Cap 1

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P.O.V Any

Tudo estava indo bem na minha vida até completar os meus dezoito anos. Eu vivia bem, com a minha família- a minha mãe Priscila e a minha irmãzinha belinha- numa pequena casa simples do interior. Não era uma casa grande, nem um pouco extravagante, mas era a nossa humilde casa e era o suficiente para vivermos.

"Viver"

Riu com o meu pequeno pensamento. Palavra tão pequena, apenas cinco letras. Viver é algo que não conheço faz tempo.

Eu não vivo, eu sobrevivo...

Tudo começou a correr mal após a morte da minha mãe, Priscila morreu nos meus braços, vitima de uma doença incurável e segundo muitos, vítima de uma maldição. Não foi uma morta simpática. O que eu estou a dizer? Existe morte simpática? Acho que não. Riu irónica. A dor de chorar seria maior ainda, não me permitirei.

A minha mãe não morreu de uma maldição, muito menos de uma doença incurável, ela foi morta, assacinada nos meus braços, com minha irmãzinha de nove anos apenas me observando e pedindo pela mãe que eu não poderia trazer de volta.

Priscila foi morta por conter más energias, segundo eles- os que a mataram- ela não poderia contaminar mais ninguém com a sua "doença incurável".

Após a morte da minha mãe as coisas não correram melhores para mim e para Belinha.

Flashback On

- Any, por favor, não me deixa, eles vão levar-me, eu quero a mamãe, Any, por favor AAAAANNNNYYYYY

Flashback Off

Estas foram as últimas palavras que ouvi da minha irmã, ela implorando pela a minha ajuda e eu sem saber o que fazer. Na verdade, não sei se não foi melhor assim, é certo que Belinha me foi arrancada dos braços e não sei nem se ainda estará viva na mão daqueles humanos desprezíveis, mas ficar, para ela também não seria uma opção. Eu fiquei, eu sei do que falo.

Ouço barulho de uma fechadura e me ajeito melhor nos lençóis. Após algum tempo a porta do pequeno quarto é aberta e ouço uma voz alta e firme.

- VISTA-SE- o olho- AGORA- respiro fundo e respondo.

- Sim senhor- me levanto sobre o seu olhar atento e volto a encara-lo.

- Eu disse agora, ou prefere que eu a castigue? Não me obrigue a tirar a farda, já está tudo pronto, não seria nada bom a ter que castigar aqui mesmo- arregalo os olhos mas sinceramente, nada mais me surpreende vindo destes homens.

- Sim senhor- me visto o mais rapidamente possível e me indireito como posso.

- Muito bem, eu e o resto dos soldados iremos treinar, ficará nos observando até o chefe a chamar, compreendido?- assinto- EU NÃO OUVI- ele aumenta o tom de voz.

- Sim senhor

- Pois bem, me siga- o sigo até ao lugar de treinos, um dos primeiros que conheci após começar todo este inferno.

Eu sobrevivo, eu sobrevivo, eu sobrevivo

Tento me metalizar ao máximo de isso todos os dias, mas sinceramente, sobreviver é algo complicado, muito, muito complicado.

Flashback On

Tudo estava escuro, eu estava escondida, mais precisamente de baixo da minha cama. Eu sei que não é o melhor esconderijo de sempre mas foi o que deu para fazer após ouvir o barulho alto de tiros e gritos de socorro por parte dos que ficaram.

Eu fiquei...

Pelo barulho eram muitos homens, eles queriam mais terras, mais poder, mais submissos e a cima de tudo, eles tinham sede.

Sede de matar todos aqueles que não eram dos seus.

Olhei para o lado e vi uma boneca de belinha jogada no chão, sorri ao relembrar dela mas logo esse sorriso sumiu após lembrar de como ela me foi arrancada dos braços.

Ouvi barulho de prentences caindo no chão, não havia mais tempo, eles estavam próximos, eu tinha que fugir. Sai de baixo da minha cama e peguei a pequena boneca, ela pode me ser útil, eu acredito que sim. Respirei fundo antes de pensar num próximo passo, mas pensar não é algo que se faça nesta situação, certo? Acho que não, apenas corri, sai de casa, aquela casa que me acolheu por estes 18 anos.

No chão encontravam-se corpos, muitos já sem vida, outros prestes a morrer. A maioria eram homens, os únicos que ficaram. Mas eu fiquei, eu estava sozinha, eu tinha que ficar. Ouvi mais barulhos de armas e corri, corri o mais rápido que as minhas pernas me permitiram, foi o necessário, mas não o suficiente, eles acharam-me. Jurei que estava prestes a ser morta, fechei os olhos com força e me deixei levar, a brisa suave batendo sobre o meu rosto me causava arrepios. Mas a morte não é assim certo? Eu não morri, eu estava viva, eu sobrevivi.

Voltei a abrir os olhos e vi que estava num lugar mais escondido, apesar de não ter andado eu me tinha escondido... Nada mais me surpreende, nada mais. Voltei a ouvir passos e vi de relance um cabelo loiro e um chapéu camufelado, mas rapidamente tudo sumiu.

Eu precisava sair dali...

Voltei a correr o mais rápido que pude, corri e corri, já estava muito longe da minha casa, longe dos corpos, longe do meu antigo lar, longe daqueles que assacinaram a minha mãe e "esperemos", longe daqueles que me querem matar.

Sentei para respirar um pouco, fazia no mínimo três hora que estava correndo sem descanso algum. A adrenalina confere-nos poderes extraordinários. Mas agora estava exausta, necessitava parar um pouco e logo voltar a correr para mais longe ainda. Fechei os olhos respirando fundo.

- CHEFE, ACHEI ALGO- ouvi uma voz próxima de mais e abri os olhos sobressaltada.

- Não temos tempo para isso agora James, vamos, temos carregamentos para fazer, eles estão perto, não queremos mais soldados mortos por aqui- O suposto chefe falou um pouco mais longe, não consegui ver a cara de nenhum deles ainda. Apenas me mantinha quieta esperando se esquecerem da minha existência.

Apenas sobrevivendo..

- Mas chefe, é uma pessoa, pode ser do Inimigo- ele falou e finalmente vi o seu rosto quando ele se aproximou me apontando uma arma á cabeça. Estou fodida.

- Mate-o, inimigos merecem morrer- falou simples o tal "chefe".

- É uma mulher senhor- ouvi um "oo" do outro lado e em seguida vi mais alguns soldados se aproximando.

- O que faz esta mulher aqui??? Estamos no meio do mato, como ela chegou aqui? Será espiã dos Sampaiers?- gelei ao escutar esse nome, foram eles que causaram tudo isto, eles mandaram matar a minha mãe e invadiram a minha casa e todas as outras que encontraram pela frente.

- Não- falei firme me levantando- eu fugi, eles roubaram-me tudo- o olhei esperando algum tipo de compaixão.

Continua...

Não esqueçam de votar se gostaram do capítulo e querem que eu escreva mais, beijinhos 💞.

A Sobrevivente / Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora