Permita-Me Sonhar - Livro III

Capítulo Cinquenta e Cinco

Dois Anos Depois

- Está pronta? - Minha mãe pergunta, sorrindo. Ela parece estar mais nervosa do que eu.

- Estou. - Digo com um sorriso largo. Me olhei no espelho mais uma vez. Me senti radiante. A maquiagem com os olhos esfumaçados, contrastou bem com meus olhos. Na boca, optei apenas por um gloss.

- Aqui... - Me viro para minha mãe para ver o que ela tem em maos. - Estes brincos, usei no dia em que casei com seu pai. Espero que você seja tão feliz com Alex, como eu sou com seu pai.

- Obrigada, mãe. Eles são lindos. - Digo, passando os dedos pelas pedras que compunham o brinco quase escultral, com curvas tão delicadas que parecia poder quebrar a qualquer momento.

Passo a mão pela renda do vestido mais uma vez, sem acreditar que conseguiram deixar do jeitinho com que eu havia sonhado. Eu parecia uma princesa. E me sentia como uma.

- Alex chegou? - Pergunto aflita.

- Foi o primeiro. Ele está lindíssimo, se quer saber.

- Estou ansiosa... - Confesso. - Queria saber qual vai ser meu sobrenome de agora em diante. Não sei porque Alex fez tanto suspense. Será que o sobrenome verdadeiro dele, é feio?

Minha mãe ri tão alto, que me contagia. Ela sabe!

- Ah, me conta. - Peço. - Por favor. Eu juro que não vou dizer a ele que você me contou.

- Nada disso. Não vai começar seu casamento com uma mentira.

- Ah, mãe! Nem é uma mentira grande. É bem pequenininha. - Uno o polegar e o indicador, simbolizando o quão pequeno é.

- Não. Mesmo uma pequena mentira, ainda é uma mentira. - Ela repreende. - E além do mais, falta pouquinho para você descobrir. Agora, fique aqui enquanto eu procuro seu pai.

Permaneço no mesmo lugar, como ela pediu. Não porque não pudesse me mexer, mas porque queria conferir mais uma vez, se eu estava bem. Estava tudo perfeito. Até mesmo as ondas dos meus cabelos pareciam cooperar para este dia.

Tentei imaginar como Alex estaria. Se estaria nervoso como eu. Se andaria em circulos ou apertaria os dedos. Pensei em como sonhava com esse dias tantas e tantas vezes. E então, no momento em que me veio a cabeça se Henri ficaria nervoso dessa forma, meus olhos lacrimejaram. Não fui capaz de conter a emoção e desabei. Será que ele estaria me vendo de algum lugar? Será que estaria feliz por mim? Ou estaria triste por me ver casando com Alex?

- Ei, princesa. - Ouço a voz do meu pai. Corro para abraça-lo. - O que houve? Desistiu de se casar?

- Não. Eu só... - Não encontrava palavras então apenas balbuciei o nome daquele que eu amara mais do que achei que seria capaz.

- AH! - Me abraçou mais forte. Não me importei com a maquiagem ou vestido... Eu precisava daquilo. - Olhe para mim, eu sei o que você está sentindo. Sei como é a angústia de querer tanto alguém ao seu lado mas não tê-la. Mesmo seu caso sendo diferente do meu. Mas, pense naquele homem que quase deu a vida pra te salvar. Aquele que está em pé no altar quase quebrando os próprios dedos de tanto nervoso.

Sorrio ao me lembrar que o imaginei apertando seus dedos. Alex costumava fazer isso para se acalmar.

- Henri sempre será uma parte linda e importante da sua vida, mas não deixe de aproveitar as novas partes lindas que virão, por sua partida. Ele não iria querer isso. Se te amava tanto quanto parecia amar, tenho certeza de que estaria muito feliz por te ver feliz. - Ele seca minhas lágrimas. - O coração deles, bate por você... lembra?