KAROL
— Ele pega a calça.
Um medo recai sobre mim, medo de que ele fuja depois de
saber essas coisas. Talvez ele não queira estar metido em uma
possível briga.
— Mas você disse que…
— Eu não vou te abandonar, se é disso que tem medo.
Me levanto rápido, vou para perto dele e abraço sua cintura.
— Por favor, fique — imploro. — Não saia agora. Você não faz
ideia de como precisei juntar coragem para te contar tudo isso.
Ele devolve meu abraço, beija o alto da minha cabeça e, com a
voz meio trêmula, diz:
— Fique calma. Nada vai te acontecer. Eu mesmo vou me
certificar que seu bebê esteja seguro.
Olho para cima e me deparo com um olhar frio, os olhos
gelados. Isso não pode ser impressão. O nervo no maxilar dele pulsa,
e os lábios estão meio espremidos, quase em uma linha fina, como se
estivesse com raiva, muita raiva. E eu agradeço por ele estar sentido
isso, por tomar minhas dores. Tenho certeza que Heitor está furioso
com o tal cara, pai do Bernardo.
Ele tenta sorrir, mas ainda está tenso.
— Heitor, está tudo bem. Não precisa ficar com essa cara de
bravo por causa de um imbecil que a gente nem conhece. Ele não
pode tirar meu filho de mim, de nenhuma maneira — tento acalmá-lo.
Mesmo assim, os olhos dele ainda se iluminam de raiva.
— Fique tranquila. Eu já te encontrei, você está segura agora.
— Obrigada, Heitor. — Volto a deitar a cabeça no peito dele. —
Obrigada. Tenho certeza de que foi o destino que te colocou na
minha vida.
— eu também tenho, foi tudo um plano do destinoRuggero
CAPÍTULO NOVE
Davi
Há uma passagem na Bíblia sobre um homem que perseguia
cristãos e que, certo dia, recebe Cristo sobre ele em uma forte luz
fazendo com que ele enxergasse a verdade. Esse momento ficou
conhecido como a Epifania de Paulo no caminho de Damasco.
Eu não sou muito religioso, mas até os doze anos, minha mãe
arrastou mike e eu para a Igreja, ao menos nos domingos de manhã.
Essa parte foi a que mais me marcou por causa das escamas nos
olhos do cara. Depois de tantos anos, eu lembrei dessa passagem
novamente.
Epifania, essa é a palavra que preciso para explicar o que estou
sentindo. Eu acabei de ter uma compreensão, minha visão foi aberta.
Eu fiquei aflito e sem ar quando algo forte e supremo me tocou e me
fez enxergar a verdade.
Olho para karol ao meu lado, indiferente à minha
desconcertante análise, só preocupa-se em alimentar Bernardo no
seu colo. Não tem como essa mulher ser um embuste, mas tem como
ela ser uma tola facilmente manipulável. Karol foi criada de forma
restrita a tudo, por isso o comportamento inocente que tem hoje. A
princípio, eu achava que ninguém poderia ser tão correta, mas agora
sei que existe, e a culpa de tudo é de Carolina .
Na hora em que karol me contou toda a verdade hoje pela
manhã, eu levantei tenso de ódio, não por ela, mas por causa de tudo
o que a irmã a fez pensar sobre mim. Por isso karol tem esse
medo terrível do pai de Bernardo, por isso ela não me contatou, por
isso ela vive amedrontada e escondida, protegida por um banana.Agora, depois de descobrir isso, me deixei levar pelo meu
desejo, pela minha vontade de estar perto dela, sem medo algum de
estar sendo enganado. Karol me contou a verdade sobre o filho
entre lágrimas, e eu me senti terrível porque logo, logo ela vai
descobrir que eu não sou quem ela pensa. Por mais que doa, serei
mais um a enganá-la.
Vou dar um exemplo para você saber a dimensão da culpa que
sinto: pense em um filhote de alguma coisa, bonitinho e fofinho.
Pensou? Agora, eu estou acariciando esse filhotinho, fazendo-o
confiar em mim, então ele começa a me seguir todo empolgado e se
enrola nas minhas pernas, me adorando. Mas, no fim do caminho, eu
o empurro para a boca de um pit-bull faminto. Cruel, não é?
Quanto à karol , só não haverá o pit-bull faminto no final, mas
ela vai descobrir que o cara maneiro, atencioso e romântico não
passa de um executivo que planejou encurralá-la. Como será que ela
vai reagir quando descobrir que transou justamente com o homem
que mais a amedronta?
— Meu Deus! Esse menino vai explodir. Não para de comer! —
ela fala, e eu volto para a realidade. Estamos sentados no chão da
cozinha de karol , recostados atrás do balcão. Já é noite, e ela está
com um prato de comida amassadinha na mão, alimentando
Bernardo. Eu estou por perto apenas para ficar perto.
— Ma-mã! — Bernardo grita quando karol tenta afastar o
prato.
Um sorriso involuntário surge em minha face. É uma cena
maravilhosa eles dois juntos. Ambos são muito apegados, e karol
protegeu meu filho quando Carolina queria abortá-lo. Não há, no
mundo, uma mãe melhor para ele. Que Deus me perdoe por um dia
eu ter pensado em separá-los.
— Filho, você vai virar um elefantinho. Que guloso. — Ela tenta
fazê-lo compreender, mas Bernardo ainda continua fazendo birra para
ganhar mais.
— Heitor, faça alguma coisa. Leve-o para se distrair.
— Venha aqui, comilão. — Eu o pego no colo, e Bernardo
começa a me chutar e espernear. Deixo karol na cozinha e o levo
para a sala. — Não! Fique quietinho. Já é noite, não pode comer
tanto.
— Ba-bá! — ele grita batendo no meu rosto.
Eu paro petrificado. A pronúncia foi como se ele quisesse falar
“papa”. Bernardo continua gritando, mas o que ele fala agora é
indecifrável. Será possível? Ele é muito esperto, e eu já pedi que
falasse papai algumas vezes. Será que já está aprendendo?
— Ei, garotão, olhe para mim. — Suspendo-o no ar, segurando
debaixo dos braços dele, de frente para mim.
— Non babá! — ele grita, confirmando o que eu já suspeitava.
Sim, ele está falando comigo. Karol vem da cozinha correndo.
— Me dá ele, Heitor. — Eu o entrego, e karol balança ele com
jeito, aninhado em seus braços. — Desde a semana passada ele está
enjoado. Acho que é por causa dos dentinhos nascendo — ela
explica. — Pegue, naquela bolsa, uma chupeta e lave-a para mim,
por favor — ela pede, e eu faço imediatamente. Assim que entrego,
Karol continua — Não queria que ele se acostumasse com
chupetas, mas acho que isso vai deixá-lo mais calmo.
Ela senta com Bernardo em uma poltrona reclinável, e ele
parece começar a ficar calmo, enquanto enrola os dedinhos em um
cacho do cabelo dela. Me jogo no sofá e ligo a TV
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Minha perdição (Terminada )
Fanfickarol depois da morte de seu marido se fecha pro mundo decidi ser melhor seguir sua vida sozinha foca agora em criar o filho de sua irmã ruggero é um sedutor cafajeste incorrigível dono de uma empresa na zone sul da cidade nunca perdoa um rabo...