Criança Selvagem

Capitulo 5

Helena
        — A noite predominava e ainda mais a vontade de acabar logo com aquilo queimava como o fogo recém apagado da fogueira.
Athos:– Estão se movimentando.
        — Ele aponta na direção que as pequenas luzes forçadas por tochas eram carregadas pelos escravos de sangue,era bem comum acampamentos inteiros ficarem por um dia no máximo até dois vagando como fantasmas pelo deserto já que diversos caçadores eram enviados para capturar esses rebeldes e quando trazidos de volta sofriam uma pequena lavagem cerebral que os fazia serem leais e sem nenhum tipo de dúvida ou receio.
Helena:– Para onde será que vão?
Athos:– Quem sabe?Mas entendeu o que vai fazer não é?
Helena:– Sim.
          — Passo por ele mas tenho meu braço segurado e assim me obrigo à olhá-lo e me sinto confusa com o que vejo,será preocupação ou desejo,loucura talvez?Esse cara me dá tantas sensações estranhas que parece que meu estômago está dando voltas.
Athos:– Fique viva.
Helena:– Não se preucupe comigo Athos sei como fazer meu trabalho!
          — Parecia brincadeira um idiota desses achar que não posso dar conta do recado já que desde muito nova fui colocada nesse mundo macabro e precisei me adaptar para entender que poderia passar por isso mesmo com as velhas cicatrizes à mostra.
Athos:– Estou falando sério.
Helena:– Tudo bem podemos ir?
           — Ele me solta de repente e caminhamos pela escuridão apenas escutando os passos um do outro mas sendo guiados para aqueles monstros e mesmo temendo que pudesse ser traída por esse maldito ainda sim iria enfrentar tudo.
           — Quando vou falar mais alguma coisa não o vejo mais ao meu lado,assim vou seguindo os passos daqueles que se movimentavam pela noite até parar por alguns passos atrás,onde existiam vários homens parecendo animalescos com suas roupas rasgadas e sujeira espalhada por seus corpos e diversas marcas de sangue,já tinha ouvido histórias brutais desses lobisomens que haviam renunciado seu convívio em sociedade para assim ficarem soltos se tornando mais selvagens do que eram.
            — Fico agachada contra algumas pedras grandes esperando o sinal de que seria a hora mas nada acontecia,será que Athos me traiu?Não que fosse surpresa alguma mas pelo menos poderia ser durante a fuga,é quando um grito animalesco surge fazendo assim uns quatro deles começarem à se transformarem e eu não tinha visto mas pelo que contaram a lua não era mais influência sobre alguns deles que pareciam se transformar quando bem queriam,nesse momento tiro da bolsa uma bomba de fumaça que vou jogando para diversos lados e começando à espalhar aquela confusão dolorosa já que tinha prata e mesmo que conseguissem não respirar pelo menos não ficariam em meu caminho.
            — Ao correr para a direção da jaula que agora não era mais carregada mas caida no chão e ao tentar abri-la sinto o cadeado em minhas mãos.
Helena:– Porra!
            — Sou jogada contra o lado oposto por patas de cachorro e suas garras e grunhidos se tornam altos por diversas partes mas mesmo com essa ameaça rondando ao meu redor não poderia dar para trás,pego minha arma que ficava escondida atrás pendurada na calça e ao destravá-la começo à atirar e com os silenciadores o barulho era reduzido ao mínimo mas consegui chamar a atenção do mesmo que tinha conseguido me tirar de perto dos prisioneiros.
           — Dou dois tiros e mesmo tendo uma mira boa aquela fumaça branca ainda não tinha se dispersado,ao tentar correr sou encurralada por aquela mesma besta que agora mostrava seus dentes longos e pontiagudos e agora apenas em duas pernas traseiras me olhava por cima,sabendo que não conseguiria sair ilesa se corresse comecei à atirar novamente querendo que aquele combate não durasse mais que o necessário e depois de oito balas de prata percorrerem o corpo daquele animal sarnento fui mais uma vez até a jaula e não pude acreditar no que meus olhos estavam enxergando.
Helena:– Estão vivas!
           — Minhas colegas que vi sendo arrastadas como três pedaços de carne estavam sentadas com seu sangue sendo drenado.
Helena:– Malditos!
          — Dou um único tiro naquele cadeado fazendo ele ser quebrado e assim retirando aquelas bolsas que drenavam seus sangues.
Helena:– Calma vai ficar tudo bem!
          — Passo a mão pelo cabelo de Monalisa que estava tão gelada mas apesar disso conseguiu sorrir contra meu peito.
Christina:– Cuidado!
          — Tenho minha perna puxada e sinto uma dor grande mas enquanto me sentia um ioiô daquela forma vejo alguém se enroscar com o bicho e assim me soltar.
Helena:– Athos?
Athos:– Vá!
           — Não penso muito quando começo à voltar para as pessoas e luzes no céu começam à surgir por toda parte como vagalumes mas em vez disso eram dois helicópteros,os reforços tinham finalmente chegado.
Helena:– Venham meninas!
Angelica:– Demorou em vim hum!?
Helena:– É bom ouvir sua voz idiota!
           — Angelica me ajuda à carregar Monalisa para fora já que ela parecia ser a mais afetada do grupo mas mesmo com aquela maldita dor e tudo o mais me sentia abençoada por elas estarem vivas,ao colocar nossa amiga numa maca volto para pegar os outros sobreviventes mas tenho meu pulso segurado.
Christina:– Você já fez o suficiente!
Helena:– Faltam pessoas Christina!
Angelica:– Eles vão ser transformados de qualquer maneira!
Helena:– O que?
Angelica:– Foram mordidos amiga!
             — Fiquei em silêncio mas sabia o que aconteceria com aqueles pobres coitados seriam colocados em uma câmara com suas memórias todas apagadas e seriam reiniciados para serem soldados e servirem a Fortaleza.
Helena:– Deus!
Christina:– Cuidado com o que fala garota!
Helena:– Cale à boca!
            — Mesmo o helicóptero alçando vôo me sinto feliz por estar com elas e a salvo.
Helena:– Foram mordidas?
            — Ambas negam e isso me deixa mais tranquila já que não sabíamos qual era o destino de um recém transformado sendo uma caçadora ou caçador.
Christina:– Ei!
Helena:– Hum?
Christina:– Quem era o bonitão que te salvou no momento da briga?
            — Athos provavelmente deve ter morrido no combate mas pelo menos me ajudou,isso não seria esquecido por mim.
Helena:– Ninguém importante.