Capítulo Quarenta e Cinco

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- Achei que não haveriam segredos entre a gente. - Alex enfurece.

- Eu já te disse que não é tão fácil assim, Alex. Me entenda, por favor.

- Me explica o motivo, droga!

- Alex, por favor... - Essa briga já dura alguns minutos e eu estou cansada.

- Por favor? Vocês ficam com joguinhos e segredos que, claramente, me envolve e quando eu quero saber, vocês dois fazem esse jogo de silêncio.

- Opa, vocês dois, não... Eu não tenho nada a ver com isso.

- Mas sabe o que é e mesmo assim permanece em silêncio. Porra! - Alex está muito puto. - Tem meia hora que conversamos e dissemos que não haveria mais segredos ou mentiras entre nós três. Caralho, eu "tô" num relacionamento a três pra satisfazer ela... e ela sequer confia em mim.

- Não é questão de não confiar em você, Alex. Eu só estou tentando protege-lo.

- Me proteger? De que? De quem?

- Da sua namorada. - Henri fala. - A tal da Rory.

- Rory? Ela não é minha... ah! - Alex anda de um lado para o outro, enquanto olho feio para Henri que abriu a merda da boca. - O que tem ela?

- Henri... não! - Peço.

- É melhor falar logo. Vai ser pior se ele não souber.

- Não souber do que? - Alex parece estar enlouquecendo... e eu também.

- Henri, eu estou te pedindo... Preciso de mais tempo...

- Tempo? Caralho, da pra alguém me explicar?

- Luna, ele vai entender.

- Ele não vai. Quando se trata da Rory, eu sempre sou a surtada enciumada.

- Você tem provas, Luna.

- Provas? - Alex então surta, da um tapa na mesa, assustando a nós dois. - Porra, falem de uma vez. É a minha vida também.

- Tá legal. Você quer a verdade? A puta da sua namoradinha não está paralisada porra nenhuma. Ela está fingindo para se fazer de coitada para você. - Começo a despejar. - Sabe como eu sei? Porque o dono da Airlines que comprei, é do irmão dela. E quando fui assinar o contrato de compra, ela apareceu ANDANDO. Eu ouvi perfeitamente os passos daquele salto barato de loja de esquina.

- E ela te viu?

- É claro que não. Isso colocaria toda a investigação em risco. Ela ta envolvido com algum esquema grande junto com o irmão, mas ele foi pego e ela não. E eu não vou descansar um só dia enquanto não colocar aquela vadia no lugar dela.

- Calma... mas e essas provas que ele falou?

- Eu estava com escutas, Alex. Meu pai ouviu e gravou tudo o que ela disse. Agora, de imediato, não me recordo exatamente o que foi, mas ela estava brava dizendo que o irmão tinha um único trabalho ou algo assim. Meu pai é quem está a par de tudo.

- Porra. - Ele parece estar tentando digerir tudo. - Mas eu a vi.. Ela não conseguia andar ou mover as pernas.

- Quer tirar a prova? Liga agora para a enfermeira e peça para que saia. Que a deixe sozinha na casa por meia hora.

- E de que serve isso?

- Eu coloquei uma câmera em seu quarto. Foi assim que soube que você transou com ela. Eu tinha que ter como te provar que ela estava mentindo.

- Você fez... o que?

- Confia nela... - Henri se mete. - Não é a primeira vez que ela acerta em algo.

A contra gosto, Alex liga para a enfermeira, dizendo que ela pode ir embora por hoje, que logo estaria em casa. Pego meu celular e abro o aplicativo das câmeras de segurança. Varias delas estão espalhadas pela casa e com áudio.

Alex, então, liga para o celular de Rory, dizendo que não se preocupe pois estaria em casa em uma hora. Disse que explicaria o sumiço com calma. Então, ficamos ali, atentos a câmera de segurança que está virada para ela.

Passado menos de cinco minutos e, bingo! Rory estava em pé, se alongando depois de passar horas e horas deitada. Alex parecia chocado... pior que isso, parecia decepcionado. Ele não podia crer no que estava ali, diante dos olhos dele.

Quando ela começa a procurar alguma coisa pelo quarto. O que caralhos ela está fazendo?
Rory logo pega o notebook de Alex e o desbloqueia com facilidade. Ela tem a senha dele?

- Ela era minha namorada. Claro que tinha a senha do notebook.

Com o notebook aberto, ela corre até a sala, me fazendo mudar a câmera para lá. Então, Rory se aproxima de sua cadeira de rodas, destravando a roda e pegando no cano, um pen drive.

- Um pen drive? - O que ela quer com isso? - Alex, o que tem naquele notebook?

- Praticamente tudo. As contas bancarias das empresas, a lista de clientes, dados pessoais de centenas de outros empresários...

- Merda. Henri, preciso do seu celular. - Ele me entrega prontamente.

Disco o número do meu pai. Ele não demora a atender.

- Pai, mudanças de planos. Acho que a Rory vai tentar roubar a empresa.

- Como assim?

- Estou com Alex e Henri aqui. Ela está sozinha na casa do Alex e está com o computador com os dados da empresa e um pen drive. Pode conter algum programa para invadir servidores, bancos... sei lá. - Ouço seus passos ainda mais rápidos.

- Escute, continua de olho nela. Eu vou acessar a câmera do notebook e gravar ela e o que ela estiver fazendo. Por precaução, vou mandar que alguns homens cerquem a casa dele silenciosamente para impedir que ela fuja.

- O que eu faço, Taylor? - Alex pergunta.

- Nada. Mantenha-se onde está. Eu ligo daqui a pouco.

Meu pai desliga e continuamos a monitorar Rory. Ela parece estar bem tranquila e confiante no que está fazendo.

- Eu sinto muito... - Alex diz. - Foi eu quem a trouxe para nossas vidas.

- Você não tinha como saber. - Tento acalma-lo.

- Eu deveria ter investigado. Porra, como eu deixo alguém entrar na minha vida sem sequer procurar saber quem é. Depois de tantos ataques que nossa família já sofreu?

- Você pisou na bola, mas já foi. - Henri fala. - Ficar ai com autopiedade não vai mudar nada.

Quero repreende-lo por falar assim, mas ele está certo. Alex sempre me ensinou a buscar tudo sobre a vida de qualquer pessoa que entra em nossa vida, assim como meus pais e, com certeza, até ele, fez com o Henri. Faz parte de ser um Price. Temos que ter certos cuidados.

O celular toca. Atendo e coloco no viva-voz.

- Ela acessou as contas e programou diversas transações para a conta de uma empresa fantasma fora do país. Os valores somados ultrapassam dez milhões.

- E o que faremos?

- Meus homens estão a caminho.

- Eu também estou. - E antes que meu pai pudesse dizer qualquer coisa, Alex desligou a chamada e pegou a chave do carro.

Henri e eu? Fomos atrás dele.

Permita-Me Sonhar - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora