Capítulo Quarenta e Dois. 🌹

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A campina se encontrava mais florida do que jamais esteve, até parecia que a natureza tinha lhes preparado aquilo. Um pequeno caminho havia sido aberto até o centro, onde uma estrutura de madeira, em formato de arco, coberto por flores coloridas, com uns três metros de altura, fora colocada.

Algumas poucas cadeiras foram distribuídas posicionadas em ambos os lados do caminho, apenas vinte delas, e vinte pessoas as ocupavam. À esquerda do arco, quatro músicos com seus instrumentos de corda e sopro aguardavam a deixa para começarem a tocar.

O céu apresentava-se claro e limpo, com quase nenhuma nuvem, e o tempo muito agradável. Era o lugar perfeito para a ocasião. Na realidade, não parecia haver um lugar mais apropriado do que esse.
Havia também um sacerdote esperando próximo ao arco de madeira, trajado com uma túnica dourada e elegante que fora um presente da Rainha. Apesar da presença daquele homem não ter sido um desejo profundo dela, Rose decidiu que se ia fazer aquilo, então faria direito.

Era o casamento dela. Dela e de Thomas. Estava acontecendo seis meses depois do ocorrido na estrada, que quase custou sua vida. Precipitado? Não. Não para ela. Não depois de tudo o que lhe acontecera. Fizera a escolha de viver, e era isto o que estava fazendo. A vida que escolheu precisava do Thomas presente nela. Conhecia ele há tempo o suficiente para saber quem Thomas era, e para ter a certeza de que queria ele ao seu lado, não apenas como o escriba do Conselho ou até mesmo um namorado.

Queria ele como seu rei. Um companheiro para a vida. Alguém para estar ao seu lado em momentos difíceis, mas também nos momentos felizes, principalmente nesses momentos. Nunca se envolvera amorosamente com ninguém, e isso nunca fora um problema. Nunca pensou que se casaria algum dia, sempre descartou essa possibilidade, especialmente quando evitava ao máximo se aproximar das pessoas – sentimentos facilmente poderiam se tornar complicações – e fugia da ideia de casamento arranjado como morcego foge da luz. Odiava ainda mais isso. Porém, agora não pensava mais assim, não com o Thomas. Thomas veio para mudar muitas das coisas que Rose sabia sobre si mesma, ou que achava saber, muitas de suas convicções e desejos. Agora ela desejava se casar. Não com alguém, mas com ele.

Queria Thomas como seu marido. Então ela o pediu em casamento.

Era de noite, após um dia tão comum da nova realidade deles que Thomas não desconfiou de nada. Estavam nos aposentos dela – dormiam quase todas as noites juntos – e aquela não seria diferente, mas foi. Eles estavam na varanda, olhando a noite e conversando sobre assuntos diversos, e Rose adentrou novamente no quarto. Thomas a seguiu momentos depois, e a encontrou parada no centro dos aposentos, o encarando e o esperando de uma forma que indicava planejar algo. Em sua mão, havia uma caixinha e Thomas acreditou que deveria ser um presente. Não estava totalmente enganado, no final, embora o que aquela caixinha abrigava fosse algo de uma significância infinitamente maior do que qualquer outra coisa que pudesse receber.

Thomas havia ficado tão surpreso quando ouviu o pedido sair dos lábios dela que paralisara. Rose esperou alguns minutos ele se recuperar, temendo que ele desmaiasse em sua frente. Quando pareceu voltar ao seu corpo, Thomas perguntou uma dezena de vezes se Rose estava falando sério. Ela nunca falara tão sério quanto naquele momento. Na caixinha de madeira adornada que ela trazia consigo, não havia aliança ou qualquer anel, mas sim um colar, bem semelhante ao que Rose possuía antes. De cor prata e com uma pedra de rubi ao centro. O colar do rei.

– Case-se comigo, Thomas. Case-se comigo e viva no Castelo, ou eu posso construir outro para você, se desejar. Mandarei que plantem todas as flores e árvores que gosta, e que comprem todos os livros que deseja ler. Case-se comigo e esteja aqui, ao meu lado, nas reuniões do Conselho, nos jantares formais e nas viagens. Case-se comigo e partilharemos o trono, o quarto e a vida. Case-se comigo e seja meu amigo, meu companheiro, meu confidente, meu amor e meu rei. O pedi para partir muitas vezes, mas agora peço o contrário, e rezo aos céus para que aceite. Case-se comigo e fique, Thomas... Fique comigo para sempre.

A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora