KAROL
— Então quer dizer que agora ele sente ciúmes do Bernardo? — Sergio pergunta,
incrédulo.
Já que ele me cativou amigavelmente, decidi não contar mais nada da minha vida
para Sophia. Eu percebi que, mesmo ela se fazendo de boazinha, ainda tem um fundo de
maldade. Entretanto, eu preciso de alguém que me ouça, que não tenha nada a ver com
essa história.
Ele conhece Carolina , eu sei, mas é carta fora do baralho. Contei para Sérgio sobre
algumas coisas por alto, e ele está sendo solícito, me ouvindo e dando conselhos.
— Pois é. Vai entender — respondo dando de ombros.
— E você acredita no amor dele? Do Ruggero?
Essa é uma pergunta que eu mesma me faço sempre. E, no fim, acabo aceitando.
— Sim, por mais que eu odeie isso, eu acredito. Eu acho que, se ele não sentisse
nada por mim, já tinha encontrado um jeito de me chutar. Como ele mesmo confessou.
Sérgio pigarreia, passa a mão no cavanhaque e meneia a cabeça.
— Mas talvez ele esteja com você porque não pode pedir o divórcio sem um motivo.
— Pois é, eu pensei nisso. Mas se ele estivesse sendo forçado a ficar comigo, ele
não tentaria me conquistar, ser gentil e romântico. Ele apenas me evitaria.
— Karol , ele não pode ficar com outras mulheres, tem que fazer sexo só com você.
Já pensou que seu marido pode estar tentando te conquistar só para não perder o sexo?
Limpo meus lábios, empurro o prato e olho curiosa para Sérgio.
— Não. Sinceramente, eu não tinha pensado nisso. Mesmo assim, não acredito nessa
hipótese. Desde ontem, depois da noite maravilhosa que tivemos, eu decidi pegar leve com
ele. Não vou mais dar ouvidos à minha irmã. Ela quer se vingar do Ruggero e quer me usar
como arma. Estou descobrindo que o casamento pode ser muito bom, gostamos um do
outro e isso é o que basta.
— Então está meio que… se reconciliando com ele?
— Não sei, Sérgio. Eu preciso de mais tempo. Ruggero tem que me mostrar mais do que
simples ações.
— Ela, Carolina , sabe que você e Ruggero … estão quase se reconciliando?
Desvio o olhar de Sérgio. Isso que vou falar é segredo de estado. Nem Carolina , muito
menos Ruggero, deve saber sobre meus sentimentos. Ainda bem que escolho alguém bem
alheio a tudo para desabafar.
— Não. Eu vou deixar Carolina achando que estou brigada com ele. Não vou contar
que eu decidi abrandar a situação. — Abro a boca para continuar, paro, penso um pouco e continuo, agora em tom de confissão: — Independente do que Ruggero seja, eu o amo. Ele
está sendo legal comigo e com Beni. Não vou tomar partido por causa da minha irmã. —
Olho minha aliança e sorrio. — quero meu casamento. Estou certa disso.
— Não é tomar partido, karol , ele te enganou.
Levanto os olhos para Sérgio.
— Sim, enganou, mas o que mais de ruim ele fez comigo desde que me conheceu?
Nada. Ruggero só mentiu sobre a identidade, entretanto, desde o primeiro dia só tem feito
coisas boas. Eu até cheguei tarde da noite em casa, o que seria motivo para qualquer
homem fazer um escândalo, mas, mesmo assim, ele engoliu e digeriu sozinho.
— Tente outra vez.
— O quê?
— Tente ficar mais uma noite fora.
— Pra quê?
Sérgio se inclina para frente e, com um ar atencioso, fala:
— Pense comigo: ele pode ter fingido não se importar só para você acreditar que ele
é o melhor homem do mundo. Tire a teima. Fique fora por mais uma noite e, se ele tornar a
engolir, então ele te ama verdadeiramente.
Me calo. Estou sem fala. Ele continua me olhando interessado.
— Eu não sei. Estamos bem, não quero… — começo a dizer meio gaguejando,
buscando argumentos.
— Olha, eu não tenho nada a ver com essa história. Conheço sua irmã, mas nosso
relacionamento se restringe ao âmbito puramente profissional. Estou dando uma opinião
como homem e amigo. Faça isso para testá-lo.
Abaixo a cabeça. Na minha mente aparece Ruggero sorrindo feliz hoje pela manhã e
ontem quando deitamos nos braços um do outro…
Eu quero pensar em algo por conta própria, mas, até agora, estou fazendo tudo o
que as pessoas falam para eu fazer. Carolina , toda mandona, me dá ordens; valu e as
amigas me dão dicas; depois Carolina de novo, pelo telefone toda discreta; e agora Sérgio.
Não. Não irei fazer isso. Ignorar Ruggero dentro de casa será o suficiente para fazê-lo
rastejar. Não contarei a Sérgio se concordo ou não com ele. Eu só queria um ouvido para
desabafar, não conselhos sobre o que devo fazer.
— Vou pensar sobre isso.
— Faça o seguinte, não precisa ficar até tarde, apenas vá ao apartamento de Carolina ,
podemos nos encontrar lá, conversar um pouco e você vai embora. Apenas saia hoje à
noite para ver se ele vai se importar. — ele torna a falar. E eu acabo assentindo dizendo
que vou ligar para ele caso decida.
Eu me despeço e vou embora. Ainda bem que trabalho só meio período.
Vou até a antessala de Sérgio, pego minha bolsa e praticamente corro para o
elevador.
Estou louca de saudades do meu pequeno garoto.
E do grande garoto também. Meu inconsciente fala, me lembrando de RuggeroNão. Não estou com saudades dele. Tento me convencer, mas já estou sorrindo
sozinha só em pensar em reencontrar com ele.
Carolina
Logo depois
Atendo o celular no segundo toque quando vejo Sergio me ligando.
— Estou na minha sala, e sua irmã decidiu deixar de lado a vingança. Disse que ama
o Ruggero e não vai mais tentar provocá-lo.
Puta da vida, prendo a respiração ao ouvir a notícia.
— Então agora preciso entrar com o plano B — Eu comando, tentando não perder a
calma.
— Já está tudo pronto. Eu a convenci a ir ao seu apartamento hoje à noite. Aproveite
que está no Brasil e faça tudo depressa, antes que Ruggero, ou um dos outros dois se
intrometam.
— Obrigada, Sérgio. Assim que o divórcio dela sair, eu quito todas as dívidas com o
dinheiro que karol vai ganhar do Ruggero.
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Minha perdição (Terminada )
Fanfickarol depois da morte de seu marido se fecha pro mundo decidi ser melhor seguir sua vida sozinha foca agora em criar o filho de sua irmã ruggero é um sedutor cafajeste incorrigível dono de uma empresa na zone sul da cidade nunca perdoa um rabo...