Rose estava montada despretensiosamente em Dark, e seu corpo balançava devagar, de um lado para o outro, a medida em que o grande animal caminhava lentamente pela estrada de terra que levava ao Norte.
Eles estavam bem no centro da multidão. No meio de uma tropa de três mil homens. Não que Rose temesse ser surpreendida por algum ataque, eles ainda estavam em Ennord, e a probabilidade de algo assim acontecer era mínima, basicamente nula. Sem contar no fato de que ela estava na companhia de milhares de soldados, ninguém seria idiota o suficiente para tentar qualquer coisa, morreria antes mesmo de chegar perto dela.
Porém, rodeada por seus homens ela não teria nenhuma preocupação, e poderia viajar tranquilamente. Havia tantas pessoas que era quase impossível de ver algo que não fossem armaduras negras, cotas de malha, espadas e cavalos.
Junto à tropa de três mil soldados também estavam algumas dezenas de cozinheiros, empregados, pastores para levar o gado e muitas carruagens com alimento, barris de vinho, cereal e outros objetos que seriam necessários para a viagem deles.
Já havia se passado mais da metade do segundo dia de viagem, e não fazia muito tempo que eles tinham saído das terras da Capital. A viagem até Oris levava oito dias de cavalgada e eles levariam, no mínimo, o dobro desse tempo. Por esse motivo que uma tropa havia partido dias antes, para que a viagem não levasse mais tempo que o necessário.
Rose não estava com pressa e havia dito isso aos seus soldados. Aquela seria uma viagem longa e cansativa, e ela não queria que seus soldados se cansassem mais do que o normal. Eles teriam que estar em ótima condição física quando chegassem em Oris, isso definiria o resultado do batalha. Eles não poderiam estar cansados quando fossem atacar, por isso Rose ordenara que a marcha fosse lenta e tranquila, mesmo que quisesse chegar à Oris rapidamente e acabar com tudo aquilo para voltar ao seu Castelo.
Claro que estava ansiosa para atacar Oris e trazer consigo a cabeça de Joseph junto de sua coroa e de seu reino derrotado, mas isso aconteceria eventualmente, ela não precisava se apressar. E não fazia.
Além disso, não havia nada que Joseph pudesse fazer para tentar escapar. As duas fronteiras que Oris fazia com outros países estavam sendo guardadas por soldados de Ennord e o litoral do reino do Norte estava sendo constantemente vigiado pelas galés de guerra de Rose. Havia dezenas delas.
A partida do Castelo havia acontecido um dia antes. O sol não havia nascido ainda quando Rose dera a ordem de sua tropa seguir para fora dos terrenos do Castelo, deixando o lugar quase totalmente vazio, restando apenas algumas centenas de guardas para a proteção do palácio e os empregados que tomavam conta do local e das pessoas que moravam ali.
Rose havia deixado Normand como responsável pelo reino enquanto ela estivesse fora. A pessoa que costumava cumprir esse papel era Daehan, ele ficava para cuidar do reino quando Rose saía para uma viagem que levaria muito tempo.
Quando Rose e seus soldados passaram pelo centro da Capital, foram recebidos por milhares de cidadãos nas ruas, gritando palavras de apoio e lhes desejando sorte. Alguns seguravam rosas vermelhas e as atiravam aos pés dos soldados, e outros balançavam a bandeira com o estandarte de Rose: a rosa vermelha em fundo preto.
Em meio aos gritos da multidão, Rose conseguiu entender algumas das frases ditas.
Vida longa à Rainha.
Mantém àqueles desgraçados.
Destruam Oris.Rose apenas acenou minimamente para as pessoas de cima de seu cavalo, e continuou seu caminho, sendo acompanhada por seus guerreiros e pelo coro de milhares de vozes que gritavam: Killers! Killers! Killers!
As vozes ficaram cada vez mais distantes a medida que eles se afastavam, até sumirem completamente. Restando os sons dos cascos dos cavalos batendo de encontro ao chão, o marchar dos soldados à pé e as diferentes conversas e altas risadas por todos os lados.
