Volto a minha atenção ao homem que Alex agrediu. Sua situação não está nada boa. E o pior, é que a culpa é minha.
Eu me sinto a pior pessoa do mundo por estar priorizando um boato, a um fato que pode acabar com a vida do homem que eu amo de uma vez por todas. Além do mais, eu nem sequer me lembro o nome dele.
Ainda tem o Henri.Henri... Ah, merda. O Henri...
Ele tem sido tão bom para mim. Tem me aceitado com todas as merdas que acontecem. Tem estado presente e me compreendido. Mesmo com tudo isso, com o Alex na minha vida, com o meu pai sendo quem é, minha mãe sendo da forma que é... Me surpreende que ainda não saibam a verdade.
Novamente me sinto tonta. O que tá acontecendo comigo? Se não estou grávida, o que está me deixando tão mal?
Sinto as mãos quentes do Henri me puxando para perto dele. Eu posso reconhecer esse toque em qualquer lugar, já me é familiar.
- Você está bem?
- Não. - Sou sincera.
- Ok. - É tudo o que ele diz.
Não sei como ou em que momento ele avisou ao meu pai, mas logo ele e minha mãe estavam ao meu lado. Andamos até o carro - Eu fui, na verdade, quase carregada - e seguimos todos em quase total silêncio, exceto pelo meu pai que disse, provavelmente ao telefone:
- Não quero alarde, mantenham tudo em sigilo.
***
O lugar que paramos era um hospital. O que é raro. Acho que a última vez que vim em um, foi quando nasci. Minha família não vem a hospitais a menos que seja extremamente necessário pois a maioria dos atendimentos podem ser feitos no conforto e sigilo do nosso querido lar.
Meu Deus, quem sou eu? Porque estou pensando dessa forma?
- Price? - Uma voz desconhecida vinda de um longo cabelo loiro diz.
- Libera equipe agora.
- Ok.
O que está acontecendo aqui? Eu quero perguntar, mas eu não consigo. Olho em volta e tudo o que vejo é portas com nomes que nunca vi na vida, meus pais andando rápido, minha mãe no telefone segurando choro e... Henri? Cadê ele?
Tento falar mas a voz não sai. Henri não está aqui. Alex não está aqui. Ninguém está aqui. Para onde estão me levando? Começo a chorar mas parece que ninguém vê. Tento pedir socorro mas ninguém me escuta.
Minha única solução...
Começo a me debater sem parar. Minha mãe grita mandando me soltarem. Caio no chão e começo a chorar. De onde vem essa dor?
Ela corre até mim e me abraça. Estamos as duas deitadas no chão, aos prantos. Chorando como se o amanhã não fosse chegar e aquele fosse o nosso último dia.
Ela me puxa para perto do seu peito e posso sentir aquela sensação familiar de quando eu era criança. Posso ouvir meus irmãos brigando por algum brinquedo enquanto minha irmã mais velha, dá uma de "adulta" e os repreende, arrancando sorrisos dos nossos pais. Essa é uma lembrança feliz.
- Está tudo bem. Filha, eu estou aqui. Está tudo bem.
- Mãe... - A abraço mais e o choro aperta. Eu não sei de onde vem, o porque está aqui... Eu só sei que preciso que ele venha e que ele vá embora.
- Filha, nós precisamos subir...
- Pra onde? - Devo ter parecido muito assustada pois ela me abraçou mais forte me pediu calma.
- Você não está bem. Só vamos fazer alguns exames.
- Porque não em casa?
- Porque em casa demoraria muito mais para sair os resultados e aqui, temos uma ala para nos atender em caso de urgência.
- Vocês estão mentindo pra mim. Não me trariam para o hospital se fosse grave ou para me internar. Isso é um hospital psiquiátrico?
- Não... Não, meu amor. Não é. Você passou mal e achamos que seria melhor trazermos para ser acompanhada aqui do que em casa, já que aqui, tem equipamentos que em casa, não tem como serem levados.
- Porque o Henri não tá aqui?
- Ele já deve estar chegando. Vou pedir para o seu pai levar ele até seu quarto assim que você estiver acomodada.
- Não. Não vou a lugar algum sem ele.
- Luna, para de ser mimada e levanta daí. - Meu pai fala. Recebendo um olhar mortal da minha mãe como resposta.
- Eu não vou subir sem ele. Ele estava comigo a um minuto. Porque não está agora?
- Porque ele foi buscar a moto.
- Liga pra ele... - Meus pais se olham - LIGA PRA ELE AGORA! - A medida que meu grito saiu, as lágrimas saíram junto. Não pude me conter.
Eu preciso dele aqui. Eu quero ele aqui.
- Calma. Não precisa. Eu cheguei. - Ouço a voz seguida dos passos rápidos no corredor. Me livro dos braços da minha mãe, me jogando nos dele, chorando ainda mais.
Aquele aperto me é tão reconfortante que eu poderia ficar só ali. Longe de todo o mundo e de todo o resto. As poucos meu coração desacelera e minha respiração também. Mas não quero me livrar do abraço. Henri percebe. Ele me compreende.
Agora em seu colo, seguimos pelo corredor que parece infinito. Ouço minha mãe ainda chorar baixinho. Nada me tira da cabeça de que algo está errado e que estão escondendo algo de mim.
Tento ser capaz de ler o que está escrito nas portas, mas só consigo ver nomes.
E se não forem médicos? E se esses nomes forem pacientes? E se estiverem me internando?Mas porque? Me internariam por ter contratado um modelo para se passar por meu namorado? Por ter transado com meu tio? Por ter me apaixonado pelos dois?
Espera? Eu pensei isso mesmo?
Apaixonada... Pelos... Dois ....Apaixonada...
Pelos...
Dois...Apaixonada....
Pelos....Apaixonada...
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Permita-Me Sonhar - Livro III
Teen Fiction🥇#1 Em Zelo - 02/02/23🥇 Luna Price sempre foi uma menina extrovertida, curiosa e sonhadora. Agora, quase adulta, seus sonhos ganharam ainda mais forças, e ela, ainda mais determinação.