Capítulo Quatorze

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O início da madrugada foi a pior parte da noite. Uma forte ventania nos atingiu, seguido da chuva. Por sorte estamos seguros em uma caverna.

Alex tira sua blusa e coloca sobre mim, me abraçando em seguida. Nenhum de nós estava com sono, nem se quer conseguiríamos dormir com tanto frio e tanto despreparo.

- Sobre o que você falou hoje mais cedo. - Ele começa.

- Qual parte?

- A de me amar. Também sobre a Rory. Sobre tentarmos... tudo.

- Hm. O que tem?

- Eu estou aqui pela Rory, por dever isso a ela. Não necessariamente por ama-la. Eu não a amo. Acho que nunca amei, na verdade.

- E o que isso quer dizer?

- Eu não sei. Me imaginei perdendo ela e, senti uma tristeza. Mas, me imaginei te perdendo e senti uma dor insuportável. Como se a minha vida e sanidade dependesse de você, do seu bem estar.

O que nos impede de ficar juntos? Além do meu pai? Nada.

- Eu sei o que você está pensando. E é mais complicado do que isso. Eu não posso te expor a merda de uma perseguição por se envolver com seu próprio tio. Seus pais não aprovariam, seria uma merda difícil demais para nois dois e principalmente para você. E, Luna, eu não sei qual a base do meu sentimento por você. Se é amor, paixão, desejo. Não quero te iludir e te fazer acreditar que haverá um futuro grandioso para nós.

- Eu acho que esta parte voce deveria deixar comigo. Não é? - Digo baixinho. Levanto meu corpo, cubro o peito dele e olho em seus olhos. A luz vinda do fogo torna a conversa ainda mais intensa do que já é por si só. - Eu não estou criando expectativas, Alex. Estou feliz por estar ao seu lado. Por ter perdido minha virgindade com você. Me frustrei por achar que você, depois daquilo, fingiria que nada aconteceu e correria para os braços da Rory depois desse "acidente". E, quanto aos meus pais, nós podemos dar um jeito.

- Me fala como? Me da uma alternativa, por mais maluca que seja e eu prometo pensar no assunto.

- Bom. Não sei... podemos nos encontrar as escondidas. - Ele dá risada. - Clichê, eu sei. Mas, pensa bem... meus pais não ligariam de eu ir te encontrar por saber que somos próximos. Eu ainda tenho meus afazeres então poderíamos nos ver no fim de semana e nos tempos livres como já fazemos.

- E quanto tempo isso duraria?

- Até a formatura? Ou talvez, até que eu complete a maioridade. Posso já começar a preparar um futuro para nós na Prices Airline. Seria um motivo ainda maior para estarmos juntos. Mesmo que não como casal futuramente. Mas este seria o nosso projeto.

- Nosso? Quer que eu seja seu sócio?

- Se você quiser... não é comum na família Price termos sociedades. Tio Noah não tem nem se quer diretores que possam vetar qualquer ordem ou torná-lo dispensável. Minha mãe, nem se fala. Você não tem nenhum negócio próprio, e o meu negócio é perfeito para nós dois. Você e piloto. Conhece rotas, modelos, serviços e tudo o que a empresa precisa. E eu, bom... cuido da administração e, quem sabe seja sua co-piloto.

Olho para ele que parece avaliar tudo o que eu disse.

- Não acha que levantará suspeitas você não começar a namorar e nem nada do tipo?

- Acho que meu pai aprovaria isso... Mas, se for preciso... arrumamos alguém para se passar por meu namorado. Contratamos um casal para fingir ser nossos parceiros. Dinheiro não nos falta.

- Preciso pensar em tudo isso. Você pelo jeito tem tudo elaborado, não é? - Ele sorri novamente.

- Na verdade. Pensei em tudo agora. - Minto mas ele percebe e sorri de uma forma quase maliciosa. - Eu posso... te beijar? - Pergunto baixinho.

Permita-Me Sonhar - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora