Capítulo Onze

159 36 15
                                    

- Eu vou junto. - Digo decidida.

- Mas nem em sonhos. - Meu pai me interrompe.

- O avião dela caiu em território brasileiro? 

- Ainda não sabemos, filha. O Ultimo sinal enviado, foi na fronteira com a Argentina.

- Perfeito. - Digo enquanto me certifico de pegar tudo o que for  preciso para - tentar - encontrá-la. Antes de tudo, preciso encontrar Alex. 

- Você não vai a lugar nenhum, Luna. E isso não está em discussão. 

- O que não está em discussão é se vou ou não ajudar meu tio. Aqui sou maior de idade. E eu piloto muito bem. 

- Não está em discussão se você pilota bem ou não. Você não vai atrás de um avião caído e ponto final! - Ele grita.

- Pode vir junto se quiser. Mas eu vou de qualquer forma.

Saio do quarto os deixando lá, ouvindo meu pai esbravejar e os passos  de salto vindo atras de mim. Eu não vou mudar de ideia, não importa o que disserem. Alex precisa de mim e eu vou ajudá-lo. 

- Luna, espera.

- Mãe, se acha que vai conseguir me impedir, está muito enganada...

- Não vim te impedir. Vim para te ajudar. Não vou te deixar sozinha.

- Certo. - Estranho a atitude dela de imediato. Minha mãe permitindo que eu suba em um avião para caçar outro que caiu? E ainda com tamanha tranquilidade? Não e normal.

- Vou ligar para o Alex. Preciso saber se ele sabe de algo antes de levantarmos vôo. Ter uma noção de direção.

- Certo. Enquanto isso, vou pegar um pouco de suplemento para nós.

Minha mãe vem atrás de mim, mantendo a estranha pose e tranquilidade. Compro o máximo de alimento que posso e, pouco depois que pago, ela me entrega o telefone.

"Luna?" - É o Alex. Sua voz está trêmula. - "Por favor, não venha atrás de mim."

"Alex, você precisa de ajuda e não vou te deixar sozinho nessa."

"Não. Você não entende. Não posso colocar você em risco também. É demais para mim."

"Eu preciso fazer alguma coisa. Não posso ficar parada aqui."

"Então, faça o seguinte. Preciso que encontre mapas geográficos que citam montanhas, rios, lagos, cavernas... qualquer coisa que possa me ajudar a encontrá-la."

"Se isso for te ajudar..." - Respiro fundo. Eu não queira ajuda -lo a encontrá-la. Queria me certificar de que Rory estaria longe do meu caminho permanentemente. - "Quando você volta?"

"Essa noite. Não vou ficar até estar muito escuro. Pode ser perigoso. Mas amanhã cedo volto a busca."

"Vou te esperar no nosso quarto. Por favor, Alex. Não me deixe preocupada."

"Não vou."

Alex desliga o celular logo em seguida e devolvo o aparelho para minha mãe. Por mais que eu não tenha escutado a conversa dela, tenho certeza que fez com que meu tio me convencesse a ficar. Ela sabe ser persuasiva.

- O que vai fazer com tanta comida agora?

- Vou levar para o quarto. Alex vai estar faminto quando voltar.

Novamente com um incômodo silêncio, voltamos ao quarto. Meu pai já não estava mais, o que me deixou intrigada a saber onde havia ido. Ele não nos deixaria assim sem explicação.

Noto também que os lençóis foram trocados e a cama está perfeitamente bem feita. Ha uma cesta de café da manhã na mesa próxima a cama, com frutas, pães e frios. Me faz sentir tola por comprar tanta coisa.

Sento com minha mãe para tomarmos o café da manhã - depois de tudo, me esqueci completamente de comer qualquer coisa antes de sair. Então, em seguida saímos  em busca dos mapas.

Levamos pelo menos três horas para conseguir encontrar os mapas e nem um sinal do Alex desde a ligação de manhã. Resolvi então que ligaria para ele. O telefone tocou até cair na caixa postal três vezes.

Desesperada e sem saber o que fazer em seguida, desabo em lágrimas. Minha mãe tenta me acalmar, mas eu me sentia cada vez mais nervosa e ansiosa. E se algo tivesse acontecido com Alex também? E se ele tivesse sofrido um acidente? Fosse picado por alguma cobra ou qualquer coisa do tipo? Como sobreviveria sozinho?

- E se ele não tiver comida ou água com ele, mãe? Se estiver correndo perigo?

- Ele não está. Seu tio é esperto, sabe como se virar em situações de risco. E sabe qual é a primeira coisa que se tem que fazer quando se está correndo algum risco? Manter a calma e pensar numa solução.

- Tem razão...

Eu tentei me acalmar, tentei muito. Mas a cada hora que se passava, eu me sentia cada vez mais angustiada. Alex não aparecia, não dava um sinal de vida. O céu estava ficando escuro e nada dele aparecer. Nenhuma rede de notícias falava sobre o acidente com Rory ou Alex. O que me deixou ainda mais apavorada. Talvez não soubessem de seu acidente. As chances de ele estar em perigo eram reais.

Por favor, apareça Alex. Você não pode me deixar assim... Não depois de omtem... Não depois de tudo.

Permita-Me Sonhar - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora