Capítulo Quarenta e Oito

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ALERTA DE GATILHO - CONTEÚDO SENSIVEL

DOIS MESES DEPOIS

Abro os olhos e sinto um grande ardor devido a luz. Tento me levantar e sinto minha cabeça, meu peito e minhas costas doerem. Doem muito!

- Não, não, não... se acalma. - Ouço a voz do meu pai. - Você ainda não pode levantar.

- Pai... ta doendo...

- Vou chamar um médico. Fique calma.

Meu pai sai da sala e eu tento olhar em volta. Minha cabeça ainda dói muito. As lembranças ainda não são claras na minha mente. Não sei exatamente o que aconteceu.
Levo minha mão até os olhos, tentando acalmar o ardor que a claridade tem causado, quando percebo que minhas unhas estão maiores do que deveriam estar. O que esta acontecendo?

- Filha! - Minha mãe entra na sala, desesperada. - Quem bom que está bem.

Ela me abraça forte. Ignoro a dor enorme que me consome para dar um minuto de paz a minha mãe.

- Escuta aqui, mocinha! Não se atreva a desafiar mais nenhuma mulher maluca e armada. Se não, eu mesmo tiro a sua vida!

Ah é... a Rory. Nós brigamos e... aquela vaca atirou em mim.

- O que aconteceu com a Rory? Não me diga que ela escapou, por favor.

- Não, filha... ela... ela... a Rory atirou em si mesma antes que a policia conseguisse...

Então ela morreu... em tudo isso que aconteceu, eu queria que ela fosse presa e respondesse por tudo o que fez, não que morresse. Mas agora, ela está morta. Como vou odiar alguém que já morreu?

- E o Alex e o Henri? Onde eles estão? Porque não vieram com você? - Minha mãe demorou um pouco a assimilar minha pergunta.

- O Alex vem te ver daqui a pouco... - Ela diz. - Na verdade, vou chamá-lo agora mesmo.

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, minha mãe se retirou rapidamente da sala.
Os minutos foram passando e ninguém aparecia. Ninguém além de um enfermeiro que veio me dar um pouco mais de medicação para a dor.

Mas que merda. Onde é que está todo mundo? Porque me deixaram aqui sozinha?

Tic... Tac... O relógio na parede faz o mesmo barulho repetidas e repetidas vezes... Tic... Tac.

- Oi. - Alex me tira do transe. - Até que enfim você acordou.

- Oi... - Suspiro aliviada por vê-lo aqui. - Como você está?

- Estou bem. Eu acho... Eu estava preocupado com você.

- Me desculpa. Eu não queria te deixar mal...

- Você não tem culpa de nada... ta legal? Preciso que ponha isso na sua cabeça.

- Eu tentei não colocar vocês em risco.

- Eu sei... e não foi sua culpa. Rory estava descontrolada. - O olhar dele parece estar distante. - Na verdade, se alguém aqui tem culpa, sou eu. Se alguém merece ser odiado por qualquer razão, sou eu. Não você. Somente eu. Eu a trouxe para nossas vidas.

Seus olhos se avermelham e as lágrimas não tardam a cair. Alex não costuma chorar. Algo não está certo.

- Ei... Ei, calma. - Tento levantar, mas ainda dói um pouco. - Eu estou bem. Alex, eu estou bem aqui.

- Mas não tenho certeza que estará por muito mais tempo.

- Como assim? Alex, porque diz isso?

Ele então, tira a camisa revelando três cicatrizes. Duas são circulares e uma, percorre seu tórax em uma linha não muito reta. Sei que os dois círculos, são tiros. Mas e a outra?

Permita-Me Sonhar - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora