– Você vai matar todos no castelo? – perguntou baixo. Rose não respondeu. – Vai matar todos na cidade também?
– Eu os dei uma saída. – Rose rebateu, extremamente calma.
– Abandonar seu lar ou morrer? Isso não me parece uma saída.
– Alguns diriam que eu estou sendo bem generosa. – Rose comentou. – Eu poderia simplesmente marchar com o meu exército sobre todos eles, me pouparia tempo e esforços.
– E você acha isso certo?
Rose suspirou e revirou os olhos em impaciência.
– Você até pode ser inteligente sobre muitas coisas, Thomas, mas não sabe nada sobre guerras.
– Não, tem razão, mas eu sei o que é certo e errado! – ele rebateu. – E vocês, com todos os anos de experiência, com todas as batalhas, parecem não entender isso ainda.
Rose riu soprado.
– Responda-me com sinceridade, Thomas, o que, de verdade, você espera? – Rose virou para encara-lo. – Não acredito que você seja tão ingênuo assim para pensar que há alguma possibilidade de impedir esse ataque, ou de impedir mortes de acontecerem. Vai ser preciso mais do que um único homem para impedir isso. Eu não estou aqui para tomar chá com Joseph e discutir questões políticas. Não irei bater nos portões do castelo e pedir educadamente pela rendição dele, até porque não desejo uma. Isso é uma guerra, ainda não entendeu? O povo de Oris vai pagar pelos erros de seu rei, como sempre foi e como sempre será... Não me encare como se eu fosse um monstro, eu dei a eles uma escolha. Se aceitam ou não, já não é problema meu. Não posso tomar a decisão por eles, lembra? Não gostou quando fiz isso por você. Por acaso queria que eu pegasse cada um pela mão e levasse em segurança para Ennord? – perguntou sarcástica. – Ofereci a eles mais do que Joseph ofereceria aos cidadãos de Ennord se a situação fosse contrária, tenha certeza disso. Eles deveriam ficar gratos por eu estar disposta a dá-los uma chance, normalmente não costumo ser tão caridosa, mas se eles desejarem morrer pelo seu rei, então eu vou garantir que o desejo deles seja atendido.
– E se eles não aceitarem sair de suas casas? Você está os obrigando a deixar suas vidas, seus lares, seus amigos. Você vai matá-los por não aceitarem deixar tudo o que possuem para trás? Onde no mundo isso é justo?
– Não estou aqui para trazer justiça, Thomas. Estou aqui para fazer vingança, e isso são duas coisas bem diferentes. – Rose retrucou.
– São pessoas inocentes, Rose!
– Se estão do lado do Joseph não são inocentes. – Rose rebateu.
– Eu ficaria do seu lado, mesmo que você estivesse errada.
Rose ergueu uma sobrancelha.
– Como está do meu lado agora? – ela ironizou.
– Isso é diferente.
– E qual é a diferença? Curioso você dizer que ficaria ao meu lado, já que tudo o que tem feito é julgar. Sempre foi rápido em julgar nossos atos, não é, Thomas? Julgar nossas ações, questionar minhas decisões. Como você acha que vencemos todas as batalhas? Tenha certeza de que não foi com diplomacia. – Sorriu. – Eu estou aqui para matar Joseph, Robert e todos os malditos e covardes nobres que se escondem atrás das muralhas daquele castelo. Não irei embora até que eu tenha concluído o que vim aqui para fazer. Levarei as cabeças deles como troféus, e se eu tiver que queimar um reino inteiro para isso, então essa será a maior pira funerária de toda a história. – Um brilho feroz iluminou os olhos de Rose. – Não vai conseguir salvar ninguém se continuar com toda essa piedade e hesitação em fazer o que deve ser feito, não vai conseguir salvar nem a si próprio, o que seria uma pena. Quando o sol nascer, atacaremos a cidade e o castelo, e qualquer um que estiver no meu caminho, morrerá. Não importa quem seja.
