Capítulo Trinta e Quatro

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Desde o retorno de Rory, Alex tem estado cada vez mais distante. Por outro lado, Henri tem se feito presente tantas e tantas vezes, como nem consigo contar.

Ele tem se preparado muito para o seu novo papel, aquele que o lançaria no mercado das artes cênicas de uma vez por todas. Tento acalma-lo dizendo que ele é excelente e que tudo vai dar certo, o que não tem ajudado muito. Henri colocou na cabeça que, por estar comigo publicamente, ele precisa ser ainda melhor. Ele se diz imensamente grato pela porta que abri a ele, mas que também quer ser reconhecido pela sua atuação.

Eu o entendo perfeitamente. Como uma Price, sei que meu sobrenome antecede todos os meus passos. Seja numa matricula na escola, com direito a aceitação quase que imediata, ou numa universidade, o qual, sem me inscrever, recebi convites de Harvard, Yale e Princeton. E assim como ele, eu não quero ser conhecida apenas por ser uma Price. Eu quero criar o meu legado de alguma forma.

Foi pensando nisso que, comecei a colocar em pratica a meu sonho de ter a minha companhia aérea. Com ou sem o Alex, eu vou fazer isso acontecer. Claro que, com o meu sobrenome, as portas se abrem mais rápido, então preciso pensar em como fazer com que isso não me impeça de conseguir por mérito próprio.

Pensei em pedir a Henri que, seja um CEO de fachada, mas temo que pensem mal dele e que, com pouco tempo de namoro, já esta extorquindo a minha família. A mídia é muito cruel quando quer.

Pensei em não usar meu sobrenome como o nome da empresa, diferente dos meus antecessores. É algo que poderia funcionar, mas, quanto tempo levaria para descobrirem sobre mim? Socio fantasma também não posso cogitar; já sou vacinada com as merdas que acontecem na minha família e, provavelmente a minha empresa seria investigada por sonegação de imposto ou declarar menos no livro caixa por pagar um socio fantasma. E logo chegariam ate mim.

Não que eu não queira que me conheçam, eu só quero que conheçam a minha empresa antes de aponta-la como "a empresa da filha da estilista". Ou, "uma das empresas dos Price".

- Você poderia comprar uma companhia aérea menor. Investir e leva-la ao topo. E, para garantir que nada vaze, faça os donos da empresa assinar um acordo de confidencialidade. Assim, ninguém vai saber de nada e se vazar, você ainda ganha uma nota preta.

- Isso até que faz sentido. Preciso encontrar pequenas companhias pelo arredor. Ou aqui mesmo.

- Ou, uma companhia que esteja passando por alguma crise recente? Como um escândalo pessoal do dono. - Minha mãe invade minha conversa com Henri.

- Como assim? - Pergunto.

- Conhece a Sky Blue Airlines? Eu sei quem é o dono. Sei que estão investigando algo contra eles e que, por conta disso, o valor da companhia vai cair drasticamente. - Meu pai diz.

- Meu conselho? Procure por ele imediatamente, ofereça 80% do valor da companhia. Ele vai recusar. Diga a ele que, quanto mais o tempo passar, menor será a oferta. Em uma semana ele vai implorar pelos mesmos 80% que você ofereceu e você reduz para 60%.

- Como tem tanta certeza de que vai funcionar?

- Porque sou eu quem o esta investigando. E já sabemos de muitos podres. Só não divulgamos ainda, porque temos um prazo a cumprir. Daqui há exatamente nove dias, haverá uma reunião importante e as cartas serão entregues. Depois disso, será tarde demais.

- Mas isso me faria receber uma empresa já manchada.

- Ainda é uma empresa estável. É melhor do que começar do absoluto zero, no anonimato total.

- Também, posso pedir que um amigo meu, noticie a venda da Sky Blue. Sem citar nomes.

- Acha que pode dar certo? - Pergunto a Henri.

-Acho que seus pais entendem mais de negócios do que eu. E se, não der certo, existem outras empresas para batermos na porta com um cheque milionário em mãos.

***

Dois dias após eu procurar pelo dono da Sky Blue, o NYT publicou a matéria sobre a possível venda. Minha caixa de mensagem estava lotada de notificações do senhorio, dizendo que não aceitava meus termos e que não deveria forçar um acordo midiático para o coagir a vender a empresa. Fui até mesmo ameaçada de um processo.

Como sugerido, respondi a ele que minha oferta tinha baixado para 70%. O que, obviamente o deixou muito zangado. Passei a ignorar as mensagens.

Mais três dias se passaram. Os advogados da família levaram até o senhorio, uma proposta de 60% do valor, junto ao termo de confidencialidade. Novamente, como esperado, a oferta foi recusada.

Aguardei mais quadro dias. O procurei novamente dizendo que a minha ultima oferta era 50%. Preciso jogar uma margem para ele aumentar. Ou, para que a minha negociação seja ainda melhor do que o meu pai planejou.

Cinco dias após minha ultima oferta, a bomba explodiu em tudo quanto é jornal:

"Foi decretada hoje, a prisão do empresário Gabriel Blossom; Gabriel é o dono da empresa Sky Blue Airlines, e esta sendo acusado de homicídio e ocultação de cadáver. Além de outros delitos como furto, coação e contrabando. A policia se dirigiu até sua residência, mas ninguém foi encontrado."

- Luna, quero que me escute bem. - Ouço meu pai pela escuta que estou usando. - Você e os meus homens vão entrar lá, vão assinar aquele contrato com data retroativa e vai sair. Enquanto isso, iremos instalar um dispositivo de rastreio no carro dele. Vamos segui-lo e prende-lo sem que você seja suspeita de nada.

- Tudo bem! - Lá vou eu.

Entrando na casa, ouço gritos. Meu coração bate muito rápido, mas sigo em frente quando reconheço a voz.

- Pai, está ouvindo o mesmo que eu?

- Sim, estamos.

- Pai, você não vai acreditar quem esta discutindo com o senhor Gabriel. É a Rory.

- Chegue o mais perto possível, sem ser notada.

Me escondo atrás da parede enquanto recebo uma confirmação de que meu pai ouve claramente o que é dito.

- Você é um inútil mesmo. Só tinha um trabalho a fazer e conseguiu fazer merda. - Rory gritava. - A sua sorte é que alguém ainda se interessa por essa merda companhia. Fiz bem em abrir mão dela quando a mamãe morreu!

- Eu não sei como souberam. Eu não deixei pista nenhuma. Cobri meus rastros da melhor forma possível.

- Pelo jeito, não foi o suficiente.

- Luna. - Meu pai me chama. - Esta tudo gravado e instalado. Entre e assine o contrato.

Me afasto da porta e volto a caminhar ate ela, com passos mais fortes para que me ouçam chegar. Bato na porta entreaberta, entro quando sou convidada, mas Rory não está mais lá.

Eu não sei o que essa desgraçada esta aprontando, mas eu tenho provas e testemunhas agora. Eu vou até o fim disso e vou acabar com ela!

Permita-Me Sonhar - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora