Capítulo Três

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Na manhã seguinte a minha briga com Rory, Alex passou em casa bem cedo. Como prometido saímos para pilotar. Alex é realmente bom no que faz, não é atoa que centenas de pessoas confiam nele para levá-los ao seu destino. 

Me sento finalmente em frente ao manche e coloco o sinto de segurança e os fones de ouvido. Certifico-me de estar conectada com o avião do meu tio antes de iniciar os procedimentos de decolagem. Em seguida, chego no computador se o motor, turbinas e demais peças estão em ordem. Está tudo perfeito, assim como a meteorologia. Está um dia perfeito para voar.

Ao puxar o manche para perto de mim, sinto o corpo ser jogado para trás e o nariz do avião ganhar altitude. Puxo a alavanca ao meu lado, permitindo que o flap faça seu trabalho. Depois de o avião estar totalmente estável, chegou a hora de saber para onde vamos. 

- Alex, na escuta?

- Na escuta. Para onde quer ir hoje?

- Gostaria de saber para onde você quer ir. -  Digo.

- Não temos muito tempo para escolher. - Ele diz e sorri. - Acho que você deveria me seguir e ver onde o vento nos leva. 

- Por mim, está tudo bem. - Digo e permito que ele tome a frente. Alex começou a me ensinar a pilotar há pouco mais de um ano, e faço viagens com ele há pelo menos três meses. Esse é o nosso momento, o nosso hobbie, o que nos conecta e nos liga desde a minha infância. 

Nós somos como pássaros, não gostamos de viver em uma gaiola. Gostamos de voar, se ser livre, de contemplar das alturas o nascer do sol - como estamos fazendo agora. Gostamos de estar na companhia um do outro e de fazer com que cada aventura, seja única e ainda melhor que a anterior. Somos como almas gêmeas. Como unha e carne... nós nos completamos de uma forma que não sei como explicar. Somos... nós.

Vendo o céu tomar tons de laranja e amarelo, sorrio ao lembrar do quão incrível foi, ver esta paisagem ao lado de Alex pela primeira vez. Eu, naquele dia, me senti especial e acima de tudo, sortuda. Sortuda por contemplar tamanha beleza quanto poucos podem ver, por ter a oportunidade de aprender a voar, ainda que não com minhas próprias asas; de ser livre e amar a liberdade que isso nos proporciona.

Concentrada no trajeto, tento imaginar que Alex está ao meu lado, e que desta vez, quem o guia sou eu. Tento imaginar o sorriso de orgulho em seu rosto quando me vê puxar o manche devagar e tomar o impulso necessário antes de puxar a alavanca. Tento o imaginar avaliando meu desempenho enquanto elogia a rapidez com que aprendi e faz piadas dizendo que vai colocar os para-quedas para o caso de eu não saber o que estava fazendo. Sorrio ao lembrar que ele fez isso comigo mais vezes do que se pode contar.

- Luna? - Ele me chama. 

- Oi. - Respondo com um sorriso bobo. Parece que ele sabia que estava pensando nele.

- Queria saber se está tudo bem ai. - Seu tom de voz é calmo. 

- Está sim. 

- A nossa frente temos uma área de turbulência. Sei que não treinamos muito isso, mas preciso saber se você sabe o que tem que fazer.

- Alavanca 1, manche longe, alavanca 2, manche perto e alavanca 1. - Digo imaginando seu sorriso. 

- Não se esqueça do estabilizador. Vamos entrar na área em alguns segundos.

Confirmo e aguardo. Meu coração está acelerado. Aquela adrenalina gostosa de quando comecei a pilotar retorna ao meu corpo. Eu amo essa sensação.

Como previsto, a turbulência surge logo. Ligo o estabilizador automático e empurro a alavanca 1 desativando o flip. Desço um pouco o nariz do avião para entrar em uma atmosfera mais tranquila. Puxo a segunda alavanca, mantendo o avião em movimento sem que suba ou caia. Logo a tremedeira cessa e posso voltar meu avião a sua altura anterior. Puxo o manche para perto de mim e desativo o spoiler, ativando o flip novamente. 

- Muito bem, garota! Você foi incrível. - A voz surge nos fones novamente e eu sorrio imaginando sua comemoração. - Só mais um pouco e faremos uma parada. 

- Sim, capitão. - Digo e ouço sua risada.

Se passaram duas horas desde que levantamos vôo - meu maior tempo até agora -, quando Alex anuncia que iremos finalmente pousar. Faço novamente todos os precedimentos necessários e pouso o avião com maestria, arrancando um sorriso enorme do meu tio... Meu tio, como chamá-lo assim é estranho.

- O que vamos fazer agora? - pergunto fechando a porta do avião. 

- O que fazemos de melhor, comer e depois relaxar mais um pouco. Temos que estar no ar novamente ás 15h para podermos fazer a segunda parada as 19h... acha que aguenta? 4h e vôo ininterrupto? 

- Claro que sim. As horas lá em cima parecem passar tão depressa que não me imagino as gastando de outra forma... bom... imagino, mas não vem ao caso agora... - O volume da minha voz vai diminuindo a medida em que a frase vai terminando. O que eu acabei de dizer? Eu acabei de erotizar uma conversa sobre vôo...?

- Certo. - Ele diz de modo divertido. - Vamos comer então e depois pensamos como vamos gastar as horas que temos aqui... 

Surprise!!!!

Capitulo presente para vocês, por terem esperado eu voltar... rsrs

Amo vocês e me desculpem novamente pela ausência.

Permita-Me Sonhar - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora