Capítulo Trinta e Dois

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Taylor parece incomodando com o fato de eu estar no colo de Henri, mas não fala absolutamente nada.

Dou um último beijo rápido em sua boca (o famoso "selinho"), antes de sair do colo dele e ir até meus pais.

- Esta melhor? Esta até andando.

- Acho que não está só andando. - Meu pai diz e minha mãe olha feio para ele.

Henri deixa sua cabeça baixa, não sei se por vergonha ou para não rir na cara do meu pai. Taylor sabe muito bem como constranger alguém quando quer e, se esse alguém for o namorado da sua menininha... Ah, aí sim ele capricha.

Eu me lembro de quando recebi uma carta de um menino mais velho, dizendo que gostava de mim. Dois dias depois, os pais dele o tiraram da escola e, os boatos, foram de que ele tinha bolinhas nas partes íntimas...

Até hoje não tenho certeza de que Taylor te algo  ver com isso, mas a minha intuição me diz que sim.

- Como você está? - Meu pai pergunta.

- Bem. - Respondo. - Eu sequer sei bem o que aconteceu. Henri me explicou por cima, mas não me recordo sobre já ter passado por isso antes.

- Você era muito nova. Não se lembraria.

- Quantos anos?

- Uns cinco ou seis. Você surtou quando Alex apareceu com uma namorada nova e você não gostou muito daquilo.

- Espera. - Henri diz. - Ela começou a ter crises de pânico quando Alex começou a namorar?

- É mais ou menos isso...

- Hmm.. - Ele se levanta, olha para mim e volta para minha mãe. - Vou aproveitar que estão com ela e vou comer algo.

Não sei se meus pais perceberam alguma coisa, mas eu notei. Ele se incomodou. Eu quero ir atrás dele mas não posso.

Minha mãe olha desconfiada, mas não diz nada. Se a conheço bem, ela vai dizer algo somente quando estivermos a sós.

- Então... Esses dias... tem sido bem caótico...

- Realmente. Alex, Henri, festa, Rory... - Minha cabeça tá girando.

- Ele te contou, então?

- Sim... Veio aqui agora a pouco. - Olho para o meu pai e para o chão.

Eu não costumo esconder segredos da minha mãe. Com a excessão, claro, de Alex e como conheci Henri. Quero poder conversar com ela, mas meu pai...

- Querido, porque vai atrás do Henri? Faz companhia para ele.

- Eu não acho que ele precise.

- Taylor, agora. - Ela fala em tom sério e ele faz, a contragosto, mas faz.

- Só tem tamanho. - Digo e ela sorri.

- E então? O que quer me contar? Te conheço e sei que seu pai estava te incomodando.

- Quero saber se posso colocar o DIU.

- Bom... - ela olha em volta como quem não esperava isso. - pode. Mas porque?

- Não gosto de pílulas. E também me preocupo que eu possa esquecer.

- Então, você e o Henri...?

- Sim. Você sabe disso.

- Mas ele sabe que você quer colocar o DIU? Não que faça diferença, mas quero saber como você chegou a isso.

- Não. Na verdade, não sei se ele pode ter filhos ou se quer um dia. Só sei que eu tenho muitos sonhos ainda, e filhos não é minha prioridade.

- Tudo bem. Admiro a sua maturidade. Vou marcar com a ginecologista e te falo.

- Ok... E... O Alex esteve aqui... Ele me viu com o Henri. Não ficou nada feliz.

- E como você sabe o histórico do seu tio, - Odeio essa palavra - acha que ele pode usar essa informação de maneira inapropriada, certo?

- Mais certo que isso, impossível. Inclusive, acho que ele só me contou da Rory por ter visto. Ele não seria tão insensível de jogar essa bomba, tão violentamente depois do que aconteceu, se não tivesse chateado.

- Ele te ama. E acha que vai te perder para o Henri.

- Ele te disse isso?

- Disse. A conexão de vocês sempre foi muito forte. E agora que você está uma mulher adulta, as possibilidades do que podem fazer juntos, é ainda maior. - E ela nem faz ideia... - Ele teme que, com o Henri na sua vida, essas coisas não sejam mais possíveis.

- Não posso dizer que ele está errado. Mas da mesma forma que ele priorizou a Rory mais de uma vez... Bom, eu não vou ser injusta comigo mesma e sempre priorizar quem não me vê como prioridade.

- E você está mais do que certa. Eu vou conversar com o Alex... nada que um bom puxão de orelha não resolva. Mas agora, descansa que logo o médico vem te liberar.

- Pode pedir pro Henri subir?

- Claro, filha.

Minha mãe se despede com um beijo em minha cabeça e um sorriso.

Permita-Me Sonhar - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora