Capítulo Catorze.🌹

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Era mais um dia de treinamento. Thomas estava nos jardins do Castelo – que agora se encontravam mais vagos, já que algumas milhares de soldados haviam partido para Oris – e esperava Hames que, estranhamente, estava atrasado dessa vez. Hames sempre chegava primeiro, era extremamente pontual, já que o seu trabalho exigia isso, mas ali estava Thomas sozinho, sem nenhum sinal do soldado.

Thomas pensou que talvez o Hames tivesse se esquecido que haveria o treinamento, ou talvez acontecera algo que o impossibilitou aparecer. Talvez estivesse ocupado demais. Porém, para todas as possibilidades, Thomas sabia que o Hames teria dado um jeito de lhe avisar, o que não aconteceu. Então decidiu esperar por mais algum tempo.

Não precisou esperar muito, ele mal havia se sentado na grama e apreciado o céu ainda noturno e cinzento, quando olhou na direção da entrada do Castelo e viu Hames se aproximar, acompanhado de alguém que Thomas teve que forçar um pouco seus olhos para reconhecer, já que ainda estava escuro. Era a Joane.

Não via Joane com frequência. Para falar a verdade, a última vez que conversara com a Jovem havia sido quando o Castelo fora reaberto. Ele sabia que Joane iria para a guerra, as notícias corriam rápido demais no Castelo. Muitas pessoas se questionavam se Rose havia feito uma boa escolha em torná-la uma soldado, pois achavam que Joane não possuía habilidades necessárias para ser uma.

Thomas não a conhecia direito. Tudo o que sabia sobre a Joane havia sido a Rose quem o contou, e ela não havia contado muito. Porém, julgando o quanto conhecia a Rainha, ele sabia que ela não permitiria que Joane se tornasse uma guerreira, e fosse para uma guerra, caso não estivesse satisfeita com os resultados obtidos pela jovem, e isso já devia ser um sinal bem claro sobre as habilidades dela.

Confiava no julgamento da Rose, afinal, ela estava nisso há muito tempo.

Ficou observando os dois soldados se aproximarem. Ambos usando armaduras, Thomas conseguia ouvir o tilintar dos metais a metros de distância. Ainda estava tentando entender o que a Joane estaria fazendo ali, não era como se ela precisasse de algum treinamento, ela já havia passado por todo aquele processo e fora bem sucedida. Iria para a guerra daqui a dois dias, junto com os outros guerreiros.

– Bom dia. – Hames falou quando chegou perto o suficiente para que Thomas pudesse ouvi-lo. – Desculpe-me pelo atraso, eu não sabia onde era os aposentos da Joane, então tive que encontrar alguém que soubesse para poder trazê-la.

Joane sorriu minimamente.

– Bom dia, Lorde Thomas. – Ela cumprimentou. – Como vai?

– Vou bem, obrigado. – Thomas sorriu e se levantou. – E você? Como se sente com a partida para a batalha se aproximando.

Joane parecia animada demais com aquela ideia. Ao ouvir a pergunta de Thomas, seu rosto acendeu em puro entusiasmo e ela parecia tentar se conter para não dar pequenos pulinhos de alegria. Aquele era um sonho se realizando.

– Estou muito animada. – ela respondeu sorridente. Não que precisasse responder, todo mundo poderia ver o quão animada ela parecia. – Apesar de estar um pouco nervosa, já que essa é a primeira vez que irei participar de uma guerra, e eu preciso mostrar um bom desempenho para a Rainha.

– Você vai se sair bem. – Thomas respondeu. Não sabia se aquela deveria ser a melhor resposta para se dar. Na verdade ele queria dizê-la para ser cautelosa na hora da batalha e esperta o suficiente para decidir fugir, caso necessário, mas se conteve. Não era dever dele falar aquelas coisas.

– Tudo bem, vamos encerrar o papo e começar com o último treinamento. – Hames falou, olhando para Thomas. – Seu último treinamento. Como se sente?

– Aliviado. – Thomas respondeu e Hames soltou uma risada. – Porém feliz.

