Cap 68

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P.O.V Any

Acordei com mais energia, os gêmeos acordaram como sempre durante a noite para mamar, mas não me sinto tão cansada como ontem.

- Olha quem tem a fraldinha limpinha e acabou de tomar um belo banho- Josh falou entrando com Oakley e Taytum no colo e as colocou na cama entre almofadas.

- Bom dia meus bens - sorri para as minhas filhas- e o Benji?- estranhei a ausência do terceiro.

- Está dormindo no quartinho deles- Josh explicou e eu sorri me levantando da cama.

- Hoje finalmente teremos os quatro juntos- sorri.

- Não sei como irei dar banho em Olívia, ela cabe perfeitamente na palma da minha mão. O medo de escorregar é grande- Josh falou apavorado. Contive o riso e o abracei calmamente.

- Não vai acontecer nada meu amor, Olívia logo estará em casa junto dos três irmãos e nós viveremos felizes os seis juntinhos- Sorri e vi Josh ficar um pouco desconfortável- Aconteceu algo Daddy?- perguntei preocupada.

- Não, preciso te contar uma coisa, mas fica para depois, agora vamos tomar um banho para começar o dia fresquinhos- senti o seu beijo na minha testa e o abracei fortemente.

- Obrigada por tudo meu amor- sorri o abraçando.

- Eu que tenho que agradecer por cinco presentes maravilhosos que me deste- Josh sorriu.

- Nós temos quatro filhos Josh- arquei uma sobrancelha.

- O seu amor é o meu maior presente- ele falou e depois iniciou um beijo intenso que mais uma vez foi interrompido por um choro inocente. Sorri olhando Taytum e logo a peguei para acalmar.

[......]

Eu estava ansiosa, faltava apenas alguns minutos para poder pegar a minha filha nos braços e a levar para casa. Mas algo me inquietava, a menina que chorava aos prantos na ala de pediatria. Fui até ao armário e abri a gaveta onde guardava os meus maiores tesouros, entre eles, a única coisa que consegui trazer da minha adorada casa onde tantos anos passei.

Peguei a boneca de belinha e passei o meu perfume, aquele que sempre usava quando nós estavamos juntas e sigo usando até agora. Coloquei num saquinho de presente e prendi com um agrafo para que não se soltasse. Depois desci as escadas para me encontrar com Josh.

- Está pronta meu amor?- Josh veio ao meu encontro me dando um selinho.

- Sim, podemos ir- fomos até ao carro.

- Any? Posso perguntar o que trazes dentro desse saco?- Josh me olhou curioso.

- A boneca- falei baixinho.

- Tens a certeza que estás pronta para isso meu amor? Eu sei o quanto amas essa boneca e o significado que ela tem para ti. Não quero que fiques mal ao a entregar para a menina, podemos parar em alguma loja e comprar uma outra boneca- Josh deu a opção mas eu neguei.

- Amor, eu tenho quase a certeza que era a voz de belinha. Ela chamava por mim e pela mãe, tem que ser ela- falei desesperada com lágrimas nos olhos. Eu sentia muito a falta da minha irmã, sempre, antes de dormir, dava um beijo na testa da pequena boneca, exatamente o que eu fazia com belinha quando lhe dava as boas noites ao final do dia.

- Pensei que ela não tinha sobrevivido- Josh falou.

- Belinha foi levada por pessoas de "bem"- falei um pouco irónica- eles queriam salvar todos os mais fracos antes dos sampaiers invadirem a pequena cidade- falei.

- Porque não foi com eles?- Josh questionou.

- Eu não podia, eu tinha que ficar e sobreviver. Mesmo que eu fosse, não poderia ficar junto de Belinha, ela foi levada antes, supostamente para sua segurança, mas eu não confio naquelas pessoas, eles mataram a minha mãe alegando ter más energias. Eles são mostros, acabaram com a minha família- neste momento eu já soluçava de tanto chorar, mas fazia-me bem contar isto a alguém. Josh sabia apenas parte da história.

