Thomas posicionou cuidadosamente a flecha no arco, ergueu o braço e puxou a corda até perto de seu queixo. Mirou no alvo mais perto, não seria ganancioso, ele sabia que não havia a menor possibilidade de acertar os alvos mais distantes.
Respirou fundo algumas vezes, tentando fazer sua mão parar de tremer e focar sua visão no centro do alvo pintado em vermelho. Soltou a flecha, que cruzou os vários metros rapidamente cortando o ar, mas que não acertou o alvo.
Não chegou nem perto.
– Tente de novo. – Hames o encorajou. – Aquela não estava valendo.
E Thomas mais uma vez repetiu o processo, respirou fundo e liberou a flecha na direção do grande alvo vermelho. Mais uma vez, sem sucesso.
Com Hames ao seu lado, tentando conter uma risada, mas ainda o encorajando, Thomas tentou outras várias vezes acertar aquele alvo. Chegou até a dar alguns passos para frente, mesmo com Hames dizendo que aquilo era trapaça, mas nada parecia adiantar. Ele agora estava começando a ficar um pouco irritado.
– Você é péssimo. – Hames comentou, admirado. – Você deve ser a pessoa com a pior mira de todo o reino. Eu nunca vi alguém tão ruim como você.
Deu uma risada alta e Thomas o olhou bravo.
– Você não está ajudando. – Thomas retrucou. – Poderia parar de rir de mim e me ensinar?
– Não se ensina alguém a atirar uma flecha, Thomas. – Hames falou, parecia estar se divertindo. – Eu posso dá-lo dicas e técnicas, mas depende de você.
– Você parece a Rose falando. – Thomas comentou.
– Quem você acha que me disse essas palavras? – Hames sorriu.
– E você? – Thomas o encarou. – Consegue acertar aquele? – Apontou para o alvo mais adiante.
Hames olhou do alvo para Thomas e sorriu, levantando ambas as sobrancelhas várias vezes, como se tivesse gostado de ouvir aquelas palavras.
– Você sabe que eu sou um dos melhores soldados do exército, não é? – perguntou, com um sorriso largo. – Observe o mestre, meu caro aprendiz. – falou extremamente cordial e, com um gesto dramático, tomou o arco das mãos de Thomas.
Hames mirou a flecha no alvo que estava, a pelos menos, uns cem metros de distância.
– Você precisa erguer o cotovelo. – Hames explicou, enquanto levantava seu cotovelo para demonstrar a Thomas o que fazer.
Retesou o arco, firmemente e, quando soltou a flecha, ela levou apenas alguns segundos para cortar as dezenas de metros de grama verde até parar, exatamente, no centro daquele alvo.
Thomas emitiu um som de surpresa.– Como você fez aquilo?
– Como eu disse, treinamento. – Voltou a entregar o arco para Thomas. – Você precisa treinar mais. Muito mais.
– Mas eu não tenho tempo. – argumentou Thomas.
– Não há realmente nada que eu possa fazer para ajudá-lo, Thomas. – Hames balançou os ombros, desculpando-se.
– Você vai passar o relatório do treinamento de hoje para Rose?
– Eu tenho que fazer isso. – Tocou o ombro de Thomas. – Desculpe-me, Thomas, são ordens.
– Claro. – Thomas falou, um pouco triste.
As horas se passaram e Thomas não parou de atirar as flechas um só minuto. Em um momento, quase acertou o alvo, errando apenas por questões de centímetros, e ficou feliz, ele parecia estar progredindo. Observava de canto de olho, Hames pegar seu corriqueiro pergaminho e anotar algo que Thomas sabia ser os resultados dele. Péssimos resultados, por sinal.
– Por que não estamos acampando nos jardins? – Thomas perguntou, desviando sua atenção do alvo para Hames que estava sentado despretensiosamente apoiado em seus cotovelos. – Os soldados não acampam durante o treinamento?
– Sairemos para guerra em poucos dias, você terá a experiência real enquanto estivermos na estrada. – Hames respondeu simples. – Agora, continue, não acho que você vá querer que a Rose leia esses resultados. – falou, erguendo o pergaminho.
Thomas revirou os olhos e, com um suspiro audível, voltou a atirar as flechas.
Havia atirado tantas flechas que perdera as contas, e estava prestes a desistir daquele treinamento e pedir para que Hames avaliasse suas habilidades em arco e flecha outro dia, mas ao atirar aquela última flecha, o inesperado aconteceu. Ele, finalmente, acertou o alvo.
Não foi no centro do alvo, mas pelo menos havia acertado.
Thomas comemorou alegremente e Hames se colocou em joelhos, agradecendo teatralmente aos deuses, o que fez Thomas dar uma risada. Hames era um homem muito engraçado.
– Uma é melhor que zero, não é? – Hames falou, tentando conter o riso. – Acho que Rose ficará bastante orgulhosa.
Thomas sabia que Hames estava brincando.
– Anote isso no seu pergaminho. – Thomas ergueu o dedo indicador na direção do soldado.
Hames, ainda sorrindo, fez o que Thomas falara e anotou algo que ele não conseguiu ver. Hames nunca o deixava ver o que estava escrito.
– Bem, esse foi o treinamento de hoje. Não temos mais tempo para continuar. Talvez possamos treinar pontaria outro dia, na tentativa de melhorar seus resultados. – Hames falou, recolhendo as flechas que restaram. Muitas delas haviam ido na direção das árvores, e outras ficaram caídas espalhadas na grama. – Se eu fosse você, descansaria bastante para o treinamento de amanhã.
Thomas o fitou desconfiado.
– Por quê?
Hames sorriu diabolicamente.
– Aceite o meu conselho, Thomas. – Deu duas batidinhas no ombro de Thomas. – Descanse.
Piscou um dos olhos de forma sugestiva e se afastou.
Thomas ficou ansioso imaginando o que seria o treinamento do dia seguinte.Já era noite e Thomas estava caminhando pelos jardins do Castelo, já havia terminado todo o seu trabalho e, por mais cansado que estivesse, decidiu sair para uma caminhada. Andou por alguns minutos, sentindo o vento noturno bater em suas bochechas, passando por soldados que conversavam animadamente ou apenas dormiam em suas tendas, quando avistou alguém deitado na grama.
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A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes Reis
RomanceApós o ataque ao Castelo, Rose toma uma decisão que mudará completamente a vida de todos e Thomas se vê em uma situação complicada, onde ele terá que escolher entre seguir seu coração ou a razão, indo contra a mulher que ama. [Livro dois]