Capítulo Dezenove

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O dia finalmente começou e eu não preguei os olhos a noite toda. Mas, ao mesmo tempo que parecia ter demorado uma eternidade, passou rápido até demais. Antes do ensaio final da peça do Henri, vou encontrá-lo para ter certeza de que ele está pronto para a noite.
Creio eu que, na primeira vez em que os verão, meus pais não farão pergunta alguma. Mas sei que depois disso, vão puxar a ficha dele... isso se ja não o fizeram desde a foto de ontem.

Meus nervos estão a flor da pele e eu preciso urgente de um pouco de açúcar no meu sangue.
Pela primeira vez em meses, minha euforia matinal não é um moreno invocado cujo o nome é Alex, e sim um belo francês de longos cabelos negros e olhos intensos.

- Bom dia, filha. - Meu pai se aproxima ao me ver pegar uma panqueca e jogar muita calda em cima.

- Bom dia. - Encho a boca e em seguida, massageio as têmporas. Porque é que eu estou tão tensa.

- Você está bem?

- Uhum... - Sonoriso enquanto engulo. - Só um pouco nervosa.

- Porquê? Não estamos em época de provas.

- Não, não estamos. - levanto da mesa e pego meu copo de chocolate quente e, antes de sair digo: - Vamos a uma peça teatral amadora hoje a noite. Por minha conta... estejam prontos as 18h30.

- Papel revertido, mocinha. - Ele diz sorrindo.

- Pois é. - Rio também. - Já que não tem bronca por isso, não se atrasem.

- E onde você vai? Vai para a casa do Alex denovo?

- Não. Vou passar no teatro para pegar os ingressos.

- Tudo bem. - Começo a subir as escadas e ele diz: - Luna, eu amo você.

Meu peito gela. A possibilidade de ele já saber me causa um certo medo e sinto a confiança que tinha por minha mãe se esvair.

- Eu... também te amo, pai.

Chego rapidamente ao último degral onde abro a porta do meu quarto e começo a escolher minha roupa o mais depressa possível.
Será que ele sabe? Será que minha mãe contou a ele? Que merda! Eu confiei nela.

Pego a primeira combinação de roupas pretas que encontro, tudo combina e nao me faz ter que pensar se alguma cor esta boa ou nao. A calça justa de tecido modela meu corpo ao mesmo tempo que a camisa preta de seda faz seu papel não me deixando muito magra e dando um ar mais "maturo" e, a bota preta de salto me deixa cinco centímetros mais alta, facilitando minha vida em mim por cento. Pego minha bolsa e coloco tudo dentro, junto com meu estojo de maquiagem e meu babyliss.

No corpo pego um shorts simples azul e uma camiseta preta. Algo totalmente casual. Pego meu telefone e ligo para Henri e peço seu endereço antes de sair de casa. Logo pego o carro do meu pai e vou até sua casa, quer dizer, a casa de seu amigo.

Henri sai no portão do pequeno condomínio e fica a minha espera. De longe, posso vê-lo usando somente uma jaqueta preta e uma calça camuflada. Parte de seu corpo está a mostra e sou obrigada a dizer que este homem é realmente sexy.

- Oi.

- Salut. - Ele diz e sorri... divertindo-se com minha cara confusa, ele explica que significa "olá" em francês. - Entre.

Subo a escada estreita e entro na porta a direita que está semi aberta. O lugar onde ele vive é minusculo. E não é pequeno para os meus padrões de vida... e sim, pequeno de verdade. É somente um estúdio com um banheiro. O estudio, além de muita tralha, tem uma única cama e um sofá  grande que não parece nem um pouco confortável de dormir.

Permita-Me Sonhar - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora