P.O.V Any
- Como vamos fazer uma cesariana de emergência aqui? Temos linha e agulha caso algum soldado seja atingido por um tiro, mas seria muito arriscado- Josh falou limpando o suor do meu rosto com carinho. Eu apenas olhava para todos temendo a minha vida... E pior, temendo a vida da pequena Olívia.
- Senão fizermos algo agora, arriscamos que Any e o bebê não sobrevivam... Mas ao fazer a Cesária de emergência, também tem todos esses riscos, mas o bebê teria mais chances de sobreviver- Falou Alex.
- E Any?- Josh perguntou segurando a minha mão.
- Ela pode perder muito sangue, não estamos num bloco operatório, e eu não sou experiente- ele falou respirando fundo.
- Baby- Josh olhou nos meus olhos com uma lágrima no rosto. Apressei-me a limpa-la com carinho. Apesar da dor que sentia, a dor de nunca mais poder olhar para aqueles lindos olhos azuis era maior. Não queria que a última vez que eu visse os olhos do meu grande e único amor, fosse com eles vermelhos e cheios de lágrimas.
- Eu quero que Olívia fique bem, vamos fazer a Cesária- Falei respirando fundo. Antes de tudo, olhei com atenção para os meus outros três filhos, eu os amava tanto, mesmo nunca os ter tocado.
- Tem certeza?- Josh perguntou apertando a minha mão e limpou as minhas lágrimas.
- Sim
- Tem algum remédio que Any possa tomar para alivar a dor? - Alex falou começando a marcar a minha barriga com a caneta de Heyoon. Afinal a caneta sempre deu jeito.
- Tem um remédio para dor, e tem uma anestesia local, mas é fraca, apenas para casos de tiro ligeiro enquanto não se chega ao hospital- Bailey falou pegando do kit médico. Felizmente ficamos fechados numa sala de segurança e não num barracão de pólvora abandonado.
- Vai ter que servir- Alex pegou no remédio e deu-me. Tomei. Josh passou a anestesia sobre a minha barriga, era fraca, eu ainda sentia quando tocavam na minha barriga, mas causava um leve formigueiro que aliviava a dor de certa forma.
Apertei a mão de Josh quando vi que Alex iria aproximar a faca afiada da minha barriga.
- Já fez alguma Cesária?- Josh perguntou com medo.
- Fiz três como médico ajudante, eu ainda não sou formado, apenas um estudando- Alex esclareceu começando a cortar. Eu apenas mordia o pano da camisa de Josh para não gritar de dor.
- APANHAMOS O PEDRO!- Noah gritou ao entrar na sala. Assim que me viu no chão, Noah ficou muito pálido. Eu estava deitada no chão, com muito sangue por todo o lado, e tinha um homem com a farda dos sampaiers cortando a minha barriga.
- O QUE ESTÁ A ACONTECER AQUI? ELE TE MACHUCOU?- Noah ia bater em Alex, mas Bailey o impediu e foi explicar a situação para ele.
Os dois sairam da sala, provavelmente foram buscar algo em casa para aquecer Benjamim, Oakley e Taytum.
- Agora temos que retirar o bebê, se tentarmos chegar ao hospital deste jeito, nenhuma delas sobrevive na viagem- Alex falou sincero. Engoli seco tentando ser o mais forte possível. Todos na sala tentavam desviar a imagem, afinal, não deve ser algo agradável de se ver, eu própria fixo o meu olhar apenas em Beauchamp. Ele me acalma.
- Já vejo Olívia- Josh falou observando a minha barriga. Não tive coragem de olhar.
- Realmente o cordão umbilical estava quase enrolado. Se tivéssemos demorado mais algum tempo, ela teria morrido sufocada- Alex falou começando a retirar o bebê. O buraco que ele tinha aberto, não era grande o suficiente para ela passar, e quando mais ele forçava, mais doía para mim. Mas eu tinha que ser forte, pela minha filha.
- Any, Any- Josh falava para mim, eu apenas tentava forcar o meu olhar no dele, mas aos poucos, a minha visão ia embaçando.
- Olívia- Ouvi Josh falar e depois consegui escutar um barulho de choro. A minha filha tinha nascido. Tentei abrir os olhos para a ver, mas eu não tinha forças. Acabei apagando.
[......]
- OS CARROS FORAM INCENDIADOS- ouvi um grito de Josh. Consegui abrir os olhos e vi que estavamos na rua, de frente para a nossa casa. Josh estava comigo no colo, eu estava coberta por um lençol que estava manchado de sangue. Me desesperei ao não ver nenhum dos meus filhos, mas logo ouvi um choro familiar, eles estavam por perto.
- ENTREM NO CARRO, NÃO TEMOS TEMPO A PERDER- uma voz reconhecida falou, mas não tive tempo de ver quem era, apenas apaguei mais uma vez.
[......]
Acordei numa cama de hospital, olhei em volta, não tinha ninguém. Toquei na minha barriga, e a mesma estava muito dolorida. Eu estava com uma visão abafada, muito fraca e as não estava a sentir as minhas pernas. Será que recebi uma epidoral?
- Meu amor, eu nem acreditei quando o médico falou que você acordou- Ouvi Sina entrar no quarto aos prantos. Sorri levemente ao ver a loira.
- O Josh?- Falei com uma voz fraca.
- Quando chegas-te aqui, os médicos disseram que não sabiam se irias sobreviver. Disseram que as chances eram pequenas porque o sangue perdido era muito- engoli seco- Josh ficou muito nervoso, ele não parava de dizer que a vida sem ti não fazia sentido. Ele disse que morreria junto e que não seria capaz de cuidar dos filhos sem você. Ele estava desesperado. Antes que ele comete-se alguma loucura, uma enfermeira deu-lhe um calmante e ele está numa sala separada a repousar. Os quadrigemios estão com ele, apenas Olívia está internada e depois precisará ir para uma incubadora- Sina explicou.
- Mas ela está bem? - Falei preocupada.
- Os médicos disseram que apesar dela estar na UTI, em breve poderá sair de lá. Talvez amanhã já não precise de lá estar- Sina explicou e eu fiquei mais aliviada
- Como chegamos aqui? Eu ouvi Josh falar que os nossos carros foram incendiados- estranhei.
- Estavas acordada nesse momento? - assenti- Na verdade, todos os nossos carros arderam, foram os Sampaiers, eles não queriam que nós fugissemos por nenhum meio. Quem te trouxe a ti, a Josh e aos gêmeos, foi Lamar. Ele apareceu na hora e se não fosse ele, eu não sei o que teria acontecido- Sina esclareceu- Depois o resto das pessoas vieram num carro que krystian nos emprestou, mas demoramos mais algum tempo.
- Faz tempo que cheguei aqui?- perguntei sem noção de horas.
- Você chegou ontem no final da tarde, hoje já são dez da manhã- ela falou.
- Eu perdi o primeiro dia de vida dos meus filhos- Falei com lágrimas nos olhos.
- Mas poderá aproveitar todos os outros dias ao lado deles meu bem- Sina fez carinho no meu rosto. Sorri.
- Um passarinho disse que a minha baby acordou- Falou uma voz conhecida da porta.
- Daddy- Falei chorando. Eu queria me levantar e o abraçar, mas não podia, nem conseguia.
- Eu vou vos deixar a sós- Sina falou saindo do pequeno quarto.
- Meu amor- Josh veio até mim, ele tinha um dos nossos filhos no colo.
- Pensei que a última vez que veria os seus olhos, seria naquela sala escura e fria- Falei contendo o choro.
- Não meu amor, és uma sobrevivente, por mais que eu estivesse com medo, no fundo eu sabia que irias conseguir. - Ele falou tirando algumas mexas de cabelo do meu rosto.
- Sina disse que não paravas de dizer coisas idiotas- acusei.
- Eu sei baby, eu fui um mau Daddy, depois poderá me castigar. Mas sabe? A ideia de um mundo sem você, me assusta. Eu não sei se aguentaria.- ele suspirou. Decidi mudar de assunto.
- Posso ver?- perguntei me referindo ao bebê que estava no seu colo.
- Claro- Josh mostrou o rosto do pequeno bebezinho.
- É o Benjamin- Falei com uma lágrima nos olhos- Olá filho, a mamã te ama muito campeão- Falei chorando, era a primeira vez que o via de tão perto.
- Ele também te ama meu amor- Sorri em meio de lágrimas.
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A Sobrevivente / Beauany
FanfictionAny tinha toda uma vida pela frente quando com apenas 18 anos de idade, perdeu tudo o que tinha e foi obrigada a suportar a vida cruel de servir soldados e os seus desejos sexuais. Tudo na sua vida parecia estar perdido até que conheceu um soldado...