Permita-Me Sonhar - Livro III

Capítulo Vinte e Quatro

Vejo alguém passar por entre os fotógrafos e tenho quase certeza de que esse alguém, é Alex.
Eu não podia acreditar que ele finalmente estava aqui. Depois de tanto tempo. Mas porque justo ele? Quem disse a ele que hoje iríamos anunciar nosso relacionamento?

Droga, Luna. É claro que ele saberia. Você é uma Price. Tudo o que sua família faz vira notícia. Óbvio que isso vazaria. Tem tanta gente aqui, alguém deve ter dito a ele.

Olho por entre os fotógrafos, procurando por ele, mas não podia mais vê-lo. Espero angustiada que a sessão de fotos acabe para que eu possa ir atrás dele. Quando finalmente acaba, peço licença e corro atrás do local onde o vi pela última vez, mas para a minha decepção, ele não estava lá. Rodei por toda a casa, mas não o encontrava em lugar nenhum.

- Merda! - Vou para meu quarto pois estou a ponto de chorar e não posso deixar com que me vejam desta forma hoje. É importante para Henri que o dia seja perfeito. Ele está se saindo tão bem.

Abro a porta e dou de cara com Alex sentado em minha cama, com as pernas abertas e os cotovelos apoiados nelas. Sua cabeça está baixa e conforme chego perto, ela se levanta. Alex olha para mim com uma expressão que não consigo decifrar. Ao mesmo tempo que parece ser raiva, parece ser mágoa.

- Como você pode?

- Como eu pude? Alex, você sumiu por semanas. Me deixou na merda até agora e me pergunta como eu pode? Como você pode? Depois de tudo o que passamos juntos. Alex! Você não podia ter feito isso comigo.

- Porra. Você me estressa. Você diz que me ama mas estava lá agora, beijando outro cara.

- O acordo foi esse desde o inicio, Alex. E eu também não sou de ferro. Eu mereço ter alguém se me ame e se importe comigo. Não alguem que sempre some e me deixa semanas sem ânimo, sem me dar uma notícia se quer.

- Eu precisava desse tempo.

- Eu precisava de você. Infelizmente você teve o que te fez perceber, seja lá o que. Eu não tive o alicerce que me manteve em pé esse tempo todo. Eu desabei. Estou ainda pagando por algo que foi feito por nós, mas você não ligou.

- Você está com ele?

- Não sei.

- Luna, você está com o Henri?

- Ele é muito bom para mim, Alex. Eu te amo, mas cansei da sua covardia. Se me amasse, poderíamos ter ido para qualquer lugar onde eu já seria maior de idade. Poderíamos começar juntos. Como sair de Londres não é difícil para nós.

- Você sabe o que isso implicaria? Sabe o quão difícil seria para nos?

- Covarde! É só isso que eu vejo. Um homem covarde! Tenho 18 anos e sou muito mais corajosa do que você jamais vai ser.

Me afasto dele e vou até a porta.

- É melhor você ir embora. Você me fez aprender a não ter você por perto. Não vou correr o risco de esquecer que existe alguém próximo que me quer bem e que não vai sumir do nada.

Abro a porta e dou de cara com um repórter que estava, nitidamente, ouvindo tudo por trás da porta. Passo por ele com tanta raiva que mal penso na repercussão que isso vai dar pro Henri. Só ouço quando Alex diz: Publique qualquer coisa do tipo, e acabo com a sua vida em dois minutos.
Reviro os olhos e sigo para onde Henri deve estar.

Sinto o peso dos passos do Alex atrás e me esforço para continuar firme na minha decisão de não estar mais com ele. Eu o amo demais. Mas já fiquei no fundo do poço demais por culpa dele.

- Oi. - Henri diz sorrindo.

- Oi. Cansado?

- Um pouco. Não sabia que quase me tornar um Price seria um evento tão grande. - Ele sorri.

- Quase?

- É. Pra eles, sim.

Sorrio e o abraço. Agradeço a ele mais uma vez por tudo o que está fazendo por mim. Como o cavalheiro de armadura brilhante que é, ele diz que eu quem estou fazendo muito por ele.
O convido para sair um pouco do meio da bagunça para conversar.