“Não sei por que continuo tentando me justificar para você, nunca precisei da aprovação de ninguém para matar pessoas, assim como agora certamente não preciso da sua... Eu disse que você não deveria estar aqui, Thomas, e você deveria ter me ouvido quando pôde, mas aqui ainda está você. Você queria se tornar um soldado, disse que conseguia, esta é a sua chance. Isso é ser um soldado, aceite ou vá embora, é uma escolha bem simples, não tem ninguém o segurando aqui. Mas se você escolher colocar sua armadura e lutar ao lado de Ennord amanhã, então é bom estar preparado para fazer o que todos nós fazemos, ou haverá consequências. Tentaria dormir um pouco se fosse você, atacaremos bem cedo e batalhar cansado não é uma decisão inteligente. Especialmente para um novato.”O terror estava estampado no rosto de Thomas. Parado como uma estátua assustada, ele a encarou completamente boquiaberto. Estupefato. Atônito. Rose parecia uma outra pessoa falando daquela forma. Uma completamente diferente. E não era como se eles estivesse vendo um lado da Rose do qual não gostava, ele nunca tinha visto ela agir desse jeito. Como se aquela parte dela tivesse permanecido adormecida em algum lugar profundo de seu subconsciente até que algo a trouxera de volta à superfície. E o pior, ao que tudo indicava, essa parte mais sombria tinha tomado o lugar da “antiga Rose”.
Completamente? Thomas não sabia dizer. Porém, olhando-a ali, ele só conseguia enxergar essa versão que não lhe agradava nem um pouco. Seria esse lado da Rainha que todos que a descreviam como cruel e assustadora conheciam?
– O que aconteceu com você? Por que está agindo dessa forma? Essa não é você, Rose... Você não é assim.
Rose riu, como se tivesse ouvido uma piada engraçada. Deu alguns passos na direção de Thomas e parou, ficando poucos centímetros de distância dele, tão perto que ele conseguia sentir a respiração quente dela, em contraste com o vento frio, tocar em seu rosto. Diferente das outras vezes que ela fizera isso, Thomas não sentiu seu coração palpitar freneticamente de entusiasmo ou felicidade, era exatamente o contrário. Sentia um frio em seus ossos. Sentia medo. Pela primeira vez, desde que a conheceu, ele verdadeiramente sentiu medo da Rose.
– Eu sempre fui assim, Thomas, você é quem nunca percebeu. – Rose falou. Sua voz saía baixa, quase um sussurro. – Ou talvez só nunca quis perceber.
Havia uma expressão em seu rosto que Thomas nunca vira antes e que não sabia explicar em palavras, mesmo que conhecesse muitas delas. Era um misto de raiva, excitação, impulsividade; como se ela estivesse furiosa a ponto de cortar a garganta de alguém em um único segundo e, ainda assim, se divertisse com a ideia de invadir a cidade e o castelo, e assassinar milhares de pessoas; como se ansiasse por isso. Era ameaçadora demais, mesmo sendo a Rose.
Deu as costas para Thomas e se afastou calmamente, cantarolando uma música que ele reconheceu ser a mesma de sempre, e indo na direção de sua tenda. Ele ainda estava completamente em choque com aquelas últimas palavras, com a forma que Rose estava agindo. Parecia loucura. Ele poderia achar que ficara maluco e talvez realmente estivesse. Qualquer pessoa diria isso se ele relatasse o que se passava em seus pensamentos, mas sentia como se a Rose que ele conhecia, e por quem era apaixonado, tivesse sido substituída por uma outra. Uma mais cruel... Como se fosse possível.
Ou talvez não. Talvez aquela fosse a verdadeira Rose. A Rose que Thomas nunca notara antes. Talvez porque não quisesse ver esse lado dela. Porque aceitar que Rose seria capaz de fazer algo assim era perceber que muito do que ele conhecia, do que admirava e do que amava nela não era exatamente como pensava.
Que Rose não era exatamente como ele pensava.
Seria verdade o que Rose dissera? Ele realmente não a conhecia?
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Rose mandou o papo 😳Vocês não esperavam por mim cedo assim, mas eu sou tal qual o mestre dos magos, apareço do nada 💖
Comentem bem muito ou eu vou matar vários personagens 💀A guerra tá CHEGANDOOOO
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A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes Reis
DragosteApós o ataque ao Castelo, Rose toma uma decisão que mudará completamente a vida de todos e Thomas se vê em uma situação complicada, onde ele terá que escolher entre seguir seu coração ou a razão, indo contra a mulher que ama. [Livro dois]