Thomas acordou com um sobressalto. Com seu coração batendo freneticamente e sua respiração desregulada. Suas mãos tremiam, na verdade, ele todo estava tremendo. Sentiu seu rosto molhado e percebeu que estava chorando. Não enxugou as lágrimas, não iria adiantar, pois agora o choro estava mais forte, então ele apenas se permitiu chorar por mais algum tempo.
Aquilo tinha sido um pesadelo terrível, e mesmo ele sabendo que não tinha acontecido de verdade, parecia real demais. Tão real que ele não conseguia simplesmente se acalmar, ou parar de chorar. Seu peito subia e descia rapidamente, sentia um aperto tão forte em seu interior que o tirava o ar. Talvez estivesse entrando em pânico.
Sua cabeça martelava. Seus olhos corriam por todos os lugares daquele quarto escuro, iluminado minimamente com apenas algumas poucas velas, em busca de algo, alguma ideia que o ajudasse. Ele não poderia ficar ali, esperando para sempre. Não depois daquele pesadelo.
Thomas não acreditava em premonições, previsões de futuro ou qualquer outra coisa assim, mas depois da morte do Daehan, ele não conseguia parar de pensar no sonho que Rose o contara uma vez. Quando eles viajaram juntos para Ellorn. Ela o havia dito que sonhara com ruínas e destruição, e agora Rose caminhava para uma batalha, ela estava levando a destruição para Oris.
Ela também o dissera que em seu sonho tinha sangue em suas mãos, mas o sangue não era dela. A imagem de Rose suja com o sangue de Daehan nunca saiu de sua memória, talvez nunca sairá.
Apesar de não acreditar, esse pesadelo que teve o deixou extremamente assustado e ele rezou, para qualquer deus ou ser místico que pudesse ouvi-lo, para que nada de ruim acontecesse com Rose.
Tentou se acalmar, agora um pouco mais aliviado de saber que tudo aquilo não passava de um terrível pesadelo, mas a cena de Rose morrendo diante de seus olhos não desaparecia de sua mente. Pareceu tão real que Thomas chegou a sentir o cheiro de sangue em seu sonho.
Ele desejava ver a Rose. Queria saber que ela estava bem.
Mais do que nunca ele precisava vê-la.
Levantou-se, ainda com o seu coração batendo rapidamente, e tomou um longo gole de água que havia sido deixado junto com mais uma refeição intocada. Foi até a janela de seu quarto e ficou ali, observando a calma e silenciosa vista. O dia já estava amanhecendo, e Thomas não conseguiria voltar a dormir, então decidiu permanecer de pé, e tentar ocupar sua mente. Andou até onde guardava seus livros e pegou um, não prestou atenção no título, ou em seu conteúdo, as palavras pareciam sumir de sua mente, e ele não conseguia guardar nenhuma informação que estava escrita.
Continuou tentando ler por algumas horas. Agora o sol já havia nascido por completo. Desistiu de ler e foi tomar banho. Ouviu quando uma empregada anunciou que estava entrando para trazê-lo o café da manhã, e também ouviu quando ela saiu, trancando a porta ao passar.
Dessa vez ele comeu apenas algumas frutas, ainda não tinha muito apetite e seu estômago permanecia embrulhado desde a madrugada anterior. Voltou para a sua janela e ficou observando o movimento dos empregados e soldados. Os cavalariços levando os poucos cavalos que sobraram nos estábulos para um passeio, e Thomas desejou poder cavalgar com Snow.
Porém, por mais que tentasse se distrair com a movimentação fora do Castelo, algo dentro de seus aposentos insistia em chamar a sua atenção. Algo em cima da pequena cômoda que havia ao lado de sua cama. Era o envelope.
Andou até a sua cama, sentou-se e respirou fundo antes de pegar o envelope e abri-lo.
Reconheceu a bela caligrafia de Rose naquele pergaminho.
Olá, Thomas.
Você provavelmente está me odiando nesse momento, mas ter você me odiando é a menor das minhas preocupações.
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A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes Reis
RomansaApós o ataque ao Castelo, Rose toma uma decisão que mudará completamente a vida de todos e Thomas se vê em uma situação complicada, onde ele terá que escolher entre seguir seu coração ou a razão, indo contra a mulher que ama. [Livro dois]