- Eu não acredito que ele apareceu aqui. Justo hoje, de propósito, depois de me fazer sofrer com sua ausência por semanas.
- Eu acho que ele está tentando te machucar de alguma forma. Não creio que esteja aqui para vê-la feliz... ainda mais estando comigo.
- Eu sei. Isso é tudo tão confuso, Alex surta, some, me deixa mal, aparece, exige que eu esteja perfeitamente bem... Que tipo de amor é esse?
- Isso pode ser qualquer coisa, menos amor...
- Porque diz isso?
- Sente. - Henri coloca minha mão em seu peito. - Sente o coração batendo? E o que acontece quando penso no doce sabor dos seus lábios, tocando o meu de maneira gentil e tímida? Sente como minhas mãos transpiram e tremem somente na ansiedade de tocar as suas? Isso, é amor!
- Henri...
- Não precisa falar nada. Eu sei que isso aqui é meramente... mas eu não escolhi isso e não espero que seja reciproco.
- Eu...
- As vezes eu entro tanto no personagem, que acabo me esquecendo de que aquela não é a minha vida. Isso, não é a minha vida.
- E se... formos com calma? Eu acho que nós somos bons juntos. Você me diverte... mas eu não quero que você seja a minha segunda opção. Se formos para fazer isso, teria que ser somente a única.
- Eu não me importo. Desde que...
- O que eu quero dizer, é que eu não vou mais ver o Alex. Não quero que ele atrapalhe a minha vida como tem feito. Eu me abri para ele, abri meu mundo, minha vida, meu tempo... fiz de tudo por ele e para nada. E eu mereço mais do que isso.
- Luna...
- Me deixe terminar... Eu quero ter uma vida normal, um relacionamento normal... mesmo que isso não tenha começado normalmente. Eu quero que cada dia da minha vida, daqui pra frente, seja melhor. Quero acordar segura de que não vou mais surtar a cada vez que Alex aparecer com alguém ou a cada vez que minha mãe resolver surtar com ele e o proibir de vir aqui. Me esconder... Nada disso é o que eu quero.
Ele me olha atentamente enquanto segura minhas mãos.
- Henri, eu amo você. De um jeito estranho, mas amo. Gosto de estar ao seu lado, gosto da sua companhia mesmo quando só em silêncio. Gosto de saber que você está aqui por mim. Sei que até então era tudo fachada, mas não me importo... Não me importo de tentar qualquer coisa a partir disso. Se der certo, ótimo, minha família já te apoia, te aceita e já irão te ajudar de qualquer maneira. Se não der, ambos teremos aquilo que queríamos.
Ele para em silêncio por mais tempo do que gostaria. Seus olhos fixam na porta atrás de mim. Me viro e vejo Alex parado mais uma vez. Quando foi que ele voltou? Porque está aqui? O que ele quer de mim agora?
- Nós... Temos um probleminha. - Diz ele. Espero que comece a xingar por ouvir tudo o que eu disse. Que seja rude ou que queira partir para a agressão, mas ele permanece em seu lugar. Seus punhos serrados e os nós de seus dedos, vermelhos com sangue mal limpo. Merda!
- O que você fez? - Alex não tem nenhum roxo e nem outra marca de briga. Aquele sangue não era dele. Ele não está com a mão cortada.
- Um... Repórter... Ele estava com umas fotos... E um áudio... E eu não... Ele está...
- Merda, o cara na porta.
- Eu não queria... Mas...
- Onde ele está? - Henri pergunta. Alex está tão atordoado com o que tá acontecendo que não retruca como sempre faz. Ao invés disso, ele aponta para o jardim dos fundos.
Corro para onde o homem visivelmente machucado está. A essa altura, eu nem se quer me importo se ele pode acabar com a minha vida. Se a partir daqui, meus pais podem matar a mim e a Alex. Preciso salvar a vida dele a qualquer custo.
Tento chamar por ele, que não responde. Seu corpo está mole e seus dedos, roxos.Alex está tão desesperado que permanece imóvel. Daqui onde estou, posso jurar ver seu peito inflar mais rápido do que o normal. Minha vista parece estar toda em câmera lenta. Olho em volta e não vejo ninguém. Olho para cima, vejo uma sacada com grades baixas, mas ninguém estava ali.
- Henri... meu pai....vai!
Ele entende o que peço e, como se já fosse treinado pelos Price, chama meu pai com total discrição. Ele se aproxima sério e visivelmente tenso. Olha para mim que, estou agora, cheia de sangue do rosto quase irreconhecível daquele homem. Me pergunta o que eu sei e digo que nada.
Alex vai ter que se virar com essa merda.Ele pega seu celular, manda uma mensagem e em questão de segundo, seus homens estão conosco. Eles pegam o homem, colocam dentro do carro de maneira rápida e quase profissional. O que me passa pela cabeça, me embrulha o estômago: Quantas vezes ele fez isso?
O homem e levado, meu pai olha para mim que estou agarrada em Henri. Olha para Alex e depois torna a olhar para mim.
- Família... Sempre em primeiro lugar. - Ele diz e vai até Alex.
Corro atrás dele. Henri vem atrás de mim. E poucos instantes depois, minha mãe também está junto. Como ela chegou aqui? Que horas ela saiu? Quem está lá dentro? Será que nos viram?
Olho para Alex ainda em choque. Meu pai segurando um pano úmido na mão do Alex. Minha mãe séria mas sem sinal de espanto. Henri... Ele... Merda! É agora que mais nada vai dar certo...
Busco seus olhos tentando decifrar o que ele está sentindo... Mas não os encontro. Em seu lugar, vejo somente escuridão. O som das pessoas conversando e sorrindo no cômodo ao lado, cada vez mais distante. Até que, finalmente... Nada mais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Permita-Me Sonhar - Livro III
Teen Fiction🥇#1 Em Zelo - 02/02/23🥇 Luna Price sempre foi uma menina extrovertida, curiosa e sonhadora. Agora, quase adulta, seus sonhos ganharam ainda mais forças, e ela, ainda mais determinação.