– Então você ficará mais feliz em saber que hoje irá duelar com a Joane. – Hames sorriu e indicou a jovem ao seu lado. Thomas o encarou surpreso, seu olhar indo de Hames para Joane algumas vezes. Ele não esperava algo assim acontecendo. – Ela também nunca esteve em uma batalha antes, então achei que seria uma boa ideia colocar vocês dois para duelarem. Será um aquecimento para a guerra.

– Você tem certeza?

– Não vá me dizer que você não quer lutar contra a Joane por ela ser uma mulher. – Hames brincou. – Não cometa o mesmo erro que eu cometi com a Rose, Thomas. A Joane vai chutar tanto o seu traseiro que você não vai conseguir montar em seu cavalo.

– Tenho certeza disso. – Thomas falou. – É disso que tenho medo.

Joane sorriu.

– Não se preocupe, Lorde Thomas, eu irei pegar leve com você. – Joane o tranquilizou, mas Thomas apressou-se em negar.

– Por favor não faça isso, irá ferir ainda mais o meu orgulho.

– Qual é, Thomas, levar uma surra de uma mulher bonita forma caráter. – Hames brincou e Thomas não conseguiu conter uma gargalhada

– Se você diz... – Thomas deu de ombros, ainda sorrindo. – Devo pegar a minha armadura? – perguntou indicando ambos trajados com suas armaduras.

– Não precisa. – Joane respondeu e levou suas mãos para os atadores de sua armadura. – Eu tirarei a minha.

Thomas apenas confirmou com um aceno e ficou observando enquanto Joane retirava habilmente todas as peças de metal que formavam sua armadura.

Ele dessa vez havia trazido sua espada, a que ganhara de presente. Não sabia que teria que duelar com alguém, mas achou que deveria trazê-la, e se sentia satisfeito em ter feito isso. Se ele se tornasse um soldado, deveria estar sempre com a sua espada.

" – Vai ter um momento em que estar sem a espada vai significar a sua morte." Rose o dissera uma vez, e ele começou a pensar que esse dia não estava longe de chegar.

Ao se livrar de sua armadura, Joane a colocou em um lugar próximo, sobre a grama e se aproximou de Thomas, com a espada em punho. Hames sentou-se para observá-los, não muito distante. Possuía uma expressão de diversão em seu rosto, provavelmente imaginava o que aconteceria alguns momentos ali.

– Prontos? – ele perguntou animado.

– Sim. – Joane e Thomas responderam em uníssono.

– O objetivo é apenas desarmar o oponente. Não queremos ninguém morto ou ferido antes da batalha. – Hames falou, dessa vez um pouco mais rígido, como um comandante dando ordens aos seus soldados. – Duelem.

Thomas, que estava olhando para Hames, levou um susto ao voltar para encarar Joane e ver que ela trazia a espada em sua direção. Ele precisou dar dois passos para trás, para conseguir desviar. Não sabia como conseguiu reagir tão rápido, mas ficou feliz por isso. Feliz e surpreso em ver o quão rápida era a Joane, e que ela não iria facilitar, como ele próprio havia dito para não fazer.

Não pôde pensar muito no que fazer, pois Joane já preparara mais um golpe em sua direção. Ele desviou a espada dela com um movimento da sua, fazendo ecoar o som seco das lâminas de aço batendo entre si, e girou o corpo para a direita, quando a jovem tentou acertá-lo com um contragolpe.

Conseguiu ouvir Hames bater palmas e proferir alguns elogios para ele, mas Thomas não virou para encará-lo, não podia tirar seus olhos de Joane, seria burrice.

Ele sabia que ela era bastante rápida, e que não seria uma boa ideia ficar apenas na defensiva. Havia conseguido se defender dos golpes dela até aquele momento – havia sido mais sorte do que habilidade, para falar a verdade –, mas não sabia se conseguiria bloquear os próximos que viriam.

A única vantagem que tinha, ou que achava que tinha, era o seu tamanho em relação à sua oponente. Joane era bem menor que Thomas, e talvez isso pudesse ajudá-lo a vencer.

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Thomas vai apanhar sim ou com certeza?

A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora