Capítulo Vinte e Quatro. 🌹

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Após o jantar ser servido, Thomas estava exausto. Apesar de ter dado início aos trabalhos só após Rose o informar o que deveria fazer, era bem cansativo ter que pastorar os animais que corriam de um lado para o outro e pareciam ignorar seus comandos completamente, ainda que tivesse recebido umas dicas de como guia-los.

Os animais eram transportados vivos e soltos, fora da estrada. Uma dezena de soldados os protegiam de perto, mas como eles não estavam tão distante do resto da tropa, não havia tanto perigo assim. Além de Thomas, havia mais três outros rapazes pastores, e um homem mais velho que os dava ordens. Thomas tentou conversar com seus companheiros, mas não teve tempo nem oportunidade para isso.

Thomas, em um determinado momento, perguntou ao homem responsável, cujo nome era Sebastian, por que não havia tantos animais quanto ele achou que teria. Havia algumas centenas de aves, outras dezenas de gados, porcos e cabras, e por mais que soubesse que eles estavam viajando há semanas, e que boa parte dos animais já tinham sido mortos e consumidos, parecia que o número que restara não seria o suficiente para alimentar a todos, afinal havia milhares de pessoas ali.

Sebastian, cujo seus vários e vários anos de idade eram proporcionais à sua impaciência, o respondeu que eles também carregavam grãos e cereais, em grandes sacos, mas disso Thomas já sabia, pois ele fora responsável pela fiscalização dos suprimentos. O velho também disse que, quando atacassem Oris, iriam reabastecer os suprimentos para a viagem de volta. Em resumo, saqueariam o reino. Mas aquele número de animais, somado com os outros suprimentos, seria suficiente para eles concluíssem a viagem de ida e alguns dias da viagem de volta. O disse, por fim, para continuar trabalhando, e para estar atento aos animais.

Thomas correu igual a um louco atrás de meia dúzia de cabras, que se assustaram com um cão, que parecia ser de alguém da região, porém amigável, e correram para longe. Ele conseguiu, com esforço, capturar de volta os animais, e torceu para que aquele cachorro não voltasse a aparecer.

O velho Sebastian, quando estava perto do anoitecer, o mandou trazer, junto com os outros três rapazes, uma dezena de aves, quatro grandes bois, cinco cabras e um dos grandes sacos de grãos cheio de vagem, que foi necessário que os três carregassem juntos, já que era pesado demais para só uma pessoa. Thomas infelizmente teve que presenciar o momento em que todos os animais foram mortos, e precisou ajudar a drenar sangue de alguns e depenar outros.

Precisou se concentrar bastante na tarefa de não vomitar, estava nauseado demais.

Todos os animais foram cortados em várias e pequenas partes, e Thomas e os outros rapazes levaram para a “cozinha”. Obviamente não havia uma cozinha no acampamento, era apenas uma parte separada onde eram preparadas todas as refeições. Lá havia vários utensílios que foram trazidos do Castelo e que os permitiam cozinharem para tanta gente, como grande caldeirões, talheres, canecas e tigelas.

Thomas teve que esperar a refeição estar pronta e ajudar a servi-la, servindo a si mesmo só após todos terem pego suas porções, e surpreendentemente a comida preparada foi o suficiente para que todos conseguissem comer. Serviu sua tigela e comeu ali perto, não demorando mais do que poucos minutos para finalizar a refeição, estava faminto. Quando foi dispensado, se arrastou, exausto, pelo acampamento. Ele e Hames teriam que dividir uma tenda, pois não havia nenhuma sobrando – já que o número de tendas era exatamente igual ao número de soldados que viajavam, e como a presença de ambos fora algo inesperado, eles teriam que se virar com o que podiam. Bryn cedeu a sua tenda para eles, e foi dividir a barraca com outro soldado que também fazia a segurança da tenda da Rainha.

Thomas não sabia se aquilo havia sido uma escolha do próprio Bryn – já que era um grande amigo de Hames – ou uma ordem da Rose, mas não questionou. Aceitou de muito bom grado.

Seguiu tentando encontrar a localização da sua tenda, pensando em como aquilo seria uma tarefa bem mais fácil se todas elas não fossem exatamente iguais umas às outras. Procurou por vários minutos sem sucesso, achou até por um momento que estivesse andando em círculos, mas felizmente encontrou o Hames no meio do caminho. O soldado disse que estava indo atrás dele, pois achava que Thomas não iria saber identificar qual era a tenda que dividiriam, e estava certo a respeito disso.

Quando caminhavam juntos, conversando sobre seus respectivos dias de trabalho, Thomas viu Rose e George conversando em frente à grande tenda da Rainha. Rose pareceu ter terminado de contar o que queria e George foi embora. O olhar dela correu pelas pessoas que estavam próximas – as quais ela acenou minimamente – e encontrou os olhos de Thomas, mas não esboçou nenhuma reação. Ele começou a caminhar na direção dela, queria conversar, se desculpar por seu comportamento e explicar o que aconteceu, mas Rose apenas desviou o olhar, virando as costas e entrando em sua tenda.

Thomas parou abruptamente, e seus ombros caíram, derrotado. Rose agira como se ele não fosse nada além de um de seus soldados, nem isso, na realidade, já que ele não recebera ao menos um aceno de cabeça. Talvez ela ainda estivesse chateada, ou talvez não. Vai ver ela apenas não se importava mais. Vai ver Thomas não significasse o mesmo que costumava significar para ela antes. Foi então, quando pensou nisso, que com tristeza percebeu. A realidade o atingiu, iluminando sua mente como uma tocha na escuridão. Talvez sempre soubesse, só não queria acreditar. Não queria aceitar. Rose, apesar de agora estar tão perto fisicamente, estava distante demais. Em um lugar tão longe que ele não conseguia mais alcançá-la. Por mais que quisesse. Por mais que tentasse. Thomas sentia que estava a perdendo, um pouco mais a cada dia, e isso o aterrorizava... Algo em seu interior o dizia que ele não conseguiria impedir de acontecer.

Hames se aproximou dele e deu umas palmadas amigáveis em seu ombro, em solidariedade, sorriu empático e Thomas retribuiu o sorriso, meio sem graça que ele tentou fazer parecer genuíno, mas tinha certeza de que o amigo percebera a tristeza em seu olhar.

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Antes tivemos um capítulo enorme e agora um minúsculo pq a vida é assim, aceitem 🌚 por mais que eu queira publicar capítulos maiores, se eu fizer isso, eu vou chegar muito mais rápido onde eu parei de escrever, e aí teremos outra pausa 😂😂 como já dei muita pausa nessa história, estou tentando não fazer muito mais, então entendam a amiguinha aqui 🙏

Queria dizer nada não, mas já escrevi a cena da batalha 😎 é isto, lidem com essa informação.

Até o próximo capítulo 🌹

A Rainha de Ennord: O Confronto dos Grandes ReisOnde histórias criam vida. Descubra agora