Rose estava em silêncio e observava tudo o que conseguia ver de cima de seu enorme cavalo. George vinha até ela de hora em hora. Como eles dois eram os únicos generais presentes, alguém deveria estar sempre responsável por dar ordens, enviar batedores e sentinelas, e comandar os soldados.
Aquela era a tropa de Rose. Todos os generais de Ennord comandavam uma tropa de quatro mil soldados, com a morte de Daehan houve uma nova distribuição de tropas, e agora cada um dos quatro generais comandavam cinco mil homens. Apesar de que iriam estar todos os quatro generais presentes na guerra, não haveria vinte mil soldados no campo de batalha, seriam apenas dez mil. O resto estava na fronteira com Seam e em Ennord para garantir a proteção do reino.
Aqueles três mil homens faziam parte da tropa de Rose. Os dois mil e quinhentos soldados que partiram dias antes eram da tropa do general Hal. As tropas dos outros dois generais estavam distribuídas entre as fronteiras, Ennord e os navios que foram enviados para o litoral de Oris. Além das tropas oficiais havia também os soldados pessoais de alguns nobres, que foram enviados para se juntarem à Rose na guerra.
Apesar de cada General comandar uma tropa de cinco mil soldados, eles ainda pertenciam ao exército de Ennord e seguiam ordens diretas de Rose, mesmo que seus generais não quisessem. Mas isso nunca aconteceu em nenhum momento. Samuel, Hal e George sempre faziam exatamente o que Rose ordenava. Eles não moviam um centímetro de suas tropas sem a autorização da Rainha.
Mesmo aquela sendo a tropa dela, George quem estava responsável por passar os comandos para os soldados. Comandos esses dados por Rose, ele sempre vinha até ela para perguntar se ela estava satisfeita até então, ou se tinha alguma ordem para dar ao exército.
Rose o dissera apenas para seguir o caminho.Saindo da Capital e indo para o Norte, as estradas começavam a ficar mais desertas e estreitas, o que resultava em alguém tendo que mudar de rota e ir com seus cavalos e carroças de mercadorias por estradas secundárias ou pelas florestas, caso seu caminho se cruzasse com o dos soldados.
Algumas horas depois Rose ordenara que a tropa parasse e fosse preparada a refeição. Como Ennord possuía grandes campos abertos, não era muito difícil de encontrar um lugar para acomodar três mil homens, e eles pararam em um grande campo de grama verde e fofa, próximo à uma floresta.
A refeição que fora distribuída para os soldados era vasta. Guisados, assados, pães, grãos, vinho e cerveja, tinha alimento o suficiente para todos e esse estoque seria abastecido um pouco mais a cada vez que eles passassem por alguma cidade ou pela casa de algum nobre. Em Ennord também havia muitos riachos e rios de água fresca e limpa, e eles não precisavam se preocupar muito em carregar água, mas ainda assim Rose ordenou que levassem, como precaução.
Os soldados se refrescaram em um rio de água limpa e fresca próximo ao lugar onde eles pararam. Rose e Joane foram para um lugar mais distante, longe dos olhares masculinos, e também se banharam, a água deliciosa parecia levar embora todos os problemas que Rose tinha e ela ficou um pouco mais feliz. Depois descansaram por um tempo, antes de voltarem à sua marcha.
Joane também estava entre aquelas milhares de pessoas em volta de Rose, mas estava preocupada em tirar qualquer informação e conhecimento dos outros soldados, e por isso nunca parava quieta em um lugar. Rose conseguiu vê-la andando de um lado para outro em alguns momentos.
A jovem estava usando a armadura que havia recebido e fazia questão de ostentá-la, como um prêmio.
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A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes Reis
RomansaApós o ataque ao Castelo, Rose toma uma decisão que mudará completamente a vida de todos e Thomas se vê em uma situação complicada, onde ele terá que escolher entre seguir seu coração ou a razão, indo contra a mulher que ama. [Livro dois]