Capitulo Vinte e Sete

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- Eu não estou grávida, Henri.

- Eu acredito em você. Tudo bem.

- Filha, não e melhor fazer um exame ou algo que possa confirmar o negativo para esclarecer as coisas com a imprensa? - Minha mãe diz.

- Eu faço. Claro.

- Seu pai deve estar furioso a essa altura. Ele nem se quer voltou pra casa ainda.

- Onde será que ele foi? Meu pai é impulsivo. Tenho medo do que ele pode fazer por isso.

- Ele não é mais tão irracional. Ele amadureceu bastante desde que conheceu seus irmãos.

- Sophie deve estar preocupada... Não sei como ela não me ligou ainda.

- Deve estar em aula. Talvez nem saiba. A universidade toma bastante tempo dela.

- E o Max? Onde ele está?

- Não sei... Ele saiu a pouco também. Levou o notebook e o modem portátil.

- Isso não é muita novidade. Ele leva todas essas coisas a qualquer lugar que vai... Mas, ele não falou nada?

- Seu irmão não é de falar muito.

- Mãe... - Olho pra ela e pra Henri, depois, para ela novamente. - Mãe...

- Calma. Calma. - Ela me abraça e eu começo a chorar.

Henri, sentado na cama, coloca as mãos na cabeça e permanece em silêncio. Isso não fazia parte do acordo, tampouco dos nossos planos. Mas de uma coisa tenho certeza, a mídia não vai sair de cima dele agora.

***

- Nada do que eu disser a vocês, vai mudar o que já foi dito sobre mim anteriormente. O que queremos esclarecer aqui é que Henri e eu, não teremos um bebê. Estamos na melhor fase do nosso relacionamento e um filho agora não está nos nossos planos.

- Está nós dizendo que planeja fazer um aborto?

- Não! - Ele diz.

- O que estamos dizendo - volto a dizer - é que eu não estou grávida. Não existe bebê algum e não existirá tão cedo. Nós temos muitos planos para nós e para nosso futuro, queremos construir um legado que deixaremos para nossos herdeiros.

- Sua família vive em uma situação extremamente confortável. Problemas financeiros não serão um obstáculo para seus filhos.

- Olha. - Respiro lentamente. - Meu tio iniciou uma empresa do zero. Minha mãe fez seu nome com as próprias garras. Eu não serei diferente. Não quero carregar o sobrenome Price e ser a filha rica de alguém. Quero ser "A" menina que lutou para que seu nome seja conhecido por mérito dela. Que poderá deixar aos filhos, um legado e um ensinamento. Minha mãe me ensinou a olhar com meus próprios olhos e andar com minhas próprias pernas. Eu não quero e nem aceito mais ser taxada como a filha da estilista. Eu tenho um nome, uma história, uma personalidade própria e eu tomo minhas próprias decisões, então parem de atacar minha mãe sem necessidade.

Henri e meu pai insiste para que eu vá embora junto com eles. Me recuso. Eles querem respostas e eu vou dar. Ninguém aqui vai me calar e se querem que eu diga algo, vão ouvir conforme eu disser.

- Mais alguma pergunta?

- O que houve na festa de apresentação do seu namorado? Os boatos de gravidez começaram a circular devido um desmaio.

- Eu estava desde cedo sem me alimentar, cuidando dos preparativos para a festa. Eu queria garantir que nada desse errado. Mas, na festa, houveram imprevistos e minha pressão caiu.

- Que tipo de imprevistos?

- Um jornalista me caluniar com uma gravidez, por exemplo. - Todos riram. - Brincadeira. Meu tio e eu, tínhamos um projeto juntos. Um plano que estávamos analisando e que, para mim, para o Henri... Era importante. E coisas aconteceram. Eu fiquei alterada e acabei discutindo com eles na festa.

- Poderia nos dizer que planos são esses?

- Não. - Digo sorrindo. - Se tem uma coisa que eu aprendi com a minha família, foi que os planos e sonhos, compartilhamos somente com a família, até que tudo dê certo.

- Se não se importam, a coletiva se encerra por aqui. - Meu pai diz. - Minha filha passará por um exame agora, graças a péssima conduta e interpretação de seus colegas, então, por favor, limitem-se a ficar somente no lugar de vocês!

Me submeto a um teste rápido de sangue e urina. Me sinto humilhada por ter que fazer xixi num copinho na frente de um médico e sendo protegida somente por um pano. Onde eu estava com a cabeça quando pensei nisso?

O teste rápido de urina, com 7 testes diferentes, deram negativo. O sangue segue sendo examinado em tempo real, o que leva pelo menos umas duas horas. Não saímos de lá nem se quer por um minuto e, quando o computador termina de fazer a contagem de HCG presente no meu organismo, a tela mostra a numeração baixíssima. O NEGATIVO aparece no telão e pude jurar que os jornalistas ficaram decepcionados.

- Chega. O show já acabou. Já viram o que tinham para ver. Já ouviram o que tinham pra ouvir, agora, vão para casa e desmintam essa história toda ou eu juro pra vocês, que farei com que essa seja a última matéria que já escreveram na carreira de vocês. - Meu pai diz.

Rapidamente vejo os bancos se esvaziando.
Um a um, os homens que há pouco mais de três horas estavam me julgando, saiam.
Sinto um alívio crescer em mim e por este instante,  esse pequeno instante, me esqueço do homem que está quase morto graças ao Alex.

Permita-Me Sonhar - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora