracos onde viviam os empregados do castelo, ou das plantações que eram de propriedade do rei, não havia muitos outros empregos em Oris além do cultivo; E, por último, à direita, viviam os nobres mais ricos do reino, sendo a aglomeração de casas grandes e luxuosas bem menor que as dos humildes casebres.
Rose sempre achou a divisão territorial da capital de Oris, que separava as pessoas exclusivamente pela riqueza que possuíam, uma completa idiotice, mas era exatamente isso que se esperava de alguém como Joseph e seus nobres.
O castelo, ainda que possuísse um imenso terreno verde em sua frente, era cercado em ambos os lados – e na frente – pela cidade, como duas muralhas o protegendo, e para chegar até ele, era inevitavelmente preciso passar pelas ruas, becos e vielas da cidade. Na parte de trás do castelo, havia um amontoado de árvores altas o suficiente para serem vistas à centenas de metros; e várias milhas para a direita, era possível ver as duas grandes e únicas montanhas que eram o símbolo do reino, onde lendas diziam que a moradia dos deuses do norte se localizava exatamente no meio delas, entre as duas, assim como um vasto jardim onde crescia todo tipo de fruta existente no mundo, até mesmo as “mágicas”.
Era madrugada e o crepitar tênue do fogo perdurava por quase toda a noite. Os soldados, sempre que possível, tentavam manter as fogueiras acesas, mas um por um quase todos adormeciam com o tempo, e não viam quando as chamas se tornavam cada vez menores, até se transformarem por completo em brasa e cinzas. Era necessário que todos dormissem bem, ou ao menos a maioria deles; precisavam estar descansados para a manhã seguinte. Algumas centenas de soldados estavam de guarda, vigiando todo o perímetro. Rose havia mandado batedores para a cidade, para observar o movimento das pessoas e descobrir qual seria o plano de defesa de Joseph ali. Os soldados dele teriam que se dividir entre proteger o rei, em seu castelo, e a população em suas casas, e fazer isso com um número pequeno de homens era uma tarefa complicada. Colocar todo mundo em um único lugar para protegê-los era a ideia mais inteligente e eficiente, porém Rose tinha dúvidas de que Joseph decidiria fazer isso.
Ela estava reunida com os três generais, sentados em cadeiras postas no centro do acampamento, ao ar livre. Rose não achou necessário que a reunião acontecesse de forma privada em sua tenda. Ali estavam, os Quatro Generais de Ennord, reunidos para o último conselho de guerra antes que a batalha começasse, cena que não era incomum, mas que há muito tempo não se repetia. Na pequena mesa redonda, que estava no meio deles, havia um mapa da capital, o mesmo mapa que Rose analisara por dias.
Thomas observava de alguns metros de distância, sentado próximo à uma fogueira para espantar o frio das noites de Oris. Admirava o crepitar do fogo e o tremer das chamas, mexendo as madeiras fumegantes com um galho comprido algumas vezes para que o fogo não se extinguisse. Tentava parecer alheio à sua volta, mas continuava com seus ouvidos atentos, prestando toda a sua atenção no que aquelas quatro pessoas conversavam. Estava desesperadamente ansioso para falar com Rose, mas quando retornou com Hames da cidade, a reunião já havia começado, e ele sabia que não deveria atrapalhar.
– Vimos um grupo armado no lado esquerdo, Vossa Majestade. – Hames comunicou, quando Rose o mandou contar o que vira.
– São soldados? – Rose perguntou.
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A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes Reis
RomanceApós o ataque ao Castelo, Rose toma uma decisão que mudará completamente a vida de todos e Thomas se vê em uma situação complicada, onde ele terá que escolher entre seguir seu coração ou a razão, indo contra a mulher que ama. [Livro dois]