- Se ela estiver viva, nós vamos a encontrar meu amor- Josh falou convicto e sorri para ele em meio de lágrimas.

Chegamos no hospital e fomos diretos para a sala dos bebés prematuros. Quando chegamos lá, uma enfermeira já estava a cuidar de Olívia, acho que a limpar a fralda, sorri ao ver que não era Leonor.

- Viemos buscar Olívia Soares Beauchamp por favor- Josh falou para a enfermeira que sorriu pegando a pequena.

- Vou apenas limpar a cola que restou no seu corpo e depois ela terá alta- ela sorriu.

- Cola?- Josh arqueou uma sobrancelha e a enfermeira riu da sua pergunta inocente.

- A cola dos pensos que seguravam os fios que Olívia tinha conectado no corpo. Nada demais, é só para não acumular sujeira- a enfermeira acabou de trocar Olívia e a colocou o colo do pai. Josh parecia encantado pegando na filha mais nova.

Depois que recebemos a certidão de nascimento e as papeladas do internamento de Olívia, fomos até á ala de pediatria procurar a Melanie.

- Á minha procura?- Melanie apareceu por trás nos assustando.

- Sim- falei recuperando do susto e ela riu baixinho.

- Eu vou só trocar a bata, acabei de sair de um bloco cirúrgico, esperem aqui que eu já venho- Mélanie seguiu pelo corredor até deixarmos de a conseguir ver.

Ouvi mais uma vez os gritos da menina. Ela implorava por alguém, eu necessitava de a ver. Tinha quase a certeza que era Belinha, tinha que ser ela.

- A MINHA MÃE, POR FAVOR, EU PRECISO DA MINHA IRMÃ. NÃO ME ABANDONEM, EU NÃO QUERO VOLTAR. A CASA NÃO É O MEU LAR, QUERO A MINHA MÃE- a menina chorava e gritava aos berros. Comecei a andar em direção ao som.

- Any, Melanie pediu para esperarmos aqui- Josh segurou a minha mão, mas o ignorei e continuei a caminhar.

Quando cheguei á porta da sala de onde vinha o som, não pensei duas vezes antes de abrir. Quando coloquei a mão na massaneta para finalmente abrir a porta, Melanie apareceu.

- Então a mocinha já está aí- Melanie negou com a cabeça- Eu não pedi que esperasses lá na entrada?- Ela arqueou uma sobrancelha.

- Desculpe, eu precisava mesmo entrar- me desculpei.

- Eu não posso te deixar entrar, eu peço imensas desculpas Any- ela sorriu triste me puxando de volta para junto de Olívia e Josh.

- Pode ao menos entregar este presente para ela?- perguntei com lágrimas nos olhos.

- Claro, esperem aqui um pouco, eu irei dar o presente, depois volto aqui e conto a reação da criança. Eu sinto muito por não poder ajudar mais, mas é o meu trabalho e não posso ser despedida- Concordei triste.

Melanie já tinha saido á algum tempo com o saco e até agora não tinha voltado. Quando já estava quase a desistir e a voltar para casa, ouvi mais um grito da menina.

- MINHA IRMÃ ESTÁ VIVA- a pequena chorava, mas desta vez não parecia desesperava, eram lágrimas de felicidade- ANY, POR FAVOR, NÃO ME DEIXES- ela gritava.

Eu não esperei mais tempo, corri como as minhas pernas me permitiam. Ignorei os gritos dos enfermeiros e de Josh atrás de mim. Melanie tentou me advertir na entrada da porta, mas não dei ouvidos, apenas entrei e encarei a menina na sua cama de hospital.

- Minha irmã, eu senti tanta saudades. Belinha meu amor- corri para os seus braços e a abracei.

- Any, você sobreviveu- Belinha chorava nos meus braços.

A Sobrevivente / Beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora