Capítulo Cinquenta e Um

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Levanto-me o mais rápido que pude. Eu devo estar sonhando. Como assim Alex não é meu tio de verdade?

- Viu o que você fez? - Meu pai grita.

- Eu? Quem falou merda foi você. - Alex devolve. Ele sabia este tempo todo?

- Calem a boca os dois. Só, calem a porra da boca. - Meu sangue ferve.

Neste momento, pouco me importa se de um lado está meu pai, meu tio, ou o que quer que sejamos. Nada poderia me impedir de gritar e dizer o que estava engasgado há muito tempo.

- Vocês dois são dois idiotas. Sério! - Meu pai tenta dizer algo mas eu o interrompo. - Não! Você vai me ouvir. Eu estou cansada de ser tratada como criança. Estou cansada de ter você interferindo na minha vida tantas e tantas vezes.

Ele parece confuso e chocado ao mesmo tempo. Alex permanece imóvel.

- Nessa sua obsessão por me manter "segura", despedaçou a minha vida várias vezes. Sabe quantas vezes eu sofri com a partida do Alex? Sim, você sabe. Porque você e a mamãe viram. E ainda assim, você causou essa dor em mim, PROPOSITALMENTE, mais de uma vez. Você é um filho da puta egoísta.

Meu pai parece puro ódio e não pensa duas vezes antes de levantar a mão para me bater, sendo impedida por Alex, que é golpeado na boca.

- Além de tudo, é um covarde. Não aguenta ouvir a verdade sem querer bater em alguém.

Seus olhos cravaram em mim mais uma vez, e ele solta Alex, que cai no chão.

- Chega! - Minha mãe surge, se colocando entre nós. - Se vai encostar em qualquer um dos dois, vai ter que passar por mim primeiro. - Ela o desafia.

Taylor parece incapaz de feri-la de qualquer forma, recuando no momento em que seus olhos encontram os dela. Minha mãe faz algum tipo de sinal, que o faz sair do quarto, batendo a porta atrás de si. Ao se virar para mim, seu olhar parecia um misto de decepção, raiva e pena. Não fui capaz de interpretar o que estava passando em sua cabeça.

- Você foi longe demais. - Ela diz, mais calma do que aparenta. - Sei que está sofrendo, mas isso não lhe dá o direito de fazer o que fez.

- Porque me sinto no total direito, então? - Digo. Não quero gritar com ela. - Ele viu... ele estava comigo todas as vezes em que sofri acreditando que Alex tinha me abandonado. Ele me consolou muitas dessas vezes e ainda me prometia rodar o mundo para encontrá-lo, sendo que, ele quem o mandava para longe de mim. Não tem desculpa para isso, sequer dizer que era para meu bem.

- Eu entendo a sua raiva. E agradeço por me ouvir antes de me atacar também.

- Eu jamais faria isso com você, mãe. De todos aqui, a única a estar sempre ao meu lado e não mentir para mim, foi você. Quer dizer... até agora.

- Não achei que seria tão importante para você, saber disso.

- Mas era... - Meus olhos se enchem de lágrimas. - Há quanto tempo vocês sabem?

- É difícil dizer... - Ela, por mim, conta a verdadeira história da família Price. - Éramos muito novos para nos lembrar de qualquer coisa, mas tenho uma vaga lembrança de quando Alex chegou a família, ainda muito pequeno. Tão pequeno que pude jurar que era de brinquedo.

Minha mãe olha para ele e sorri. Por um instante, havia me esquecido de que ele estava ali.

- Não tenho recordação de tê-la visto grávida, mas, eu era muito pequena. Crescemos juntos, seus tios e eu... como verdadeiros irmãos. Nossos pais eram incríveis, até um determinado momento... - Ela parece inquieta ao se lembrar de algo. - Mas não é essa a parte que interessa.

Permita-Me Sonhar - Livro IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora